Pode ler esta reportagem na totalidade ou clicar no título abaixo inserido para um assunto específico:
Índice temático
- Caminho Francês de Santiago de Compostela
- Ficha técnica geral do Caminho Francês de Santiago de Compostela
- Ficha técnica geral da bicicleta
- Descrição do Caminho Francês de Santiago de Compostela
- História dos Caminhos para Santiago de Compostela
- Caminho Francês de bicicleta
- Etapas principais do Caminho Francês de Santiago de Compostela
- Como chegar a Saint-Jean-Pied-de-Port
- Dia da viagem: 04-05-2023 - Porto - Portugal > Bayonne - País Basco Francês
- Dia da viagem: 05-05-2023 - Bayonne > Saint-Jean-Pied-de-Port - País Basco Francês
- Ficha técnica da viagem Bayonne - Saint-Jean-Pied-de-Port
- Chegada a Bayonne
- Descrição da viagem Bayonne - Saint-Jean-Pied-de-Port
- Chegada a Saint-Jean-Pied-de-Port
- Obtenção da Credencial do Peregrino Francesa
- Morada, contactos e funcionamento dos "Les Amis du Chemin de Saint-Jacques-Pyrénées-Atlantiques"
- 1º dia de peregrinação: 05-05-23 - Saint-Jean-Pied-de-Port - França > Aurizberri / Espinal - Espanha
- 2º dia de peregrinação: 06-05-23 - Aurizberri / Espinal - Espanha > Uterga
- 3º dia de peregrinação: 07-05-23 - Uterga > Lorca
- 4º dia de peregrinação: 08-05-23 - Lorca > Logroño
- 5º dia de peregrinação: 09-05-23 - Logroño > Viloria de Rioja
- 6º dia de peregrinação: 10-05-23 - Viloria de Rioja > Burgos
- 7º dia de peregrinação: 11-05-23 - Burgos > Fromista
- 8º dia de peregrinação: 12-05-23 - Fromista > Morantinos
- 9º dia de peregrinação: 13-05-23 - Morantinos - León
- 10º dia de peregrinação: 14-05-23 - León > Murias de Rechivaldo
- 11º dia de peregrinação: 15-05-23 - Murias de Rechivaldo > Componaraya
- 12º dia de peregrinação: 16-05-23 - Componaraya> Samos
- 13º dia de peregrinação: 17-05-23 - Samos > Árzua
- 14º dia de peregrinação: 18-05-23 - Árzua > Santiago de Compostela
- Fim da peregrinação 2023 a Santiago de Compostela: 19-05-23
Caminho Francês de Santiago de Compostela
Ficha Técnica geral do Caminho Francês de Santiago de Compostela
- Início: Saint-Jean-Pied-de-Port - França;
- Final: Santiago de Compostela;
- Quilómetros: 758 km;
- Meio de transporte: Bicicleta BTT;
- Documentos pessoais: Cartão do Cidadão ou Passaportes e Cartão Europeu de Saúde (obtido na Segurança Social);
- Documentos do Peregrino: Credencial do peregrino, que se obtém nas sedes episcopais, catedrais ou postos de turismo. No Porto este documento pode ser obtido na Sé Catedral e na zona norte do distrito de Aveiro, no Posto de Turismo de Oliveira de Azeméis, por onde o caminho Português Central passa. Este documento deve ter pelo menos dois carimbos diários por onde se passa, obtidos nos restaurantes, cafés, igrejas ou alojamentos. No final do caminho deve dirigir-se à "Oficina del Peregrino", com esta credencial para ser carimbada com o selo do Apóstolo Santiago, para terminar oficialmente a jornada. Na entrada para este edifício deve ler com o seu telemóvel o QR Code, que é o link do site deste serviço. No site deve preencher um formulário com os seus dados pessoais, qual o caminho que fez e o meio utilizado. Só depois de preencher a sua ficha online se deve dirigir para o interior e utilizar este número eletrónico para ser atendido fisicamente e obter a Compostela gratuitamente. Este documento é emitido com base nos dados que forneceu através do formulário, onde o seu nome recebe uma tradução em latim e certifica que concluiu com sucesso a sua peregrinação. Se também o desejar pode pedir um certificado com os quilómetros, que tem um custo reduzido.
- Saúde: Não se esqueça de antes de começar a sua peregrinação, solicitar presencialmente na Segurança Social ou Segurança Social Direta, o seu Cartão Europeu de Saúde, que se destina a "Cidadãos que vão viajar para um Estado-Membro da União Europeia, Islândia, Listenstaine, Noruega, Suíça e Reino Unido"2. Este cartão permite a uma pessoa segurada ficar abrangida por um regime de proteção social e cuidados de saúde.
- Meio do percurso: Sahagún;
- Apropriado para bicicletas: Sim;
- Regiões: França: Nouvelle-Aquitaine, Espanha: Aragón, Navarra, La Rioja, Castilla y León e Galícia;
- Apoio documental indispensável: Guia Michelin, do Caminho de Santiago, documento direcionado especialmente para quem faz o percurso a caminhar. Este pequeno livro, tem as localidades, os quilómetros que as separam, mapas de perfil e topográficos, altitudes, graus de dificuldade, albergues e refúgios.
- Início/fim dos dias de peregrinação: Nós levantávamos pelas 06h00, para começar a pedalar cerca das 06h30, como o nascer do sol era por volta das 07h00, já havia luz suficiente para nos guiar. Planeamos fazer uma média de quilómetros entre os 55/65 de modo a terminar a jornada diária entre as 15h00 e as 17h00.
- Avaliação geral da topografia do Caminho Francês: O Caminho Francês é um percurso que no geral é apropriado para bicicletas, tem logo no início um grande desafio, as montanhas dos Pirenéus, (1430 m) e já na parte final a montanha "O Cebreiro", (1330 m). O resto do caminho de uma maneira geral são extensas planícies, com piso em terra batida.
- Avaliação do património natural e arquitetónico: Este caminho tem uma grande beleza, pelas montanhas que apresenta e extensas regiões de vinhas, onde são feitos dos melhores vinhos de Espanha, em conhecidas "Bodegas", plantação de cereais e canais de irrigação para estas culturas de regadio.
O seu património religioso reflete a sua história, onde parece que esses templos não pararam de crescer com os milénios, querendo com as mãos alcançar o seu Deus. Nós por vezes percorremos extensos caminhos de terra, ladeados de diferentes culturas e onde se vislumbrava ao fundo pequenas aldeias de onde emergiram desmesuradas igrejas, que marcavam a sua posição nas planícies em redor. Segundo nos foi explicado em Espanha as lutas pelas reconquista cristãs aos Sarracenos foram violentas, com avanços e recuos, onde se destacou o mouro Almançor. Estas extensas terras para marcarem na idade média a sua fé e afirmarem que naqueles domínios já não se profetizava o Islão erigiam estes grandiosos templos, que têm nas Catedrais os seus maiores exemplos e que nos deixaram sempre abismados.
-
Restauração: Antes de chegar aos alojamentos, principalmente nas terras mais pequenas, tente pesquisar a oferta de restauração. Há localidades remotas onde por vezes não há nenhum local para tomar refeições, nestes casos não há outra opção que não seja o jantar comunitário nos albergues, onde os preços variam entre os 14 e os 17,00 euros. Nestes casos se por um lado pode ganhar em convívio, por outro não espere ser servido faustosamente. Também há albergues onde se pode tomar o pequeno-almoço e por norma são cobrados 5,00 euros. Nós preferimos os cafés e padarias, onde há sempre croissants e tortilhas que por vezes são servidas com tomate e azeite.
-
Nos restaurantes o menu peregrino varia entre os 13,00 e os 18,00 euros, com direito a dois pratos combinados, água ou vinho e sobremesa. Em relação ao vinho, na maioria dos restaurantes é colocada uma garrafa à sua disposição, mas em outros casos só lhe enchem um copo, por vezes com uma amostra desconsolada de vinho.
- Avaliação do Caminho Francês no contexto de outras peregrinações: Nós já conhecemos outros caminhos, mas colocamos este em primeiro lugar, seguido pelo Caminho de Santiago Português Interior, Caminho de Santiago Português Central e Caminho de Santiago Português pela Costa.
Ficha técnica geral da bicicleta
- Bicicleta BTT: Com amortecedores traseiros/dianteiros e travões de disco;
- Dois alforjes traseiros: Um alforje para a roupa básica e outro para as bolsas de higiene pessoal, carregadores e ferramentas básicas da bicicleta (chave multifunções, canivete Suíço, lubrificante, bomba pequena e garrafa de gás para furos) e capa da chuva. Os nossos alforjes são impermeáveis, mas há também capas próprias para os protegerem se a chuva abundante. Felizmente que neste caminho só tivemos um dia de chuva pela manhã.
