Barca d'Alva: Paraíso no Douro encerrado pela linha férrea Barca d’Alva, fica situada junto ao Rio Douro e Parque Natural do Douro Internacional, no Alto Douro. Pertence à freguesia de Escalhão - concelho de Figueira de Castelo Rodrigo e distrito da Guarda. Ondas da Serra

Barca d'Alva: Paraíso no Douro encerrado pela linha férrea

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Ao descermos a Barca d'Alva, pelas arribas do Douro, o nosso olhar não sabe onde se fixar, tantas são as belezas que Deus plantou no lugar. O vale por onde serpenteia o rio está coberto de socalcos vinhateiros que aqui fazem fronteira com Espanha. A sua beleza parece estar amaldiçoada, já foi próspera vila mandada arrasar no séc. XIII, por D. Sancho II, a despeito das suas terras tomadas pelo inimigo de Leão. Sobreviveu a aldeia, que conheceu algum progresso com a chegada no séc XIX, da linha férrea do Douro, que abriu as portas da Europa. No entanto a desdita persegue esta dama, porque já no séc XX, ditos representantes do povo a mandaram encerrar. Homens das artes aqui encontraram reflexão e escreveram romances inspirados pela sua rusticidade. Quem vê esta senhora não consegue atinar a má sorte que a persegue e reza para um dia a felicidade abarcar. Gostaríamos que um dia o comboio voltasse pelas suas encostas a apitar e se emendasse a mão do mau agravo permitido.

Barca d'Alva: um tesouro escondido no coração do Douro

Barca d'Alva - Rio Douro

Em finais de fevereiro 2023, fomos cumprir um sonho antigo, ver as amendoeiras em flor, fazendo o percurso pedestre PR14 - Rota das Amendoeiras. Este trilho circular tem início e fim na aldeia da Açoreira em Torre de Moncorvo. No dia seguinte fomos de automóvel continuar a desfrutar deste espetáculo primaveril, percorrendo a estrada EM325, que faz a ligação entre Torre de Moncorvo e Barca d’Alva, passando por Açoreira, Maçores e Ligares. Esta via percorre a Serra do Reboredo e ao chegar perto de Barca d’Alva, a paisagem abre-se para o deslumbrante Vale do Rio Douro e Alto Douro Vinhateiro.

Quando chegamos à aldeia, decorria uma pequena feira onde compramos vinho do porto caseiro e que fomos provar sentados em contemplação em frente do rio, com vista para a Ponte Almirante Sarmento Rodrigues. A paisagem que se estendia aos nossos olhos era de sonho, que agradecemos aos deuses fazendo uma libação, vertendo um pouco de vinho para a terra, como os antigos gregos.  

Ponte Almirante Sarmento Rodrigues - Barca d'Alva

No livro "A Cidade e as Serras", Eça de Queirós, pintor de palavras, narra a viagem maravilhosa pela antiga linha férrea do Douro, de Jacinto, entrando por Barca D´Alva e chegando à estação de Tormes Caldas de Aregos, onde o escritor ainda está sepultado. Com todo o seu talento e eloquência, perpetuou para sempre a beleza desta linha, emoldurada entre a serra e o rio. Agora os senhores de Lisboa querem levar o homem para a capital, ninguém quer saber da sua opinião ou direito ao sossego, querem tirar-lhe a magnífica vista e aprisioná-lo no panteão. A coisa vai para tribunal e se for chamado a depor porventura irá declarar, “Por minha vontade nego Lisboa, mas se assim me manietarem, nova morte me irá matar.” 

"Sacudi violentamente Jacinto: — Acorda, homem, que estás na tua terra! Ele desembrulhou os pés do meu paletó, cofiou o bigode, e veio sem pressa, à vidraça que eu abrira, conhecer a sua terra.
— Então é Portugal, hem?... Cheira bem. — Está claro que cheira bem, animal! A sineta tilintou languidamente. E o comboio deslizou, com descanso, como se passeasse para seu regalo sobre as duas fitas de aço, assobiando e gozando a beleza da terra e do céu..

O meu Príncipe alargava os braços, desolado: — E nem uma camisa, nem uma escova, nem uma gota de água-de-colónia!... Entro em Portugal, imundo!

— Na Régua há uma demora, temos tempo de chamar o Grilo, reaver os nossos confortos... Olha para o rio!

Rolávamos na vertente de uma serra, sobre penhascos que desabavam até largos socalcos cultivados de vinhedo. Em baixo, numa esplanada, branquejava uma casa nobre, de opulento repouso, com a capelinha muito caiada entre um laranjal maduro. Pelo rio, onde a água turva e tarda nem se quebrava contra as rochas, descia, com a vela cheia, um barco lento carregado de pipas. Para além, outros socalcos, de um verde pálido de reseda, com oliveiras apoucadas pela amplidão dos montes, subiam até outras penedias que se embebiam, todas brancas e assoalhadas, na fina abundância do azul. Jacinto acariciava os pêlos corredios do bigode:

Nota: Enxerto do livro "A Cidade e as Serras", onde Jacinto faz uma viagem de comboio entre França e Portugal e entrou na pátria lusa pela fronteira de Barca d'Alva. 

