Fuste | A Quinta da Sr.ª Iracema
Estacionamos o nosso carro perto da capela de Santa Catarina e preparamo-nos para a nossa caminhada. Ainda mal tínhamos esticado as pernas quando surgiu à nossa frente, num terreno com duas medas de milho, uma mulher cuja nossa curiosidade nos levou a perguntar o que andava a fazer e, palavra-puxa-palavra, nos levou a conhecer a sua quinta e animais.
A mulher disse chamar-se Iracema Coelho. Com 59 anos de idade, nasceu e reside em Fuste, toda a vida trabalhou a terra, disse mesmo que se quisesse neste momento ir trabalhar para outro oficio duvida que conseguiria.
Quando a encontramos andava a tratar dos animais; tinha ido buscar uma maças para dar aos porcos. O campo onde estava a trabalhar antigamente era de renda, mas o pagamento variava com o que tiravam da terra; de tudo, davam metade ao senhorio. No entanto, essas rendas não chegavam para os patrões fazerem obras nas suas casas, já que eles também tinham as suas despesas com adubos e outros produtos. Como era difícil para todos os donos, deram-lhes ordens para cultivar sem qualquer pagamento, de forma a não deixar as terras a criar mato.
O seu marido também ajuda na lavoura, no tempo que lhe sobra de quando não está no seu trabalho na Associação Florestal de Arouca. Em alguns campos tiram milho, batata, hortaliça; acrescentando, com orgulho, que têm muito feijão e que noutros apenas erva para o gado.
Apontou as dificuldades de viverem naquele local e terem de se deslocar a Arouca para fazerem compras.
Não vivem muitas pessoas na sua aldeia. Disse ter emigrado muita malta nova e que “outros compraram casa lá em baixo na vila, porque é mais perto para irem para o trabalho. Aqui praticamente só ficaram os mais velhos”. Segundo a Iracema, neste lugar vivem cerca de 40/50 pessoas. Na aldeia há poucas crianças; apenas as suas netas e mais três ou quatro catraios que andam na escola primária e liceu.
À pergunta de como ocupam o tempo quando não estão a trabalhar na agricultura, rematou que quem trabalha na mesma tem sempre o que fazer; até ao Domingo, porque os animais têm que comer. Apesar disso, por vezes tiram tempo para irem a festas religiosas como a padroeira do lugar Santa Catarina, que se realiza no penúltimo domingo de agosto, ou a Feira das Colheitas, na sede do concelho.
A conversa levou-a a perceber o nosso gosto por estas lides e animais e, por isso, convidou-nos a visitar a sua quinta e a ver os animais.
Esta viagem foi sem dúvida marcada por histórias caninas. Aqui vamos contar já uma a outra devido à sua riqueza fica para outro artigo.
Depois de sairmos do terreno e contornarmos uma rua lá demos com a entrada da mesma e, mal a Senhora abriu a porta, surgiu o seu cão de nome “Kinder”. Com dois anos, é atualmente a sua companhia quando o homem está no ofício. Mas nem tudo foram rosas, já que ele tão depressa apareceu como desapareceu para o pátio interior, tendo a dona dito que devia ter ido buscar uma bola para a brincadeira. Assim, o cão, com a sua vontade de brincar, tornou difícil a estabilidade para a tomada de fotografias, mas lá fizemos o nosso trabalho; fotografa-lo é que já foi mais difícil. Apesar do trabalho, tiramos um bocadinho de tempo para brincar com o “Kinder”, tirando-lhe a bola à força da mandíbula e pontapeando-a para longe.
Regressando à narrativa, a mulher disse que o marido pôs ao porco o nome de “Tiago”. Com 180 quilos, fará um ano em dezembro. Além disso, conta com cinco ovelhas. Uma delas, a mais idosa, tem cerca de 13 anos, e para ter mais sossego está separada das outras no curral. Mas, se num primeiro momento as mais novas fugiram, regressaram passados uns momentos para, com um olhar alcoviteiro, ver o que o fotógrafo estava a fazer. Devido ao tamanho, a sua vaca “Cabanas” tem um curral particular. De raça arouquesa, possui 4 anos de idade. Há poucos meses, vendeu o filho dela. Noutra divisão do curral, estavam três cabras e um carneiro. Tem também patos, galinhas e perus, os quais se passeiam livremente pelo pátio. Os patos é que não se cansavam de grasnar; assim como os perus. Nós viemos alterar a rotina e eles parecem não ter apreciado.
Atualmente, Iracema vive com o marido e tem quatro filhos. O filho, com 20 anos, estuda em Coimbra. No que toca às filhas, uma vive em Arouca, outra em Fuste e a última na Suíça.
Mas, apesar de aqui o tempo correr mais devagar, tivemos que nos pôr ao caminho, já que tínhamos um trilho para fazer até Rio de Frades; lá deixamos a senhora acabar de alimentar os animais. Despedimo-nos para tristeza do cão, que entristeceu os olhos e deixou cair a bola da boca.
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Iracema Coelho
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