- Um alforge de guiador: O Alforje do guiador é muito útil e prático para colocar a credencial, que têm que estar sempre à mão para ser carimbada, Guia Michelin do caminho, carteira com documentos, telemóvel, óculos de sol ou outros utensílios;
- Um suporte no guiador: Para o telemóvel;
- Dois cadeados: Nos alojamentos utilizamos sempre dois cadeados, pem virtude das rodas serem de desmontagem rápida. Um para prender o quadro a um ponto fixo imóvel, passando pela roda traseira e o outro utilizado para prender a roda dianteira ao quadro. Já vimos nas nossas viagens bicicletas com as duas rodas furtadas. Em questões de segurança somos exagerados e mesmos nos locais onde nos diziam que não era necessário não facilitamos.
- Limpeza da bicicleta: Durante o Caminho Francês, pontualmente fomos lavando a bicicleta, quando surgiam bombas de serviço para o efeito e no final a corrente era oleada. Este caminho é na sua maioria em terra batida e o pó começa acumular-se na corrente e mudança, levando a que deixem de funcionar corretamente. Houve um dia que choveu e foi necessário na chegada ao albergue lavá-la grosseiramente.
- Equipamento: Escolher um capacete com pouco peso e selim ergonómico. Nós gostamos de levar calças desportivas compridas e casaco leve corta vento, para proteger do vento e defender por vezes da vegetação. Por vezes quando caminhamos nas subidas onde não é possível pedalar este vestuário protege-nos das pancadas dos pedais e vegetação mais agreste. Óculos e creme protetor do sol.
Descrição do Caminho Francês de Santiago de Compostela
"Dos Pirenéus até Santiago de Compostela, o Caminho Francês, passa pelas regiões de Aragão, Navarra, La Rioja, Castilla y León e Galiza, num percurso que é percorrido todos os anos por mais de 150.000 peregrinos. Foi realizada desde a descoberta do túmulo do Apóstolo Santiago no século IX, e alcançou fama internacional por constar detalhadamente no Codex Calixtino (publicação do século XII).
O Caminho Francês em Espanha pode começar na vila de Orreaga - Roncesvalles (em Navarra) ou em Somport (Aragão). Os dois caminhos juntam-se na vila de Puente de la Reina para chegar à Catedral de Santiago de Compostela, cerca de 800 quilómetros mais tarde. No caminho, você passará por terras muito icónicas, como Jaca, Pamplona, Logroño, Nájera, Santo Domingo de la Calzada, Burgos, Frómista, León, Astorga e Ponferrada.
O Caminho Francês foi o primeiro itinerário do Caminho de Santiago declarado Património da Humanidade pela UNESCO e é a primeira Rota Cultural Europeia."1
História dos Caminhos para Santiago de Compostela
"O eremita Paio descobre o túmulo na década de 820.Por volta do ano 820 ocorre a descoberta do túmulo de Santiago Maior e imediatamente a criação do “locus Sancti Iacobi”, o lugar sagrado para venerar os seus restos. Cripta apostólica, onde repousam os restos do apóstolo Santiago.
Num momento impreciso da década de 820-830 ocorre a descoberta do túmulo de Santiago Maior. Alfonso II reina no noroeste peninsular (Reino das Astúrias). Ele é o primeiro grande valedor. Foi criado no Mosteiro de Samos e recebe com entusiasmo a notícia que o bispo de Iria, Teodomiro, lhe transmite.
O eremita Paio observou durante várias noites umas enigmáticas luminárias sobre a floresta Libredón e informou disso o bispo Teodomiro de Iria.
Um eremita do lugar de Solovio (onde hoje se ergue a Igreja de San Fiz de Solovio), de nome Paio, localizou, numa floresta chamada Libredón, as ruínas de um primitivo enterro. Contêm as que foram identificadas como túmulos do apóstolo Santiago e dos seus discípulos Teodoro e Atanásio.
Este aparecimento confirma uma enraizada tradição popular anteriormente documentada pelos monges Beda o Venerável e Beato de Liébana. Mas faltavam estas provas. Imediatamente, o rei Alfonso II visita o local e manda edificar uma modesta igreja, que depois Alfonso III reconstruirá (ano 899). Estamos na origem da atual catedral e da cidade de Santiago.
Os reis asturianos Alfonso II e Alfonso III, juntamente com a Corte de Oviedo, são os primeiros peregrinos conhecidos do século IX.
No século X começam a chegar peregrinos europeus, como Bretenaldo, em 930, um franco que decidiu assentar-se como morador da primitiva Compostela. Dois anos mais tarde, por volta de 932, peregrinou o rei Ramiro II. Não obstante, o peregrino mais célebre do século X foi o bispo Gotescalco de Le Puy, que viajou a Compostela em companhia de outros clérigos e de um grupo de fiéis da Aquitânia nos finais de 950.
Pouco depois, em 959, peregrina ao santo lugar o abade Cesáreo, do mosteiro catalão de Santa Cecília de Montserrat. Pediu a ajuda da Igreja compostelana para solicitar ao papa a restauração da sede episcopal de Tarragona. Este trâmite de intercessão aumentou o peso da sede apostólica no reino de Leão, reforçando a posição de Compostela como sede prestigiada do ocidente peninsular.
A época de ouro das peregrinações (séculos XI-XIII)
França, Itália, centro e leste da Europa, Inglaterra, Alemanha, inclusivamente Islândia, e evidentemente toda a Hispânia chegavam a pé, a cavalo, de barco...
Convento de São Francisco, em Santiago de Compostela
Santiago consolidou-se rapidamente como centro de peregrinação internacional entre os séculos XI e XIII. Graças a uma união de forças e interesses que, a favor de Compostela, os principais centros do poder ocidental levaram a cabo: a Coroa (de Alfonso II a Alfonso VII ou Sancho Ramírez), o papado (Calisto II e Alexandre III) e as ordens monacais (as abadias de Cluny e do Cister). Assim escreve o Caminho a sua história milenar."4
Caminho Francês de bicicleta
"É o Caminho por excelência. O itinerário jacobeu com maior tradição histórica e o mais internacionalmente reconhecido. Foi descrito já em 1135 no Codex Calixtinus, livro fundamental jacobeu. O Livro V deste códice constitui um autêntico guia medieval da peregrinação a Santiago. Nele se especificam as partes do Caminho Francês desde terras gaulesas e informa detalhadamente sobre os santuários do itinerário, a hospitalidade, as pessoas, a comida, as fontes, os costumes locais, etc. Tudo está escrito com a síntese e claridade necessárias para uma resposta prática a uma procura específica: a peregrinação a Santiago.