Pode ler esta reportagem na totalidade ou clicar no título abaixo inserido para um assunto específico:

  1. Barca d'Alva caracterização
    1. Descrição de Barca d'Alva
    2. Localização de Barca d'Alva
    3. Mapa de Barca d'Alva
    4. História de Barca d'Alva
    5. Barca d'Alva território com fragilidades
  2. Linha férrea do Douro
    1. Construção da linha férrea do Douro
    2. Linha férrea do Douro e abandonada gera revolta
    3. História da construção da linha férrea do Douro: 26 túneis e 30 pontes
    4. Encerramento de dois troços da linha férrea do Douro
    5. Troços encerrados: Barca D’Alva e La Fuente de San Esteban e Pocinho e Barca D’Alva
    6. Estações da linha férrea do Douro encerrada: Pocinho > Barca d'Alva
    7. Linha do Douro encerrada com património de 27,9 km esquecido e abandonado
    8. Antiga Estação de Barca d'Alva na linha do Douro encerrada
    9. Painel de azulejos em Barca d'Alva lamenta o encerramento da linha do Douro
    10. Reabertura do troço da linha do Douro encerrada
  3. Personalidades das artes em Barca d'Alva
    1. Agostinho da Silva - Um homem que não se vergava
    2. Infância de Agostinho da Silva em Barca d'Alva
    3. Guerra Junqueiro - Escritor realista
  4. Rio Douro em Barca D'Alva
    1. Descrição do Rio Douro
    2. De Barca de Alva à Foz do Rio Douro no Porto – O Douro navegável
  5. O que visitar em Barca D'Alva
    1. Património natural, arquitetónico e imaterial de Barca d'Alva
      1. Património natural de Barca d'Alva
      2. Património arquitetónico de Barca d'Alva
      3. Festas e romarias de Barca d’Alva
  6. Conclusão e despedida de Barca d'Alva

Barca d'Alva caracterização

Descrição de Barca d'Alva

"O lugar paradisíaco de Barca d’Alva fica situado em pleno Parque Natural do Douro Internacional, onde começa a navegabilidade do Rio Douro e onde o Rio Águeda se encontra com o Douro. Terra de encantos e magia, com encostas íngremes repletas de olivais, amendoais e vinhedos.

É no início da Primavera que os campos desta terra ficam ainda mais belos, oferecem aos nossos olhos uma beleza de estonteante cromatismo com o florescer da Amendoeira. Barca d’Alva é uma aldeia em desenvolvimento, do património faz parte um magnífico cais Turístico fluvial, um ex – libris deste Concelho, é hoje um ponto de referência e de paragem obrigatória para quem viaja por este Rio Douro.

É em Barca d’Alva que se localiza a Plataforma de Ciência Aberta, um projeto estruturante não só para o nosso Concelho, mas também para o distrito. É um projeto, que na sua génese foi apelidado de observatório de astronomia, é “inovador” a nível nacional e trará “valor acrescentado” em “termos educacionais”, porque o seu objetivo é, de uma forma lúdica, “criar o gosto pela ciência” junto dos jovens. O projeto está direcionado para os alunos das escolas e também para a investigação internacional, pois a ele estão associados “investigadores de renome."1 

"Barca d’Alva desenvolveu-se com a construção da Linha do Douro no século XIX e consequente ligação ferroviária a Espanha (estação da Fregeneda) que permitia uma ligação ao resto da Europa. A estação fronteiriça de Barca D’Alva tinha para além das funções normais um posto aduaneiro, guarda fiscal e um hotel.

Em 1988 a estação ferroviária foi desativada, bem como a ligação ferroviária a Espanha.

Os terrenos em redor de Barca D’Alva são muito ricos em atividades agrícolas, com culturas como olivais, vinhas e amendoais.

Barca D’Alva é desde a construção do seu cais fluvial um ponto de paragem dos Cruzeiros do Douro sendo o limite do canal de navegação do Douro. É uma região com paisagens muito bonitas, estando inserida no Parque Natural do Douro Internacional e que também é conhecida pelas Amendoeiras em Flor."2

Localização de Barca d'Alva

Barca d’Alva é uma aldeia situada num bonito vale na margem esquerda do Rio Douro, na passagem da Beira Alta para Trás-os-Montes, no Alto Douro, pertencente à freguesia de Escalhão, Município de Figueira de Castelo Rodrigo, situada no Norte do distrito da Guarda, e inserida no Parque Natural do Douro Internacional. Junto à aldeia situa-se a fronteira com Espanha, aqui definida pelo curso dos rios Águeda e Douro. Barca d’Alva nasceu.

Mapa de Barca d'Alva

Mapa de Barca d'Alva

História de Barca d'Alva

"A povoação historica de Alva, ou Alvia, da qual ainda podem ver-se algumas ruinas da muralha e castello, acha-se situada a pequena distancia da margem direita do Douro. Sendo alli um ponto importante de passagem do rio , foi esta a origem do nome actual de Barca de Alva. Alli foi villa e séde de concelho até 1240, quando, sob o reinado de D. Sancho II , ella se entregou aos leonezes , os quaes, senhores então dos terrenos fronteiros na margem esquerda, como vimos no capitulo anterior, se vinham em constantes correrias apoderando de muitos logares e terras nos districtos da fronteira, cerceando assim os dominios da corôa portugueza, que a politica branda de D. Sancho II era impotente para defender. Em castigo d'essa felonia foi mais tarde, por ordem d'aquelle monarcha, mandada arrazar a villa , que ficou reduzida a simples aldeia; passando todos os seus fóros e privilegios , conjunctamente com o castello de Urros, para Freixo de Espada á Cinta, que desde então passou a ser villa e cabeça de concelho."20 (Cabral, 1895)

Barca d'Alva território com fragilidades

"Diz-se que quando um galo canta em Barca d'Alva é ouvido em três distritos e dois países. A ponte Sarmento Rodrigues une Bragança e Guarda e La Fregeneda, na província de Salamanca, encontra-se ali ao lado. Situada num vale na margem esquerda do Rio Douro, Barca d'Alva fica junto à raia definida a leste pelo Rio Águeda. Esta aldeia, determina o limite do Douro navegável em território português. Barca d'Alva, pertencendo ao concelho de Figueira Castelo Rodrigo, não se encontra abrangida pela UNESCO como Património da Humanidade do Alto Douro Vinhateiro.

