Cinquentenário da revista “REIS”
"É um prazer para o Museu de Ovar receber os membros da revista REIS, as pessoas que iniciaram este percurso que já vai em 50 anos”, disse Manuel Cleto, Diretor do Museu de Ovar, no "À PALAVRA", evento moderado pelo escritor vareiro Carlos Nuno Granja, que deu a conhecer em dezembro último algumas das muitas histórias saídas das páginas desta publicação que veio a lume em 1967 “e que, infelizmente, ainda é pouco conhecida pelos vareiros”, como fez questão de sublinhar o pároco de Ovar, padre Manuel Pires Bastos, autor das letras da JOC/LOC.
João Costa, um dos fundadores da "REIS", explicou como tudo começou: “A Trupe apareceu em 1959, já lá vão quase 60 anos, e a revista oito anos depois. Tivemos a ajuda preciosa de uma senhora que se chamava Maria Amélia Dias Simões, que estava ligada às trupes da terra. A revista surge como uma homenagem que quisemos prestar a essa senhora”, disse o reiseiro.
"É muito interessante que as capas do Emerenciano [na foto] sempre nos surpreendem e nos provocam reflexão. Quando vi esta capa tive uma reação que não foi muito agradável, mas, depois, ajudada pela Cristina Reis, que faz parte da equipa coordenadora, comecei realmente a aprofundar", revelou Maria Luísa Resende. Para a antiga professora, autora de muitas letras cantadas pelas trupes reiseiras, a capa do cinquentenário, “com figuras que nos parecem grotescas, têm uma leitura muito sugestiva. Devo dizer que a primeira leitura que eu fiz nos propunha a reflexão de dois temas, o da perplexidade e a violência dos tempos, e o outro tema o incómodo, a palavra, o grito, face ao que se passa na nossa sociedade e no mundo. O artista configura uma cara grande cuja boca anuncia o número 51 da revista, e esta cara tem um ar menos carregado, menos sombrio. Parece apontar alguma esperança alternativa, que a revista Reis continua a procurar. E ao falar da revista quero declarar-me profundamente grata aos meus colegas de equipa ao longo destes anos”.
Muitas foram as pessoas que ao longo destas cinco décadas participaram na feitura da “Reis”. Atualmente, a equipa é formada por Cristina Reis, Emerenciano, Fernando Pinto, João Costa, Joaquim Aurélio, Joaquim Fidalgo, José Pinto, Manuel Catalão, Manuel Pires Bastos e Maria Luísa Resende. Para além dos colaboradores da escrita e da imagem, dão o seu contributo Alcino Andrade, Álida Ferreira, António Cardoso, Carlos Sá, Cristina Leal, Lino Marreiros e Teresa Queirós.
Bruno Oliveira, presidente da União de Freguesias, parabenizou a revista e o Museu de Ovar, que também está em festa, e virando-se para a mesa onde se encontravam os palestrantes [Carlos Granja, M.ª Luísa Resende, João Costa e M. Pires Bastos, na foto], afirmou: “Já estamos habituados, por ocasião do Cantar os Reis, a sermos presenteados com esta obra que fala sobre as nossas tradições e os nossos costumes. Continuem com este trabalho magnífico. Podem contar com o nosso apoio”.
Domingos Silva, vice-presidente da Câmara Municipal de Ovar, também felicitou o Museu e a equipa da revista, confessando que é leitor da “Reis” há muito tempo, desde que tomou conhecimento da sua existência: “Todos os anos, mal a JOC ia para a rua, eu tentava ver onde é que estava a revista. De facto, é um documento da nossa história local muito importante, história não no sentido do passado, mas também no presente. É importante que nós saibamos valorizar aquilo que temos”, referiu o autarca, garantindo que a Câmara Municipal vai encontrar formas para conseguir divulgar a revista.
TEXTO e FOTO: Fernando Pinto