Este guia, atribuído ao clérigo francês Aymeric Picaud, evidencia o desejo político-religioso de fazer promoção do santuário compostelano e de facilitar o acesso até ao mesmo. Quando este livro foi confecionado, o Caminho Francês e as peregrinações alcançaram o seu máximo apogeu e o Caminho Francês a maior afluência, se excluirmos o momento atual. Santiago tornou-se a meta de peregrinos provenientes de todo o orbe cristão."5
Etapas principais do Caminho Francês de Santiago de Compostela
Estas etapas estão descritas no Guia Michelin, do Caminho de Santiago Francês, e são indicadas para quem fizer o percurso a caminhar.20
- Etapa 1 - Saint-Jean-Pied-de-Port - Roncesvalles (26 km)
- Etapa 2 - Roncesvalles - Zubiri (21,4 km)
- Etapa 3 - Zubiri - Pamplona (20,4 km)
- Etapa 4 - Pamplona - Puente de la Reina (23,9 km)
- Etapa 5 - Puente de la Reina - Estella (21,6 km)
- Etapa 6 - Estella - Los Arcos (21,3 km)
- Etapa 7 - Los Arcos - Logroño (27,6 km)
- Etapa 8 - Logroño - Nájera (29 km)
- Etapa 9 - Nájera - Santo Domingo de La Calzada (20,7 km)
- Etapa 10 - Santo Domingo de La Calzada - Belorado (22 km)
- Etapa 11 - Belorado - San Juan de Ortega (23,9 km)
- Etapa 12 - San Juan de Ortega - Burgos (25,8 km)
- Etapa 13 - Burgos - Hornillos del Camino (21 km)
- Etapa 14 - Hornillos del Camino - Castrojeriz (20 km)
- Etapa 15 - Castrojeriz - Frómista (24,7 km)
- Etapa 16 - Frómista - Carrión de los Condes (18,8 km)
- Etapa 17 - Carrión de los Condes - Terradillos de los Templarios (26,3 km)
- Etapa 18 - Terradillos de los Templarios - Bercianos del Real Camino (23,2 km)
- Etapa 19 - Bercianos del Real Camino - Mansilla de las Mulas (26,3 km)
- Etapa 20 - Mansilla de las Mulas - León (18,5 km)
- Etapa 21 - León - San Martín del Camino (24,6 km)
- Etapa 22 - San Martín del Camino - Astorga (23,7 km)
- Etapa 23 - Astorga - Foncebadón (25,8 km)
- Etapa 24 - Foncebadón - Ponferrada (26,8 km)
- Etapa 25 - Ponferrada - Villafranca (24,2 km)
- Etapa 26 - Villafranca - O Cebreiro (27,8 km)
- Etapa 27 - O Cebreiro - Triacastela (20, 8 km)
- Etapa 28 - Triacastela - Sarria (18,4 km)
- Etapa 29 - Sarria - Portomarín (22,2 km)
- Etapa 30 - Portomarín - Palas de Rei (24,8 km)
- Etapa 31 - Palas de Rei - Arzúa (28,5 km)
- Etapa 32 - Arzúa - Pedrouzo (19,3 km)
- Etapa 33 - Pedrouzo - Santiago de Compostela (19,4 km)
Como chegar a Saint-Jean-Pied-de-Port
Nós para chegar ao começo do Caminho de Santiago Francês, fomos de autocarro do Porto até à cidade francesa de Bayonne. O bilhete foi comprado na loja física da empresa IberoCoach, junto à estação da CP de Porto Campanhã. O autocarro pertencia à empresa Flixbus, que faz viagens para toda a Europa e partiu do Terminal Intermodal de Campanhã. O bilhete também pode ser comprado online diretamente a esta última empresa, bastando escolher o horário pretendido e o comboio que tem que apanhar depois para chegarem ao destino final. Na cidade francesa apanhamos um comboio para Saint-Jean-Pied-de-Port. Se pretender mais pormenores consulte as fichas técnicas, abaixo inseridas, da viagem Porto - Bayonne e Bayonne (autocarro) - Saint-Jean-Pied-de-Port (comboio).
Dia da viagem: 04-05-2023 - Porto - Portugal > Bayonne - País Basco Francês
Ficha técnica da viagem Porto - Bayonne
- Destino da viagem: Porto > Bayonne - França;
- Partida do Porto: 08h55, do dia 04-05-2023;
- Chegada a Bayonne: 02h00, do dia 05-05-2023;
- Tipo de transporte: Autocarro;
- Empresa mediação dos bilhetes: IberoCoach - Rua da Estação, nº 64/68 - Campanhã - 4300-171 Porto, contactos: Telefone: +351 221 174 815 e Telemóvel: +351 910 914 416
- Embarque: Terminal Intermodal de Campanhã - Porto, Rua de Bonjóia, que tem ligações ao metro, comboio e autocarro;
- Transbordo: Em Suco - Espanha, foi feito um transbordo para outro autocarro com mudança do motorista e ajudante. Ter atenção para não perder de vista a sua bagagem;
- Preço do bilhete: 65 euros para o passageiro, acrescido de 25,00 euros para a bicicleta;
- Almoço: Este autocarro no final da manhã faz sempre uma paragem em alguma cidade para os passageiros almoçaram num restaurante, mas nesta viagem os passageiros não ficaram satisfeitos com a comida e o preço. Pela nossa parte fomos prevenidos com uma merenda fortalecida, levada de casa para a viagem, já que tínhamos muito tempo para gastar dinheiro no caminho.
- Duração da viagem: Cerca de 17 horas. Este autocarro sai do Porto e vai parando para entraram passageiros em outros pontos do Minho, Trás-os-Montes e Espanha, o que aumenta a duração da viajem.
Descrição da Viagem Porto - Bayonne
Antes da pandemia era mais fácil e cômodo chegar a Saint-Jean-Pied-de-Port, no País Basco Francês, através das viagens ferroviárias do Sud-Express, que terminavam na localidade francesa de Hendaia, junto à fronteira entre Espanha e França. Depois da pandemia ter sido vencida e restabelecidos os movimentos de pessoas, este serviço, no entanto não voltou a ser reatado, já tendo havido algumas manifestações de desagrado em Lisboa.
Foi por esta razão que tivemos que procurar outras opções e acabamos por utilizar uma ligação rodoviária entre Porto e Bayonne na França. Tem que ter em atenção que além do bilhete, terá que pagar o excesso de carga e levar a bicicleta desmontada numa caixa, devidamente protegida. A nós deu-nos jeito dois esticadores, para prender a bicicleta no porão de bagagem, que também foram úteis no caminho para levar a carga no suporte da bicicleta. Quando chegar ao destino terá que voltar a montar as rodas e apertar o guiador, o que para um ciclista minimamente experiente não é complicado.
Antes de chegar a Bayonne, poderá haver mudanças no autocarro, por isso terá que estar atento às indicações. Nestes locais não perca os seus objetos de vista, porque é fácil levarem as suas malas do porão, trocadas intencionalmente ou não, e nós assistimos a uma situação desta e que é sempre potenciada e aproveitada pela confusão gerada.
Nós compramos o bilhete na empresa IberoCoach, que tem uma sede física mesmo em frente à estação da CP, em Campanhã, no Porto, lado poente. Os autocarros em que viajamos foram da empresa Flixbus, que faz viagem para toda a Europa, tendo o embarque sido feito na nova plataforma intermodal, que fica localizada perto desta estação, lado nascente.
Se chegar de comboio, como nós a Porto Campanhã, deverá depois dirigir-se para o novo Terminal Intermodal de Campanhã, situado na Rua de Bonjóia - Porto. Depois de sair da passagem inferior, do lado nascente, virada para a Ponte do Freixo, sobre o Rio Douro, vire à esquerda, que esta moderna e recente plataforma de embarque, para autocarros, surgirá a cerca de 300 metros. No local deverá consultar os ecrãs das partidas para se informar qual é o seu cais de embarque. Tenha em atenção que deve chegar algum tempo antes para acomodar a sua caixa da sua bicicleta no portão de carga, o que se torna mais complicado se os outros passageiros já o tiverem feito.
Um aviso, nesta agência de mediação onde compramos os bilhetes foi-nos dito que bastava a bicicleta ir com as rodas desmontadas e embrulhada em película. Contudo já em Espanha, numa paragem, tanto o novo motorista português, que por sinal, não era nada simpático e arranjou alguns atritos com os passageiros, bem como uma fiscalização de empregados da Flixbus, puseram em causa o transporte da bicicleta nestes moldes e quiseram ver o recibo do pagamento extra pelo seu transporte.
Uma das razões que nos levou a ir diretamente a esta agência foi o facto de no site da empresa Flixbus, o transporte de bicicletas estar sempre indisponível. Em resumo, se vai levar a bicicleta prepare-se porque pode ter problemas e por isso nada melhor que contactar diretamente esta agência e levar o veículo numa caixa.
Paragens do autocarro durante a viagem
O autocarro para a nossa viagem tinha como destino final Sion, em França, tendo os passageiros sido informados que haveria um transbordo durante a viagem. O mesmo fez paragens no Porto, Vila Real, Murça, Vila Flor, onde costumamos passar férias, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Macedo de Cavaleiros, e Bragança, onde paramos cerca de uma hora para almoçar. Aqui conhecemos um homem que regressava ao Luxemburgo, onde tinha tido um acidente na construção civil, que quase lhe custou a vida, quando caiu de um andar. Em Espanha parou em Suco, onde foi feito o transbordo para outro autocarro, Vitória e São Sebastião.
Os casais transmontanos que viajavam no autocarro, depressa verificamos serem de terras nossas conhecidas, como a Abrunheda, onde já fizemos uma caminhada, no Vale do Tâmega. Um homem disse ser do Vale do Salgueiro, onde existe uma tradição, muito contestada, dos rapazes com 5/6 anos fumarem durante a Festa dos Reis. Passamos no Azibo, onde existe uma praia fluvial que adoramos e nos disseram ser o maior lago da Europa em terra batida. Perto da barragem que segura as águas, fica localizada a aldeia de Vale da Porca, terra do artista já falecido, Roberto Leal.
Peripécia da viagem Porto - Bayonne
De Portugal este autocarro levou passageiros emigrantes que regressavam a França e casais mais idosos da primeira geração, já reformados e residentes naquele país, que tinham vindo matar saudades da terra, cuidar da sua casa, terrenos, assuntos ou negócios. Outros antigos emigrantes, optaram por passar o resto da sua vida na terra natal e iam agora visitar os seus filhos e netos, o que levou a que durante a viagem se ouvissem as suas conversas telefónicas naquela linguagem tão peculiar e bonita do português afrancesado.