A construção da linha férrea do Douro, conferiu uma nova vida e dinamismo a esta região, tornando-a num importante ponto estratégico internacional, sendo na altura a ligação mais directa entre o Porto e o resto da Europa. A ponte do Águeda, que unia Barca d'Alva a La Fregeneda, atingia o 200° e final quilómetro da linha do Douro em Portugal. No entanto, após o encerramento do troço entre o Pocinho e Barca d'Alva, esta pequena povoação ficou praticamente entregue ao abandono.

Com o passar dos anos o único lugar que não deixaria morrer Barca d'Alva, é o seu porto, que recebe inúmeros barcos turísticos. Mas a população residente não se vinculou ao lugar não usufruindo dele, tornando-se num espaço descaracterizado.

Barca d'Alva é assim um paraíso escondido, com uma grande necessidade de uma intervenção sólida, urbana e arquitectónica, com o objectivo de revitalizar esta região."21 (Macedo, 2019)

"Barca d’Alva apresenta-se assim, como um território com muitas fragilidades que, apesar de ter sido alvo de algumas intervenções mais recentes de reabilitação do cais fluvial, demonstra uma desconexão no tecido urbano. Com a consciência de que é um potencial a ser explorado, procura-se revitalizar este pequeno território desqualificado e fragmentado que se reflecte numa descontinuidade da sua frente ribeirinha e também com o próprio rio."21 (Macedo, 2019) 

Linha férrea do Douro

Construção da linha férrea do Douro

Mapa da linha férrea do Douro

Imagem créditos: Enxerto de antigo mapa da CP6

"A linha férrea do Douro foi construída entre 1873 e 1887. Inicialmente com uma extensão total de 200 km, fazia fronteira com Espanha, continuando o percurso por terras espanholas. Ligava Ermesinde a Barca d'Alva, atravessando o país quase na sua totalidade, de Oeste a Este. Depois de aproximadamente 100 anos de utilização, com a chegada do automóvel e a melhoria das vias rodoviárias, a queda desta ligação começou a sentir-se. O troço entre o Pocinho e Barca de Alva, cerca de 27,9 km, foi desactivado em 1988 e caído no esquecimento."21 (Macedo, 2019)

Linha férrea do Douro e abandonada gera revolta

O Vale do Rio Douro, possui uma riquezas naturais, históricas, arquitetónicas, que podem ser representados pelo Alto Douro Vinhateiro, classificado no ano de 2001 como Património da Humanidade pela Unesco, sendo uma zona particularmente representativa da paisagem que caracteriza a Região Demarcada do Douro. A sua geografia agreste, com escarpas acentuadas e montanhas em granito, exigiram muito suor do homem, para as transformar em socalcos para o vinho e linha de comboio.

A construção da linha férrea do Douro, do Porto até Barca d’Alva (1873-1887) e Barca d’Alva até Salamanca, que circula junto ao Rio Douro, passa por toda esta bela região, cujas palavras nunca irão ser capazes de lhe dar crédito.

No entanto, a obra descarrilou, pela falta de rentabilidade, levando no século XIX à falência dos bancos que a financiaram. No século XX, novas estradas, transportes públicos e prejuízos da linha levaram decisores políticos a mandarem encerrar precipitadamente o percurso entre Barca d'Alva - Salamanca e depois Pocinho - Barca d’Alva. Se no lado Espanhol a mesma foi protegida e considerada Bem de Interesse Cultural (BIC), aqui as suas infraestruturas foram esquecidas, abandonadas e estão a ser comidas pelo tempo, vândalos e ladrões.

Sobre esta destruição um painel de azulejo colocado nesta terra, transmite o sentimento geral, "Quem agora vê aquele caminho-de-ferro deslumbra-se de raiva. Ele próprio, bem poderia ser o quinto património mundial",5 Miguel Cadilhe 2007

Naquele tempo todos tiveram culpa pelo “crime” cometido, os políticos por não procurarem uma solução para a rentabilizar e acautelarem as suas infraestruturas abandonadas, os autarcas dos concelhos afetados por não a defenderem acerrimamente, os empresários por não terem conseguido uma solução, as associações por não a defenderem, o povo por assobiar para o lado e em última instância todos nós por não sabermos valorizar o nosso património.

Atualmente vários governos já prometeram reativar o antigo traçado entre o Pocinho e Barca d’Alva, os autarcas estão a trabalhar numa solução, porque do outro lado Espanhol, o percurso para Salamanca está a ser aproveitado para dar a conhecer a beleza e carácter único da região.

Numa época em que o turismo no Douro, os passeios de barco e comboio histórico do Douro, tem feito sucesso e levado aumentar o interesse por esta região, este troço tem que ser reativado e emendar um grave erro que foi cometido no passado.   

História da construção da linha férrea do Douro: 26 túneis e 30 pontes

Antiga ponte desativada no Pocinho da linha férrea do Douro

"A linha férrea do Douro, demorou catorze anos a ser construída, na sua totalidade, desde o Porto até Barca d’Alva (1873-1887). Inicialmente contando com uma extensão máxima de cerca de 200 km, a linha fazia fronteira com Espanha continuando o seu percurso, em terras espanholas, até Salamanca. Circulava-se com locomotivas a vapor, que marcavam o ritmo lento da ruralidade.

A estrada de ferro acompanha a par e passo o curso do rio Douro, ao longo de 130 km, no que é considerado o maior trajecto à beira rio da rede ferroviária nacional. No entanto, a linha férrea é um trajeto cheio de obstáculos, que obrigou a construção de constantes obras de arte. Num total de 26 túneis, 30 pontes foram precisos vários anos de esforços para os completar.

Como refere António Barreto no seu livro sobre o Douro, no Douro tudo o que se vê é sempre obra do homem. Talvez por isso exista o deslumbramento no grandioso e belo Douro. Mas toda esta paisagem também esconde muito suor e sofrimento. Ainda hoje quando viajamos na parte da linha que resta, da Linha do Douro, verificamos a dificuldade tremenda, para a época, de construir um caminho de ferro ao longo do vale do Douro. Porque a margem era muito escarpada, havia necessidade de destruir uma série de montes e elevações, construir muitos túneis e portanto, o nome de caminho de ferro impossível, decorria justamente das dificuldades de natureza material de uma construção que se tornou muito difícil para a banca do Porto que financiou a construção do caminho de ferro.

E não só no território português, mas também de Barca d’Alva até Salamanca, que também tem uma zona montanhosa, onde foi necessário construir numerosos túneis e portanto, com todas as dificuldades que decorriam os custos financeiros foram crescendo. A construção total da linha teve um custo elevado, sendo que a ligação entre a fronteira portuguesa e Salamanca, foi particularmente difícil e dispendiosa no troço a seguir a Barca d’Alva. Aqui a linha abandona o curso do vale do Douro e sobe até à Meseta Ibérica, pelas muito difíceis margens do Rio Águeda, já do lado espanhol da fronteira. São apenas 17 km, mas vence um desnível de cerca de 330 metros e por isso, foi necessário abrir 20 túneis e construir 13 pontes metálicas (excepto a ponte internacional). Chegaram a trabalhar 4000 obreiros nesta obra e muitos morreram durante a sua execução.

O caminho de ferro invadiu também terrenos privados e os proprietários queixaram-se muito das gentes dos caminhos de ferro. Para além de atravessar as quintas a meio, utilizavam parte das propriedades para recolher pedras, abrir pedreiras, recolher água e fazer caminhos, consumando uma invasão total, fazendo com que os proprietários perdessem as suas terras. Mas, apesar disso, o comboio desempenhou um papel decisivo no Vale do Douro, permitiu quebrar o isolamento do Douro-Superior, conferindo o acesso a populações, regiões e países que até então estavam isolados.

Alto Douro Vinhateiro

Em vez de semanas de difícil viagem, a Europa passou a ficar a umas horas de distância. O comboio tornou-se um factor importante na organização do espaço económico e demográfico da Região Duriense. Permitiu também escoar a produção do Douro Vinhateiro, com maior facilidade e também vencer mais rapidamente a praga da filoxera que tinha afectado a Região, transportando videiras americanas, insecticidas e adubos."21 (Macedo, 2019)

Encerramento de dois troços da linha férrea do Douro 

"Com um tráfego inicial muito aquém das previsões e défices anuais de centenas de contos, os prejuízos da linha férrea do Douro foram de tal forma grandiosos que acabaram por causar a falência do sindicato dos bancos, que tinham financiado a construção.

Esta linha, foi uma das que levou à nacionalização das linhas férreas e dessa forma, deixando a responsabilidade a cargo do Estado em cobrir todos os prejuízos e a falta de rentabilidade das linhas. Com a chegada do transporte rodoviário, à semelhança de outras redes ferroviárias nacionais, o comboio passa a ter menos destaque, não só no transporte de mercadorias, mas também no de passageiros. Assim, a rede de comboios posiciona-se em segundo plano e começam a ser encerrados vários troços de linha por todo o país."21 (Macedo, 2019)

Troços encerrados: Barca D’Alva e La Fuente de San Esteban e Pocinho e Barca D’Alva

Linha férrea do Douro - troço de Barca d'Alva

Imagem créditos: Enxerto de antigo mapa da CP6

"Sem pré-aviso, a 1 de Janeiro de 1985 é encerrado o tráfego ferroviário no troço entre Barca D’Alva e La Fuente de San Esteban (Salamanca) e mais tarde a 18 de Outubro de 1988, o troço entre Pocinho e Barca D’Alva. Desde o seu encerramento, que o troço teve diferentes considerações. No lado espanhol, foi considerado Bem de Interesse Cultural (BIC) com Categoria de Monumento, tendo uma manutenção mensal. Do lado português, o troço foi deixado ao abandono, descuidado e apresentando-se actualmente muito degradado.