Na paragem em San Sebastião, Espanha, para uma nova tomada de passageiros, já perto da fronteira francesa, o motorista, já com idade para ter juízo, modos e sabedoria, com a justificação, quiçá ilegal, de que estava sozinho, não abriu a porta para permitir os passageiros saírem um pouco para esticarem as pernas. No entanto um grupo de jovens franceses, não aceitou de bom grado aquela exigência e remataram, “Nous ne sommes pas des prisonniers monsieur”.
A coisa acabou por terminar quando já estava a ficar preta e passado uns quilómetros lá apareceu o ajudante. Este motorista, quando nos deixou em Bayonne voltou a embirrar com a bicicleta, depois de tantas horas de viagem, já não estávamos para aturar as suas casmurrices. Um amor de pessoa este senhor, tanto que até tínhamos preferido o primeiro, mais simpático e profissional, e até nos ajudou arrumar a bicicleta na mala em Campanhã. Como em tudo na vida um sorriso não mata e amabilidade é sempre bem-vinda.
Dia da viagem: 05-05-2023 - Bayonne > Saint-Jean-Pied-de-Port - País Basco Francês
Ficha técnica da viagem Bayonne - Saint-Jean-Pied-de-Port
- Destino da viagem: Bayonne - Saint-Jean-Pied-de-Port;
- Partida de Bayonne: 06h41, de 05/05/2023;
- Paragens do comboio: 08 - Villefranque, Ustaritz Jatxou, Halsou - Larressore, Cambo-les-Bains, Itxassou, Bidarray Pont Noblia, Ossès-St-Mart-d'Arrossa e Saint-Jean-Pied-de-Port;
- Chegada a Saint-Jean-Pied-de-Port: 07h46, de 05/05/2023;
- Embarque: Gare de Bayonne;
- Tipo de transporte: Ferroviária;
- Empresa: SNCF - "Société Nationale des Chemins de fer Français"
- Compra online dos bilhetes: https://www.omio.com/companies/trains/sncf
- Preço do bilhete: 5 euros, comprado online é mais económico;
- Duração da viagem: 01h05;
- Bicicletas: São permitidas bicicletas que são transportadas numa composição assinalada, penduradas num espaço próprio na horizontal;
- Região francesa: Nouvelle-Aquitaine;
Descrição da chegada a Bayonne - França
Chegamos a Bayonne eram cerca das 02h00, sendo a paragem na Avenida “Quai de Lesseps”, junto ao “Rio Adour”, com vista para a “Pont Saint-Esprit” e “Cathédrale Sainte-Marie de Bayonne”. Depois de termos desempacotado a bicicleta e montado facilmente as rodas, dirigimos-nos para a estação ferroviária, “Gare de Bayonne”, que fica localizada a cerca de 500 metros do local, seguindo em direção à ponte acima referida.
Não fosse estarmos tão cansados, tínhamos ido de bicicleta visitar o exterior da catedral, que fica perto, bastando atravessar a ponte. A estação estava fechada e só abria às 05h00. A nossa viagem para o primeiro comboio desse dia, com destino a Saint-Jean-Pied-de-Port, era só às 06h41. Temos consciência que poderíamos ter planeado melhor esta viagem, para chegar ao início desta peregrinação, para não termos chegado de noite a esta cidade e ficado à espera pela abertura da estação.
Contudo somos práticos campistas, pousamos bicicleta no relvado em frente, estendemos o colchão e deitamo-nos dentro do saco cama. Ali as autoridades sabem que chegam muitos peregrinos e tínhamos esperança de não sermos incomodados e efetivamente ninguém nos abordou. Estava tudo bem, o silêncio reinava, caíram alguns pingos de chuva, que se ficaram pela ameaça. A dada altura no jardim de frente chega um casal de namorados, que passou a noite a discutir acaloradamente até às 05h00. No entanto, de tão fatigados que estávamos não nos afetou muito e conseguimos dormitar um pouco. Às 05h00 da manhã, um funcionário da estação veio abrir as portas e tocar uma tradicional corneta.
Descrição da viagem Bayonne - Saint-Jean-Pied-de-Port
Pelas 06h00, dirigimo-nos para o interior da Gare de Bayonne, onde já andava um funcionário a fazer limpeza, a quem fomos perguntar informações e descobrimos ser português. Nós estávamos perfeitamente identificados como o nosso Portugal, de que temos orgulho de pertencer e a nossa bicicleta ostentava uma bandeira. O homem respondeu poupando as palavras, seria de esperar que um conterrâneo tivesse direito a um pouco mais de atenção e até nos pareceu incomodado com a nossa descoberta. Todos os trabalhos são dignos e nós próprios já trabalhamos na construção civil.
Antes do embarque conhecemos a funcionária que dá as partidas dos comboios e o revisor da nossa composição e imitamos os turistas orientais tirando selfies com eles.
Esta viagem foi feita numa pequena composição, pelo interior rural de França, muito bonito e pitoresco, atravessando aldeias, túneis e vales onde correm rios selvagens. Mas há cenas iguais em todo o mundo, como aquele pai que veio já atrasado trazer a filha à estação de carro, para ela ir trabalhar ou estudar.
Chegada a Saint-Jean-Pied-de-Port
Por fim, lá chegamos a Saint-Jean-Pied-de-Port, marcada pela bonita arquitetura francesa. Aqui dirigimos-nos para o interior da cidadela, desta antiga vila medieval. Um dos conselhos que damos aos nossos leitores que pretendem fazer esta peregrinação é não iniciarem como nós, no mesmo dia a peregrinação. Aproveitem para ficarem um dia nesta vila para a visitar e assim também poderem descansar de forma a estarem frescos no dia seguinte e poderem enfrentar e deslumbrar-se com a cadeia montanhosa dos Pirenéus, que vão ter que vencer. No entanto, como esperamos repetir esta aventura, com outros membros da equipa, mas a caminhar, aproveitamos esta experiência para nos ajudar no futuro.
Obtenção da Credencial do Peregrino Francesa
No interior da cidadela dirigimo-nos aos “Les Amis du Chemin de Saint-Jacques-Pyrénées-Atlantiques", na 39, rue de la Citadelle, F. 64220 Saint-Jean-Pied-de-Port, onde obtivemos a “Carnet de Pèlerin de Saint-Jacques”, que é a credencial do peregrino, com a particularidade de ser francesa e assim podermos juntar as nossas portuguesas já concluídas. Os funcionários desta organização não falam português e são dados aos peregrinos os seguintes documentos; a credencial, uma mapa desta vila e um documento com todos os albergues do caminho, com os contactos, que de nada nos valerão, por estar quase tudo esgotado, mas que explicaremos durante este artigo.
Morada, contactos e funcionamento dos "Les Amis du Chemin de Saint-Jacques-Pyrénées-Atlantiques"
Amis du Chemin de Saint-Jacques / Pyrénées-Atlantiques
Président : M. Bertrand Saint-Macary
39, rue de la Citadelle
64 220 Saint-Jean-Pied-de-Port
39, rue de la Citadelle - 64 220 SAINT JEAN PIED DE PORT
Telefone: +33 05 59 37 05 09
Email: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Web: http://www.aucoeurduchemin.org - http://www.compostelle.fr
Horário de funcionamento:
- Segunda-feira a Quinta-feira, Sábados: 07h30 > 12h00 e 13h30 < 20h00;
- Sextas e Domingos: 21h30 > 22h30;
1º dia de peregrinação: 05-05-23 - Saint-Jean-Pied-de-Port - França > Aurizberri / Espinal - Espanha
Ficha técnica do 1º dia de peregrinação: 05-05-23
- Local de Partida: Saint-Jean-Pied-de-Port - França;
- Percurso para bicicleta: Os ciclistas podem escolher ir pela estrada ou montanhas, mas a grande maioria com bicicletas elétricas escolhem ir pelas montanhas. Tenha no entanto em atenção que a maior parte da subida tem que ser feita empurrando o veículo, porque o caminho não permite que se pedale devido à inclinação ou piso irregular. A nossa opinião é que embora seja muito mais difícil esta subida dos Pirenéus deve ser feita pela espetacularidade das suas paisagens. O único ponto menos positivo é o excesso de peregrinos que por vezes se verifica.