Estações da linha férrea do Douro encerrada: Pocinho > Barca d'Alva

  • Estação do Pocinho, 171,5 km (em funcionamento, onde encerra atualmente a linha do Douro);
  • Estação do Côa, 180,6 km; (encerrada);
  • Estação de Castelo Melhor, 187,3 km (encerrada);
  • Estação de Almendra, 191,8 km;
  • Estação de Barca d'Alva, 199,5 km (encerrada, última estação portuguesa antes de Espanha, Fregeneda);

Linha do Douro encerrada com património de 27,9 km esquecido e abandonado 

"Assim vamos assistindo a uma descaracterização do Património e a perda da memória da linha. Podemos observar estações, pontes, túneis, apeadeiros, ao longo dos 27,9 km desactivados, completamente ao abandono. Uma velha história de 125 anos, com um vasto Património caído no esquecimento."21 (Macedo, 2019) 

Antiga Estação de Barca d'Alva na linha do Douro encerrada

Antiga Estação de Barca d'Alva na linha do Douro

"Apesar de abandonada, encerrada desde 1988, a estação de Barca d’Alva ali continua. Evocada no livro A Cidade e as Serras, de Eça de Queiroz a estrutura secular resiste à passagem do tempo e às condições meteorológicas adversas. Outrora uma estação de destaque, com uma plataforma giratória que permitia que as locomotivas a vapor invertessem a sua marcha, cocheiras, um depósito de água de apoio às locomotivas e ainda o Gabinete do Chefe, com Transmissão e Telégrafo. Por aqui circulavam carruagens de primeira classe, e muitas gentes fizeram a travessia para o país vizinho.

O seu estado actual, não reflete a magnitude que esta estação e linha tiveram, mas ainda preserva muitos pedaços da sua história. Com pontes icónicas, túneis em penhascos gigantescos e o rio que quase sempre acompanhava a linha, este era um percurso excepcional a nível paisagístico. Este património tem sofrido um processo de degradação e vandalização. O ponto de venda de bilhetes foi roubado, assim como os azulejos, restando apenas marcas de cimento onde estavam colados. Com isto, a estação foi alvo de uma intervenção de emparedamento, de forma a salvaguardar o património ferroviário que ainda existe.

Antiga Estação de Barca d'Alva na linha do Douro

Vários projectos com várias intenções, já foram pensados para a reabilitação da estação de Barca d’Alva, mas nenhum foi levado a cabo. Resta por enquanto, a esperança de um dia esta estação sofrer um processo de reabilitação e de quem sabe, voltar a ter o seu uso inaugural, na possibilidade da reactivação da linha do Douro"21 (Macedo, 2019)

Painel de azulejos em Barca d'Alva lamenta o encerramento da linha do Douro

Painel de azulejos em Barca d'Alva da Linha Férrea do Douro

Um painel de azulejo afixado em Barca d'Alva, junto ao Rio Douro e Ponte Almirante Sarmento Rodrigues, transmite o sentimento deste povo, pelo pensamento de Miguel Cadilhe, que aqui se reproduz:

"Sempre na linha d'água, fantástico, o comboio rasgava margens, enfiava-se na escarpa, atravessava o rio, dele se despedia em Barca d'Alva, entrava em terras de Espanha, chegava a Salamanca. Pouco mais a norte, a História agarrava-se ao Douro castelhano, Zamora lembrava-nos Viriato e Afonso Henriques, Alcanizes D. Dinis, Jordesilhas D. João 1. Joro Afonso V.

Quem agora vê aquele caminho-de-ferro deslumbra-se de raiva. Ele próprio, bem poderia ser o quinto património mundial, há quatro em todo o seu percurso. Como foi possível construí-lo nos anos de 1880? Como foi possível destruí-lo cem anos depois? Como foi possível o municipalismo sucumbir ao centralismo?

Para fazer dele um esplêndido motivo turístico e cultural, precisaríamos de uns bons investimentos públicos, uma paciente concessão privada, um profícuo acordo com Castilla-y-Jeon, que, aliás, o deseja...

Há dias, a Ministra da Cultura falou disto. Ah, a cultura conta muito! Mas as Obras Públicas também. A Economia e o Turismo também. O Planeamento e o Território também. As Finanças também. A educação também. Valha-me Deus, congregar todos não vai ser tarefa fácil, nunca o foi.

Miguel Cadilhe - Barca d'Alva 9 de dezembro de 2007"5

Reabertura do troço da linha do Douro encerrada

"A reabertura total da linha do Douro já foi várias vezes prometida por anteriores governos, mas nunca chegou a ser concretizada. Os autarcas dos 19 concelhos reunidos na comunidade do Douro, não desistem no entanto de a exigir. Existem movimentos de intervenção cívica que organizam várias manifestações pela defesa da reabertura da linha. Mas ainda continuamos a ver o seu funcionamento apenas entre a estação do Porto e o Pocinho, percurso unicamente electrificado até Marco de Canaveses, seguindo até ao Pocinho com recurso a locomotivas a diesel. Enquanto isso, o troço da linha férrea desactivado, está cada vez mais a cair no esquecimento, continuando progressivamente a degradar-se, crescendo vegetação nos carris de ferro que ainda existem e sendo constantemente vandalizado."21 (Macedo, 2019)

Antiga Estação de Barca d'Alva na linha do Douro

Em 2007, foi criada a Comissão de Revitalização da Linha do Douro, composta pelos presidentes das câmaras de Figueira de Castelo Rodrigo, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa, Peso da Régua, Marco de Canaveses, Freixo de Espada-à-Cinta, a CCDR/N, o Chefe de Estrutura de Missão do Douro, o Director do Museu do Douro e a Presidente da Deputación de Salamanca.3

Os membros desta comissão concordaram em unir esforços para conseguirem a reactivação daquele troço ferroviário de 28 quilómetros, desativado há mais de duas décadas.

Em 2008 foi elaborado por esta comissão um relatório que previa que seriam necessários  25 milhões de euros para revitalizar a linha do Douro entre Pocinho e Barca d’Alva. Entretanto o tempo passou, as promessas governamentais esquecidas, construída no local a Ecopista do Sabor e a linha a continuar acabar no Pocinho. Em 2022 um novo estudo da Infraestruturas de Portugal, previa que os custos já seriam de 75 milhões, para a reabilitação da circulação de comboios sem necessidade de transbordo do Porto até à fronteira da Espanha.4

Infelizmente para todos assim vai a defesa do nosso património, neste caso com consequências diretas para o desenvolvimento regional dos concelhos envolvidos e secundárias para o nosso país. No entanto parece que se acendeu uma luz ao fundo do túnel porque já durante este ano 2023, o Governo autorizou as Infraestruturas de Portugal a fazer um estudo prévio para a reativação da Linha do Douro, entre Pocinho e Barca d’Alva, numa despesa de 4,2 milhões de euro.

Personalidades das artes em Barca d'Alva

Agostinho da Silva - Um homem que não se vergava

Estátua de Agostinho da Silva em Barca d'Alva

"George Agostinho Baptista da Silva ficará para a memória do mundo da língua portuguesa pelo saber desafiante e pluridimensional, aliado à incomparável ação de intervenção cultural durante o séc. XX de todo o mundo lusófono. Nascido a 13 de fevereiro de 1906 no Porto, termina a licenciatura em Letras aos 22 anos e o doutoramento aos 23, ambos com 20 valores, summa cum laude, inédito para a época.

Impossibilitado de trabalhar no ensino superior por colaborar na Seara Nova, dá continuidade à carreira no ensino liceal, iniciada em 1928. Por encargo da Junta de Educação Nacional, funda em 1931 o Centro de Estudos Filológicos e desloca-se a Paris onde, até 1933, desenvolve estudos na Sorbonne e no Collège de France. Em 1935, em Aveiro, é demitido do ensino oficial: recusara-se a assinar a declaração que atestava não pertencer ou vir a pertencer a qualquer associação secreta. Vivendo de explicações e aulas em colégios particulares e da publicação de centenas de Cadernos de Divulgação Cultural e Biografias, percorre o país difundindo o saber e a cultura em associações e agremiações populares.

Encarcerado pela Pide durante 18 dias no Aljube, obrigado a residência fixa, e vendo-se com cada vez mais reduzidas hipóteses de trabalho, emigra para o Brasil em 1944, fundando universidades e centros de investigação por toda a América Latina, sendo também assessor do presidente Jânio Quadros. Naturalizado brasileiro em 1959, promotor da criação da CPLP, regressa a Portugal em 1969.

Aposentado como professor universitário no Brasil, é reintegrado no ensino superior por decreto presidencial, com direito a todos os vencimentos retroativos que aplica, em 1976, num Fundo que até hoje se mantém para atribuição anual do prémio D. Dinis a estudantes. Com marcante participação na rádio e TV, presença em revistas, congressos e conferências, recebe honrarias, títulos e medalhas. Depois de ter publicado mais de 200 títulos em Portugal e no Brasil, e de, em 1992, ter obtido de novo a nacionalidade portuguesa, em 3 de abril de 1994 atinge «um silêncio tão de espanto /que era todo o universo à sua volta/ um seduzido canto». Assim rezam os seus versos na lápide do Alto de São João."

Barca d'Alva recorda o seu filho através de uma estátua colocada perto do cais, virado para o Rio Douro, que ele gostava de contemplar. A mesma tem afixada uma placa que faz referência ao centenário da sua morte, "Um pensamento vivo, 13/02/1906 a 03/04/1994". "Foi em Barca de Alva que me fiz homem", "1º Centenário do nascimento do filósofo, pensador e pedagogo que viveu em Barca de Alva".

Infância de Agostinho da Silva em Barca d'Alva

"Foi em 3 de Abril de 1994, domingo de Páscoa que Agostinho da Silva, aos 88 anos, calma e serenamente, deixa esta vida. Este é o 15° ano do seu passamento.

Tinha nascido a 13 de Fevereiro de 1906 no Porto e, com poucos meses de idade, por afazeres profissionais de seu pai, foi o pequeno George viver para Barca de Alva, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, onde permaneceu até aos 10 anos, altura em que regressou ao Porto para iniciar os estudos secundários. A partir daí, teve uma vida atribulada que o levou a percorrer o mundo, mas apesar disso e talvez nunca mais se tendo demorado em Barca de Alva, é a infância rural e raiana, que molda profundamente todo o seu ser. Já perto do fim da sua vida, deixava bem vincado:

"...quando chegou a minha hora de nascer no céu das ideias, estava atento ao globo terrestre que ia passando pela frente à espera de encontrar uma terra que me agradasse. [...], eu o que escolhi foi Barca de Alva, que é a última terra portuguesa antes da fronteira com Espanha, [...]. Então os calculistas lá se enganaram e eu fui parar ao Porto. Mas, logo que foi possível, repararam o erro e apenas com alguns meses de idade fui realmente crescer para Barca de Alva.". E a importância de Barca de Alva foi tal no desfecho das suas realizações que acrescentava: "Fiz o curso no Porto, andei por toda a parte quanto é mundo, mas a minha terra continua a ser Barca de Alva."".

Barca de Alva ter-lhe-á dado aquilo que a cidade lhe recusou: "...onde peguei aquilo que se chama informação básica da pessoa foi em Barca de Alva, [...] Figueira de Castelo Rodrigo e Guarda. Acho que essa fase foi muito importante, porque me permitiu não fazer, no essencial, menino de cidade."

Mas o que tinha Barca de Alva de tão extraordinário para cativar Agostinho? Do ponto de vista material, nada! Ele mesmo nos diz: "Não havia escola, não havia correio, não havia luz eléctrica, nem havia coisa nenhuma, nem pão havia... só à segunda-feira!....