- Local de Chegada: Auritz/Burguete – Espanha;
- Quilómetros: 32 km;
- Localidades/Pontos de Interesse: França; Cidadela de Saint-Jean-Pied-de-Port (200 m), Cadeia Montanhosa dos Pirenéus, Huntto, Refuge Orisson, Vierge Biakorri (1095), Château Pignon, LaCroix Thibaut e Collado de Bentartea (1337 m). Espanha; Collado Lepoeder (1430 m), Puerto de Ibañeta (1057 m), (950 m), Auritz/Burguete, Rio Urrobi e Auritz/Espinal;
- Fronteira França/Espanha: A fronteira fica situada entre os pontos de interesse: Na França, de Collado de Bentartea (1337 m) e Espanha, Collado Lepoeder (1430 m), a 15, 5 km de Saint-Jean-Pied-de-Porto;
- Alojamento: Albergue Camping Urrobi - Auritz/Espinal;
Descrição do 1º dia de peregrinação
O começo deste primeiro dia de peregrinação, começou em França, dentro da cidadela da comuna de Saint-Jean-Pied-de-Port. Nós escolhemos a opção de ir pelas montanhas, mesmo sabendo de antemão as dificuldades que iríamos encontrar. O caminho é a vida e como ela nem sempre temos que escolher a encruzilhada mais fácil.
Nesta subida destacamos a grande da cordilheira dos Pirenéus, onde pastam nos terrenos com grande inclinação os rebanhos de ovelhas e os cavalos semisselvagens. A dada os céus encheram-se de grandes silhuetas negras, que pelo comportamento gregário soubemos serem abutres-pretos. Esta espécie está em perigo de extinção, mas felizmente algumas pessoas e associações estão a tentar salvá-la.
Nas montanhas dos Pirenéus um pequeno monumento, com uma placa escrita em basco, assinala três franceses que no decorrer da II Guerra Mundial foram torturados e mortos pelos alemães.
“NAFARROA 1940-1944 ORION. BRETT MORTON Réseaux d'évasion et de renseignements ihardok sarekoen orhoitzapenez. Horietan: Jean Baptiste Arretche, Jean Pierre Arretche, Jean Baptiste Cristeix. Aleman nazien torturapean hil ziren. Horieri esker zenbait mila jende Salbatuak izan ziren. En mémoire des membres des 2 réseaux Dont certains sont morts sous la torture des nazis allemands. Grâce à eux des milliers de personnes ont été sauvées.”
Em Roncesvalles, já em Espanha, passamos pela "Real Colegiata de Santa María de Roncesvalles", mas o cansaço e falta de tempo não permitiram que tivéssemos disponibilidade íisica para a ir visitar.
A nível das marcações do caminho do lado Francês não são muito homogêneas, nem exatas, mas como o trilho está bem marcado na terra e há outros peregrinos no caminho, não é difícil de seguir. Do lado Espanhol, o caminho está bem demarcado, com a sinalética usual, setas amarelas e marcos em granito.
Pessoas no 1º dia de peregrinação
Da cidade de Dublin, na Irlanda, encontramos Kilmartin Don, a descansar um pouco, antes de retomar o seu caminho. De Espanha, quatro ciclistas, a subirem a encosta com as suas bicicletas, que embora elétricas, a inclinação do terreno não permitia que fossem utilizadas: Carlos Sancho, Luis Escribano, José Luís Ernando, todos de Burgos, e José Siberiano, de Segóvia. Os quatro partiram de Sant-Jean-Pied-du-Port e iriam terminar em Burgos. No ano anterior fizeram o percurso de Burgos até Santiago de Compostela.
Alojamento no 1º dia de peregrinação
Nas nossas viagens anteriores pelos Caminhos de Santiago não foi necessário reservar alojamento, com maior ou menor dificuldade conseguimos sempre uma vaga. As principais razões para não o fazermos estão relacionadas com o facto da média numa bicicleta ser muito diferente em comparação com os peregrinos apeados. Se quem caminha normalmente faz uma média regular, independentemente do tipo de piso ou inclinação do terreno, os ciclistas por vezes não podem pedalar e tem que rebocar a bicicleta à mão, quando não a têm que transportar ao ombro, o que neste caminho felizmente não aconteceu.
Durante o percurso nas montanhas dos Pirenéus, ao vermos a quantidade de peregrinos, suspeitamos acertadamente que iríamos ter problemas em conseguir alojamento. Nós tivemos uns amigos que tinham feito o caminho no ano anterior, também de bicicleta, sem problemas de alojamento, mas com a diferença fundamental de ter sido durante o mês de setembro.
Quando chegamos a Roncesvalles e Auritz/Burguete, estava tudo esgotado e encontramos uma das últimas vagas no Parque de Campismo, onde também funciona um albergue, denominado Camping Urrobi. Foi um primeiro dia muito duro, agravado pelo facto de termos descansado pouco, já não tínhamos energia para mais. Já estávamos preparados para caso este também estivesse cheio, pedir para tomar um banho e dormir no relvado com o colchão e saco cama.
Felizmente que neste local também existia um restaurante com menu peregrino, onde partilhamos uma mesa, com um peregrino da Coreia do Sul, casado, com dois filhos e que trabalha no metropolitano de Seul. Cada país tem os seus hábitos e ele gosta como os seus conterrâneos de saborear o gelado com pão. Na mesa ao lado, um grande grupo de Alemães, deram graças, rezaram e cantaram. Foi uma das nacionalidades que mais encontramos pelo caminho, sempre organizados e metódicos. Durante esta viagem fizemos amizade com dois deles, que faziam o caminho de forma solitária, a caminhar e bicicleta. Este último chamava-se Francisco, e que ficou a conhecer a nossa Nacional 2, que disse ir tentar fazê-la no próximo ano.
Pontos de interesse em destaque no 1º dia de peregrinação
-
Cidadela de Saint-Jean-Pied-de-Port;
"Capital da Baixa Navarra e famosa parada a caminho de Saint Jacques de Compostela, Saint-Jean-Pied-de-Port encanta os peregrinos que param e os visitantes que amam belas pedras. Rodeada por muralhas de arenito rosa, a cidade medieval de Saint-Jean-Pied-de-Port impressiona com as suas ruas ladeadas por casas antigas, a antiga ponte sobre o Nive, fachadas pitorescas ao longo do caminho da água rodada e sua imponente citadela remodelada por Vauban, cuja silhueta domina os telhados da cidade. Para desfrutar de uma bela vista de Saint-Jean-Pied-de-Port e do verde País Basco, não hesitaremos em subir até a entrada da cidadela. Vale a pena, o panorama é lindo! Então, no seu caminho de volta pela rue de la Citadelle, depois de cruzar o portão de Saint-Jacques, você não perderá a oportunidade de observar as velhas casas adornadas com lintéis esculpidos ou fazer algumas compras nas lojas. Em 41 rue de la Citadelle, faça uma parada na Prisão dos Bispos, seu museu oferece uma exposição permanente dedicada aos caminhos de Saint-Jacques de Compostela na época medieval!"64 -
Portão de Notre-Dame e campanário da Igreja de Notre-Dame-du-Bout-du-Pont - Saint-Jean-Pied-de-Port;
-
Igreja de Notre-Dame-du-Bout-du-Pont - Saint-Jean-Pied-de-Port;
-
Cadeia montanhosa dos Pirenéus - França;
-
Abutres-pretos - Pirenéus - França;
“O abutre-preto, espécie ameaçada de extinção, está a conseguir fixar-se em duas novas zonas do Norte da Península Ibérica de onde tinha desaparecido, graças a um projeto de conservação. O êxito explica-se com o facto de, nos últimos anos, termos libertado nos Pirenéus mais de 70 abutres-pretos, procedentes de centros de recuperação e de reprodução em cativeiro”, disse Ernesto Álvarez, presidente da GREFA e responsável pela recuperação dos abutres europeus através de projetos de reintrodução.”3 -
Cavalos semisselvagens - Pirenéus - França;
-
Real Colegiata de Santa María de Roncesvalles - Roncesvalles - Navarra - Espanha;
2º dia de peregrinação: 06-05-23 - Aurizberri / Espinal - Espanha - Uterga
Ficha técnica do 2º dia de peregrinação: 06-05-23
- Local de Partida: Auritz/Burguete;
- Local de Chegada: Uterga;
- Quilómetros: 57,2 km;
- Localidades: Auritz/Burguete, Alto de Mezkiritz (922 m), Rio Erro, Bizkarreta-Gerendiain (Viscarret), Lintzoain, Carrovide (909 m), Pureto de Erro (801 m), Rio Arga, Zubiri, Urdaitz, Larrasoaña, Akerreta, Rio Arga, Zuriain, Irotz, Zabaldika, Arleta, Puente de Arre, Rrinidad de Arre (Villava/Atarrabia), Bullata/Nurlada, Puente de Magdalena sobre o Rio Arga, Pamplona (446 m), Catedral de Pamplona, Cizur Menor, Guenduláin, Zariquiegui, Sierra del Perdón, Alto del Perdón (770 m), Uterga.
- Alojamento: Albergue Casa Baztan – Uterga;
Descrição do 2º dia de peregrinação
Depois duma noite de sono bem dormida, onde recuperamos do difícil primeiro dia, acordamos com boa disposição e começamos a pedalar mal surgiram os primeiros rosáceos braços da aurora. Tomamos o pequeno-almoço na Taberna Ederrena, em Aurizberri - Espinal, onde não faltam os típicos “breakfast” ingleses, com ovos, bacon, presunto, tortilhas e outras iguarias, que se algumas são saudáveis outras podem ajudar a encurtar o caminho. Pela nossa parte ficámos pela tradicional tortilha e café com leite.
A arquitetura das casas em Espinal, ainda é parecida com a da cidade francesa de Saint-Jean-Pied-de-Port, onde se destacam as portadas das janelas e portas em madeira, pintadas com cores vivas primárias, onde sobressai o vermelho e telhados inclinados porque por aqui no inverno deve nevar. O percurso é caracterizado por grandes caminhos que serpenteiam pelas vertentes das montanhas ou vales, ladeado de luxuriante natureza ou férteis campos agrícolas.
Nós adoramos passar pelos templos religiosos, onde paramos sempre para admirar a sua construção, estilo e por vezes elaborados e grandiosos ninhos das cegonhas, nas altaneiras torres sineiros, que nos olham como se aquilo tivesse sido feito para sua fruição. Quando a vontade impera, entramos para rezar e nos deslumbramos com a manifestação de fé dos povos. Neste segundo dia destacamos a Igreja de Bizkarreta.
As pontes medievais neste caminho francês, concorrem em número e beleza, como a ponte medieval “Puente de la Rabia del Zubiri", sobre o rio Arga, onde muitos pescadores tentam a sua sorte na pesca das trutas. Pássamos também sobre a “Puente de Irotz”, que o escultor Pello Iraizoz, numa carta-denúncia publicada no Diário de Notícias em 25-03-2020, acusou de terem feito obras na ponte em 1941, que alteraram a sua silhueta e beleza primitiva.
Neste dia destacamos a passagem por Batán de Villava. Antes de atravessar a ponte medieval “Puente de la Trindade de Arre”, século XII, aconselhamos a visitar o miradouro a jusante do rio. Neste local pode apreciar o seu açude e todos os monumentos naturais e arquitetónicos desta vila.
Logo depois desta ponte, pode visitar a “Ermita de la Trindade de Arre”, que é um templo dedicado à Santíssima Trindade, do século XII. Neste edifício também funciona uma albergue, denominado “Trinidad de Arre, Albergue - Basílica", que oferece alojamento aos peregrinos desde o século XII. Este será um dos locais mais interessantes para o peregrino pernoitar, pela sua beleza, história e espiritualidade.
Em Villava passamos pela Igreja de "San Andrés", na Plaza Consistorial, Villava/Atarrabia, da região autónoma de Navarra. Cruzamos a ponte medieval “Puente de la Magdalena”, em Zubia. Entramos em Pamplona, vencendo um fosso, onde ainda subsiste a ponte levadiça e respetivo mecanismo metálico. Entramos na cidadela pela “Portal de Francia o Zumalacárregui”, por onde durante todos estes séculos passaram os peregrinos oriundos de França.
Durante a tarde na passagem por Pamplona, passamos pela “Catedral de Santa Maria La Real”. Vimos também os adeptos da equipa local de futebol, do Osasuna a prepararem-se para irem assistir ao jogo da noite, com o Real Madrid, para a Taça do Rei. Este encontro, que se realizou à noite, no Estádio Olímpico de La Cartuja, em Sevilha, terminou com a vitória do Real Madrid, por 2-1, levando à conquista do seu 20º troféu nesta competição.
Passamos pela Igreja Românica de “San André”, em Zariquiegui e começamos a subir o “Monte de Perdón”. No “Alto del Perdón”, a 770 m, destacamos a paisagem em redor e as várias figuras metálicas do monumento aos peregrinos, com 14 figuras. Na outra vertente foi também construído outro monumento, “Memorial Fosas de la Sierra de Perdón”.
Começamos depois a descer para Uterga, onde elementos da nossa equipa tinham durante o dia com extrema dificuldade reservado um alojamento.
Pessoas no 2º dia de peregrinação
Nesta etapa conhecemos o casal brasileiro, Cecilia Tamiko Tanigucho, japonesa e Vidalino Marcos Ferreira de Sousa, brasileiro, que nos indicaram a importância do "Guia Michelin" para esta viagem, que também compramos perto da Catedral de Pamplona.
No final do dia no albergue de Uterga, conhecemos o padre Australiano, Frmark Withoos, da Paróquia de Dacred Gleart. Durante o jantar comunitário tivemos o prazer de nos termos sentado junto da sua companhia e apesar do nosso inglês sofrivel conseguimos comunicar.
Alojamento no 2º dia de peregrinação
Ficámos alojados no final deste 2º dia de peregrinação no Albergue Casa Baztan, em Uterga. Este alojamento tem a particularidade de ter no seu interior uma pequena capela e no exterior um aprazível jardim.
Pontos de interesse em destaque no 2º dia de peregrinação
-
Puente de la Rabia de Zubiri - Zubiri;
"Logo que se chega a cidade, somos recebidos por uma linda ponte medieval do século XII que passa sobre o rio Arga – Alias, Zuburi significa “Vila da Ponte” em língua basca (euskera) – Existe uma lenda muito interessante que diz que, qualquer animal que passe por baixo dos arcos da ponte se cura de qualquer doença, inclusive de raiva, por isso a ponte é chamada de Puente de la Rabia. Existem algumas variações dessa lenda, mas todas relacionadas a cura ou imunidade da raiva.Tudo isso começou porque no século XI, quando começaram a construir a ponte, tiveram que escavar uma rocha para apoiar o pilar central, e encontraram o cadáver de uma jovem perfumada, que acreditaram ser Santa Quitéria, a quem era atribuído milagres relacionados à cura da raiva. Mas a história não acaba aqui! Na época tentaram levar o corpo para a catedral de Pamplona, fizeram um cortejo cheio de pompa, entretanto, quando chegou no local onde a Santa fora encontrada, a mula que a carregava empacou e ninguém conseguiu fazer o animal se mover, aí as pessoas entenderam que era lá que a Santa queria ficar, e novamente a colocaram no local onde a encontraram."6
-
Puente de Irotz - Irotz;
"Também chamada de ponte Irotz. O nome Iturgaiz aludiria a uma "enorme ou má fonte" que desaguava junto à ombreira esquerda, a montante, utilizada como lavandaria pelas mulheres do Bairro Bajo que não iam à fonte Iturraldea, situada no centro da povoação. De estilo românico, foi erguido no século XII no Caminho de Santiago, junto à ermida da Virgem de Monserrat. Em 1550 ele recebeu o cânon de lenha. Possui um grande arco central rebaixado e três menores nas laterais, todos semicirculares e de cantaria solta. A via tem 40 m de comprimento e 3,6 m de largura. Possui dois talha-mares triangulares. Foi reformado no século XX. A já referida ermida de Monserrat, o hospital de São Miguel e o antigo moinho compunham o conjunto edificado da margem direita do rio."7 -
Puente de la Trindad de Arre - Batán de Villava;
"A Basílica da Trindade ergue-se junto a uma ponte antiga, hoje restaurada mas de possível origem romana. Precisamente numa vinha anexa à ermida, foram encontradas em 1583 duas placas de bronze com inscrições latinas datadas dos séculos I e II d.C. Chamada de "ponte Atarrabia" em meados do século XIII, permitia que a antiga via romana cruzasse o rio Ulzama e depois o Caminho de Santiago que de Roncesvalles leva à capital de Navarra. Esta ponte foi cortada no seu troço central durante a última Guerra Carlista (1873-1876) e só foi restaurada em 1963."8 -
Iglesia Santisima Trinidad - Arre - Batán de Villava;
"Esta pequeña Iglesia con advocación a la Santísima Trinidad, todavía conserva su ábside medieval que se puede contemplar desde el puente. Fue en su tiempo, hospital, ermita y albergue de los peregrinos que llegaban a Pamplona cansados del largo trecho desde Roncesvalles o del Baztán."65
-
Iglesia de San Andrés - Villava;
-
Puente de la Magdalena - Zubia;
"Esta é a mais importante das quatro pontes medievais que atravessam o Arga na sua passagem por Pamplona. Foi construído no século XII e posteriormente renovado no século XIX. É composto por três grandes arcos ligeiramente pontiagudos."9 -
Portal de Francia o Zumalacárregui - Pamplona;
"O "Portal de Francia", foi construído em 1553 pelo vice-rei Duque de Alburquerque, é o mais bem conservado dos seis que tinham o antigo recinto murado da cidade. Viajantes do país vizinho entravam e saíam da cidade por ela, daí seu nome. Das duas portas principais que compõem o portal, a interior conserva um escudo renascentista esculpido com a águia bicéfala e as armas imperiais. Uma placa recorda a partida do general Tomás Zumalacárregui de Pamplona em 1833 para liderar as tropas carlistas. Por esta razão e desde 1939, este portal é também conhecido como portal Zumalacárregui.Desde os tempos medievais esta é a porta que serve de acesso aos peregrinos que chegam a Pamplona seguindo o Caminho de Santiago. A cidade murada, fechada sobre si mesma, tinha seis “portais”. Hoje, apenas o que vemos aqui sobrevive em seu local original. Já na época medieval fazia parte do recinto amuralhado da cidade de Navarrería. Em 1553, após a conquista de Navarra, o acesso foi reestruturado, o que explica a presença do brasão de Carlos V. Dois séculos depois, foi construída uma segunda entrada com ponte levadiça um pouco mais abaixo, que esteve em pleno uso até 1915. Hoje, no dia 5 de janeiro, o portão do elevador é abaixado para dar as boas-vindas aos Três Reis Magos."10
-
Catedral de Santa Maria La Real - Pamplona;
-
Igreja românica de “San André” - Zariquiegui;
-
Alto del Perdón - Zizur Mayor - Comunidade Autônoma de Navarra;
"Alto do Perdão| Alto del Perdón: Donde se cruza el camino del viento con el de las estrellas
A 770 metros acima do nível do mar, em meio ao Caminho Francês, está um dos grandes marcos do Caminho de Santiago. O Alto do Perdão está localizado na serra de mesmo nome – na cidade de Zizur Mayor, Comunidade Autônoma de Navarra – entre as cidades de Pamplona e Puente la Reina.