O que encantou Agostinho foi sem dúvida o primitivismo rural em que teve a felicidade de crescer, associado ao encanto bucólico das paisagens campestres, e o lugar privilegiado da sua localização fronteiriça, que o pôs desde muito cedo na confluência de duas Pátrias e de duas línguas distintas, ajudando-o a evoluir para o Iberismo que teorizou e defendeu."22 (Manso, 2009)

Guerra Junqueiro - Escritor realista

"Conhecida por ser uma das localidades mais típicas de Portugal, Barca D’Alva serviu de refúgio e inspiração a Guerra Junqueiro, que durante vários anos foi proprietário da Quinta da Batoca, em tempos, uma das maiores do Douro."7

"Guerra Junqueiro (1850-1923) foi um poeta, prosador, jornalista e político português. Foi um dos mais destacados escritores do Realismo, movimento literário que reproduz a ação social e política da segunda metade do século XIX.

Abílio Manuel Guerra Junqueiro, conhecido como Guerra Junqueiro, nasceu em Freixo de Espada à Cintra (Trás-os-Montes), Portugal, no dia 17 de setembro de 1850. Filho de rico negociante e lavrador fez seu curso preparatório na cidade de Bragança. Desde cedo, mostrou notável talento poético Em 1864 escreveu duas páginas do livro “Lira dos Quatorze Anos”. Em 1866 ingressou no curso de Teologia da Universidade de Coimbra."8

Rio Douro em Barca D'Alva

Descrição do Rio Douro

Vale do Rio Douro

"O Rio Douro é o 2º maior rio da península Ibérica. Nasce no Norte de Espanha a 2080 metros de altitude na província de Sória, nos picos da Serra de Urbião (Sierra de Urbión) e percorre 850 quilómetros até à sua Foz em Portugal junto às cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia. Em Espanha passa junto às cidades Sória, Aranda de Duero, Valladolid, Tordesilhas e Zamora.

No Douro Internacional, onde o rio delimita a fronteira entre Portugal e Espanha, percorre 112 quilómetros, passando junto à cidade de Miranda do Douro.

Entra em Portugal em Barca D’Alva, e percorre 213 quilómetros até à sua Foz. Passa junto às localidades de Vila Nova de Foz Côa, Peso da Régua, desaguando junto ao Porto e Vila Nova de Gaia.

Douro, mais do que um rio, foi desde tempos remotos uma artéria central da vida da região, sendo um canal de transporte essencial no transporte do vinho do Douro e de pessoas. Mas o Douro antigamente era um rio perigoso e indomável onde apenas os barcos Rabelo conseguiam navegar. Cheio de correntes e baixios exigiam grande perícia e experiência para o navegar. Eram outros tempos, mas os tempos mudaram. Hoje em dia o Douro, com a construção de diversas barragens ao longo do seu curso é um rio completamente navegável e seguro o que tem permitido o seu aproveitamento turístico através de inúmeros cruzeiros que o percorrem diariamente."9

De Barca de Alva à Foz do Rio Douro no Porto – O Douro navegável

Douro navegável, painel de azulejos em Barca d'Alva

O Rio Douro é navegável por embarcações a partir de Barca d'Alva, numa extensão de 209 km, até à sua foz na cidade do Porto. Para tornar possível esta empresa foram construídas cinco eclusas, Pocinho, Valeira, Bagaúste - Régua, Carrapatelo e Crestuma-Lever. Estas eclusas fazem parte de barragens com o mesmo nome, aqui apresentadas no sentido montante - jusante.

São vários os rios que contribuem para o seu caudal: a norte, Sabor, Tua, Pinhão, Tâmega e Sousa, a sul, Águeda, Côa, Távora, Varosa e Paiva. As eclusas vieram permitir a exploração dos famosos cruzeiros do Douro, que têm crescido de tal forma que chegou o momento de se estudar qual o limite sustentável para este tipo de turismo.

O que visitar em Barca D'Alva

Património natural, arquitetónico e imaterial de Barca d'Alva

Património natural de Barca d'Alva

  1. Serra do Reboredo

    Serra do Reboredo

    • "A Serra do Reboredo fica localizada no distrito de Bragança, na margem direita do rio Douro, situada entre este e o rio Sabor. A sua altitude máxima é de 920 metros, com a orientação aproximada de oés-noroeste/és-sueste. É também conhecida por "serra do Ferro" devido à existência deste mineral neste local."10
  2. Rio Douro;
  3. Rio Águeda;
  4. Amendoeiras em flor

    Amendoeiras em flor em Barca d'Alva

    • A época mais aconselhada para ver as amendoeiras em flor são os meses de fevereiro e março, mais especificamente as duas últimas semanas de fevereiro e as duas primeiras de março.
  5. Oliveiras

    Oliveiras em Barca d'Alva

    • "A oliveira é uma árvore resistente e de grande longevidade, que pode alcançar milhares de anos. A mais antiga de Portugal diz-se que tem 3350 anos."11
  6. Parque Natural do Douro Internacional
    • "O Parque Natural do Douro Internacional inclui os troços fronteiriços dos rio Douro e Águeda, bem como as superfícies planálticas confinantes pertencentes aos concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro e Mogadouro.
    • O enclave orográfico constituído pelo rio Douro e seu afluente, o Águeda, fronteira natural entre Portugal e Espanha, possui características únicas em termos geológicos e climáticos, condicionando as comunidades florística e faunística, nomeadamente a avifauna, e as próprias atividades humanas."13 
  7. Observação de aves
    • "Situada junto ao Rio Douro, na passagem da Beira Alta para Trás-os-Montes, a pequena localidade de Barca d’Alva constitui um local de excelência para observação de aves.
      A sua localização nortenha, associada ao facto de possuir um clima mediterrânico permite que aqui se juntem espécies do sul e do norte do território."14

Património arquitetónico de Barca d'Alva

  1. Cais fluvial no Rio Douro em Barca d'Alva;
  2. Estação ferroviária de Barca D’Alva;
  3. Rota dos túneis;
  4. Plataforma de Ciência Aberta;
  5. Ponte Almirante Sarmento Rodrigues;

    Ponte Almirante Sarmento Rodrigues - Barca d'Alva

    • "Ponte situada em Barca d'Alva, sobre o rio Douro. Projectada pelo Engº Edgar Cardoso (o mais conceituado projectista de pontes do país), foi concluída em 1955. Liga os distritos da Guarda e de Bragança. Antes da ponte ser construída, a travessia do rio fazia-se numa grande barcaça, parecida (ou igual) àquelas que transportavam o vinho do Porto para Gaia, a qual o barqueiro fazia deslocar usando o respectivo remo situado na parte de trás da barca. O Almirante Sarmento Rodrigues nasceu em Freixo de Espada à Cinta em 1899, tendo ocupado altos cargos governativos, entre os quais: Governador da Guiné (1946-49), Governador de Moçambique (1961-64), Ministro das Colónias/Ultramar (1950-55; o Ministério das Colónias passou a designar-se por Ministério do Ultramar em 1951)."12
  6. Capela do Santo Cristo

    Capela do Santo Cristo - Barca d'Alva

Festas e romarias de Barca d’Alva

  1. Festa da Flor da Amendoeira;
    • Em março, promovida pela Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo;
  2. Feira do Almendro;
    • "A aldeia ribeirinha do Concelho de Figueira de Castelo Rodrigo atrai por esta altura, milhares de visitantes que procuram a beleza das amendoeiras em flor, as magníficas paisagens das arribas dos rios Douro e Águeda, os produtos regionais e os pratos típicos da região.
    • A tradição da “Festa do Almendro” prevê que os governos locais de ambos os lados da fronteira se reúnam anualmente para juntos celebrarem “El dia del Almendro”, e simbolicamente plantarem uma amendoeira.
    • Nesta festa estreitam-se os laços de amizade, partilham-se histórias, cruzam-se tradições, provam-se os sabores tão típicos da região com uma gastronomia tão rica nos dois lados da fronteira luso-espanhola. É neste “Dia del Almendro” que estas duas localidades dão as boas vindas à Primavera, com uma das festas mais atractivas e tradicionais da zona raiana."15 

Conclusão e despedida de Barca d'Alva

Rosa Maria, diretora do Ondas da Serra, no Alto Douro Vinhateiro, perto de Barca d'Alva

Despedimo-nos com gratidão de terra tão formosa e calorosa, que não merecia ter sofrido tantas vil ofensas. Há projetos e bons estudos para a revitalizar, como o trabalho aqui referenciado na bibliografia, “Proposta de reactivação do troço abandonado entre Côa e Barca d’Alva”, da candidata a grau de mestre, Marta Sofia Simões Costa Marques Macedo.

Em nossa opinião as sementes da reativação da linha andam a esvoaçar ao vento e tem caído em solo agreste ou comidas por grossos mares, mas uma delas irá ter sorte e brotar em terra fértil e reparar as ofensas que Barca d’Alva tem sofrido.

Créditos e Fontes pesquisadas

Texto: Ondas da Serra com exceção do que está em itálico e devidamente referenciado.

Fotos: Ondas da Serra. 

1 - cm-fcr.pt/residir-2/localidades/barca-dalva/
2 - roteirododouro.com/localidades/barca-de-alva
3 - cm-fcr.pt/noticias/revitalizar-a-linha-do-douro-entre-pocinho-e-barca-dalva-pode-custar-25-milhoes/
4 - eco.sapo.pt/2022/04/29/reabrir-linha-do-douro-ate-barca-dalva-custa-75-milhoes/
5 - Painel de azulejo afixado em Barca d'Alva, junto ao Rio Douro e Ponte Almirante Sarmento Rodrigues
6 - Mapa dos caminhos de ferro em Portugal 1895, por Gazeta dos Caminhos de Ferro de Portugal, [post. Janeiro de 1895] - Biblioteca Nacional, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=42784292
7 - rotadodouro.pt/barca-dalva/
8 - e-cultura.pt/efemeride/210
9 - roteirododouro.com/rio-douro
10 - infopedia.pt/apoio/artigos/$serra-de-reboredo
11 - revistajardins.pt/a-oliveira-uma-arvore-mediterranica/
12 - wikimapia.org/5948478/pt/Ponte-Almirante-Sarmento-Rodrigues
13 - icnf.pt/conservacao/rnapareasprotegidas/parquesnaturais/pndourointernacional
14 - avesdeportugal.info/sitbarcadalva/
15 - cm-fcr.pt/noticias/feira-do-almendro/

Pesquisas bibliográficas

20 - Cabral, A. D. V. C. P. (1895). A região vinhateira do Alto Douro: desde Barca d'Alva até ao Cachão da Valleira. Imprensa Nacional.
21 - Macedo, M. S. S. C. M. (2019). Património ferroviário do Douro (Doctoral dissertation, Universidade de Lisboa, Faculdade de Arquitetura).
22 - Manso, A. (2009). A memória das origens: Agostinho da Silva e Barca de Alva.

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Autor

Ondas da Serra

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