A subida é árdua tanto para os caminhantes como para os ciclistas. A paisagem, no entanto, vale todo o esforço envolvido. Muitos, ritualísticamente, dedicam a superação desta etapa à autolibertação por meio da concessão do perdão a si mesmo e aos outros por erros cometidos.
Pouco antes do topo da serra está a Fuente de Reniega ou Gambellacos – como é chamada na atualidade – cenário da lenda que conta que após a tortuosa subida da “Sierra del Perdón”, o diabo apareceu a um peregrino sedento, em pleno verão, na forma de um belo e gentil jovem. O demônio propôs ao caminhante a possibilidade de refrescar-se e matar sua sede se este renegasse a Deus. Ele recusou. Então, satanás voltou a tentar-lhe sugerindo que renegasse à Virgem Maria. O romeiro recusou novamente. Como última oferta, o tinhoso provocou o andarilho afirmando que para conseguir a água, bastaria que este renegasse ao apóstolo Santiago. E pela terceira vez o caminhante recusou e se pôs a rezar, pedindo ajuda aos céus. Neste momento, o jovem satã desapareceu em uma nuvem de enxofre e em seu lugar apareceu Santiago vestido de peregrino, que o levou à fonte escondida e lhe ofereceu água cristalina em sua concha de vieira.
Já no topo da Serra – onde existiu durante os século XV e XVI uma capela e um hospital dedicados à Virgen del Perdón ou Santa María de Erreniega – foi construído um altar com os restos do antigo santuário, um conjunto escultórico de ferro e, em 1994, o primeiro parque eólico de Navarra, com 40 turbinas de 40 metros de altura.
Durante a Idade Média, considerava-se que as graças recebidas por alcançar a capela eram as mesmas que as obtidas por finalizar a peregrinação em Santiago de Compostela, ou seja, era concedido o perdão dos pecados e a garantia de saúde espiritual aos que morriam durante o trajeto restante. A capela desapareceu completamente em meados do século XIX e a imagem da Virgem foi trasladada para a igreja de Astráin.
O monumento de ferro – obra de 1996, do artista Vicente Galbete – é formado pela silhueta, em tamanho natural, de uma comitiva de 14 peregrinos de diferentes épocas. Os dizeres “donde se cruzan el camino del viento con el de las estrellas” representa o encontro da caravana – guiada pela Via Láctea através do Caminho de Santiago, o Caminho das Estrelas – com o vento constante que sopra na colina e a evolução histórica desta rota milenar.
Os peregrinos aproveitam o local para uma parada de descanso, de reflexão e de preparo para a descida, que pode ser ainda mais dura para alguns, pois além de íngreme tem muitas pedras soltas. A ausência do peso dos pecados perdoados certamente fortalece os que creem para que continuem sua jornada..."11
-
Memorial Fosas de la Sierra de Perdón - Monte de Perdón - Zizur Mayor, Comunidad Autônoma de Navarra;
3º dia de peregrinação: 07-05-23 - Uterga > Lorca
Ficha técnica do 3º dia de peregrinação: 07-05-23
- Local de Partida: Uterga
- Local de Chegada: Lorca
- Quilómetros: 20,9 km;
- Localidades: Uterga, Óbanos, Puente la Reina (345 m), sob o Rio Arga, Mañeru, Cirauqui, pontes romana e medieval, esta última sobre o Rio Salado, Lorca. Durante o trajeto é possível apreciar a Sierra de Andia e o Alto de la Trinidad (1248 m).
- Alojamento: Albergue Bodega del Camino – Lorca;
Descrição do 3º dia de peregrinação
Neste terceiro dia de peregrinação, antes de sairmos do Albergue Casa Baztan, em Uterga, assistimos pelas 06h00, a uma missa canónica, ministrada pelo padre Australiano, Frmark Withoos, em latim e inglês. Esta celebração decorreu na pequena capela privada do alojamento, sendo a maioria dos crentes de origem alemã. Depois da celebração este padre iniciou o caminho antes de nós, mas que fomos alcançar ainda durante a manhã. Quis o destino no entanto que ficássemos hospedados novamente no mesmo local na Lorca, pelos motivos a seguir referidos e onde partilharmos o jantar comunitário.
Durante o caminho passamos pela "Plaza de los Fueros, em Obanos", Navarra, Espanha, onde podemos apreciar a "Iglesia de San Juan Bautista - Ubanos", e abandonamos esta praça pela “Puerta de la Plaza de los Fueros”, em forma de triângulo.
Chegamos a “Puente la Reina”, passamos pela sua porta de entrada, ”Iglesia e Convento del Crucifijo”, e fomos apreciar o altar-mor, da “Iglesia de Santiago". Antes de abandonar esta terra paramos junto da ponte romana, "Puente Perecrinos ErroMesen Zubia - Puente la Reina", descemos até junto do leito do Rio Arga, para melhor apreciar a sua arquitetura.
Depois de alguns quilómetros, por caminhos sem grandes inclinações, em terra batida, chegamos a Mañeru, tendo passado junto da “Iglesia de San Pedro de Mañeru”.
Passados alguns quilômetros, começamos a contemplar a vista panorâmica de Cirauqui-Zirauki com suas casas amontoadas na encosta da colina, tendo a serra da Urbasa como pano de fundo. Entramos na cidade pela porta primitiva, do século XII, que lembra em estilo a de San Pedro de la Rúa de Estella, e que possui um grande arco polilobado, com arcos de ferradura e elegante decoração. Do seu lado direito ainda existe uma antiga pedra funerária discoidal, com a cruz de Santiago, com a data de 1658.
Passamos ao lado da “Puente romano de Cirauqui, Navarra”, por um caminho construído propositadamente para as bicicletas, de modo ao ciclista não ter que carregar a mesma pelas escadarias.
Durante toda a manhã tentamos em vão conseguir reservar alojamento por telefone, a maioria não nos atendia ou diziam estarem completos, apesar de estarmos a telefonar para a relação em papel que nos foi fornecida pelos “Les Amis du Chemin de Saint-Jacques-Pyrénées-Atlantiques”. Não é possível usufruir plenamente do caminho sabendo que no final do dia podemos não ter onde dormir. Por esta razão tomamos uma decisão, embora ainda fossem cerca de 12h00, no próximo albergue onde encontrassemos vaga iriamos ficar para planear melhor a peregrinação e reservar alojamento. O destino foi gentil neste aspeto conosco porque logo na primeira localidade, denominada Lorca, encontramos vaga.
Depois de nos instalarmos, começamos a fazer a reservar alojamento, de acordo com a nossa média diária de 55/65 km, através duma conhecida aplicação para o efeito e com ajuda do "Guia Michelin" aqui já referido, que indica a distância entre as várias terras. Se porventura não existisse vaga na localidade que queiramos, a própria aplicação sugeria outras antes ou depois.
Durante a tarde fomos conhecer esta terra, que não é muito grande e tem como maior monumento arquitetónico, a sua “Iglesia de San Salvador”. Nós fomos encontrar esta igreja a ser fechada, de onde saiu triste o nosso amigo padre australiano, que queria ali fazer uma missa, mas o pároco não o permitiu. À noite durante o jantar comunitário no albergue já o fomos encontrar recuperado desta contrariedade, há que aceitar os desígnios de Deus.
Pessoas no 3º dia de peregrinação
Uns quilómetros antes de Lorga voltamos a encontrar o peregrino padre Australiano, Frmark Withoos, que tinha iniciado o percurso antes de nós. Pelas razões acima referidas terminámos nesta localidade a nossa jornada diária e por coincidência este padre aqui também ficou alojado e durante o jantar comunitário podemos apreciar novamente a sua grande fé e sabedoria. Sabemos ler as pessoas e a comunidade que ele serve tem um bom pastor.
Alojamento no 3º dia de peregrinação
Nesta localidade de Lorca, só existem dois albergues, que são vizinhos, tendo nós conseguido vaga no “Albergue Bodega del Camino”. O seu gestor é um pouco rude, aliás como a generalidade dos que conhecemos, não têm com o que se preocupar porque a procura é superior à oferta e lhes permite a sobranceria. Aqui neste albergue funciona também um bar, onde servem comidas, mas que durante o jantar comunitário está fechado. Por esta razão os peregrinos são empurrados para este jantar partilhado, onde pagamos o maior preço, 16,50 euros.
Pontos de interesse em destaque no 3º dia de peregrinação
-
Igreja da Asunção de Maria - Uterga;
-
La iglesia parroquial de San Esteban - Muruzábal;
-
Plaza de los Fueros, Obanos - Navarra - Espanha;
Esta praça é muito bonita e está enquadrada por uma igreja e porta de entrada muito bonitas. -
Iglesia de San Juan Bautista - Ubanos;
-
Iglesia y Convento del Crucifijo - Puente la Reina;
-
Iglesia de Santiago - Puente la Reina;
Nesta igreja destacamos o seu magnífico pórtico de entrada, altar-mor e retábulo. "A igreja foi construída no século XII, porém remodelada e ampliada no século XV, para acrescentar diferentes elementos em estilo gótico. Da primitiva igreja românica é conservado um pórtico e a sala capitular. No interior da igreja, conserva-se um retábulo do século XVIII e estátuas de Santiago Peregrino."12"O primitivo templo de Santiago era românico, do século XII. Tinha três naves separadas por colunas com um portal principal do início do século XIII, a pé parcialmente cego, levando à construção do portal para a Rua Mayor, que podemos ver na mesma data. A recuperação demográfica e económica da vila durante o século XVI obrigou o seu bairro a reabilitar o antigo templo românico, para o que foi necessário demolir a torre, as três naves e os seus capitéis. A nova igreja aproveitou as paredes poente e meridional do templo medieval, bem como os seus portais, ampliando o seu espaço com um grande transepto, capelas, sacristia e capela‐mor poligonal, coberta por abóbada em estrela. O resultado obtido foi grandioso: uma igreja de dimensões catedrais condizentes com o que a cidade merecia.
Novas obras não foram realizadas até o século XVIII. Desta época são o claustro, edificado sobre o cemitério, a casa capitular e a torre, erguida em três tempos, que sofre as mais importantes alterações até adquirir o seu aspeto atual. Ao entrar no templo pela porta principal, somos surpreendidos por duas magníficas esculturas góticas, uma de frente para a outra: Santiago Peregrino, em madeira, do século XIV, popularmente conhecido pela sua pátina escura como beltza (preto em basco) e São Bartolomeu , contemporâneo do anterior. Uma peixaria, outrora utilizada como mercado, fecha a igreja em direção à Rua Mayor.
Em frente ao templo de Santiago encontra-se o Convento da Trindade, em cuja fachada se destaca uma escultura renascentista do Pai Eterno em pedra. Objeto de reformas e ampliações em diversas épocas, em meados do século XVIII foi dotado da atual fachada neoclássica. O convento foi confiscado sendo hoje propriedade privada."13
-
Ponte Romana - Puente Perecrinos ErroMesen Zubia - Puente la Reina;
"Esta ponte romana é a imagem de marca da vila de "Puente la Reina", atravessa o rio Arga e dá nome à vila. Foi construída no século XI para facilitar a passagem de peregrinos de toda a Europa. Provavelmente foi construída por iniciativa de uma rainha, Doña Mayor, esposa do rei Sancho el Mayor, ou Dona Estefanía, esposa do rei García el de Nájera. A ponte foi descrita como um dos mais belos exemplos românicos da rota jacobeia. Surpreende em primeiro lugar pelas suas dimensões, já que o seu comprimento é de 110 metros e a sua largura é de 4. Tem sete arcos semicirculares; o mais oriental, subterrâneo, próximo à Casa de Bond.
Em cada um dos cortes ou chaminés existem pequenos arcos que tanto aliviam o peso como servem de vertedouro quando o rio sobe. A ponte era defendida por duas torres localizadas em suas extremidades e tinha outra torre central abobadada coincidindo com sua parte mais alta. No seu interior albergava uma pequena capela que guardava a imagem renascentista da Virgen del Puy, esculpida em pedra no início do século XVI. Muito venerado pelos locais, ficou famoso pela lenda do Txori, passarinho em basco, que aparecia na capela e limpava o rosto da Virgem com o bico e as asas. Em 1843, ao tentar alargar a ponte, a imagem foi transportada em procissão até à freguesia de São Pedro. Além da capela central, a torre poente foi demolida, perdendo a aparência da ponte como referência à sua localização. O portal do Açougue, que compõe o bairro de mesmo nome, foi o último a ser construído."14
-
Iglesia de San Pedro de Mañeru;
-
Vista panorâmica para a localidade de Cirauqui-Zirauki;
-
Pedra funerária discoidal - Cirauqui;
-
Puente romano de Cirauqui - Navarra;
-
Iglesia de San Salvador - Lorca;
4º dia de peregrinação: 08-05-23 - Lorca > Logroño
Ficha técnica do 4º dia de peregrinação: 08-05-23
- Local de Partida: Lorca;
- Local de Chegada: Logroño;
- Quilómetros: 59 km;
- Localidades: Lorca, Villatuerta, Ermita de San Miguel, Lizarra/Estella (426 m), Rio Ega, Ayegui, Monasterio de Irache, Azqueta, Villamayor de Monjardín (675 m), Urbiola, Arroyo de Riomayor, Las Cruces (625 m), Ermita de San Sebastián, Los Arcos (445 m), Arroyo de San Pedro, Sansol, Rio Linares, Torres del Rio, Ermita de la Virgen del Poyo (558 m), Barranco de Cornaval, Viana, Virgen de las Cuevas, Cruce n. 111, Pantano de las Canãs, Puente de Piedra no Rio Ebro, Logroño (385 m);
- Alojamento: Winederful Hostel & Café - Logroño;
Descrição do 4º dia de peregrinação
Podemos agora dizer que só a partir do quarto dia de peregrinação é que conseguimos implementar a melhor forma de fazer este caminho de bicicleta. Nos já não tínhamos a preocupação de não saber se iríamos conseguir alojamento no final do dia, começamos também a levantar-nos mal surgiam os primeiros raios da aurora e começamos a simplificar alguns processos da reportagem. Esta etapa ficou marcada pelos grandiosos templos religiosos por que passamos e as extensas plantações de vinho da região demarcada "La Rioja", néctar de que gostamos especialmente.
A noite mal tinha acordado quando passamos junto da Igreja milenar de “San Veremundo”, em Villatuerta". A “Iglesia de San Pedro de la Rúa - Estella - Lizarra”, que se destaca pela sua escadaria em direção ao céu, na encosta do monte. No passado os arquitetos e engenheiros, não modificavam a topologia do terreno, para construir as suas monumentais criações, aproveitavam os seus contornos e relevos naturais para as tornarem mais belas. Um caso moderno onde isso foi usado com sucesso foi no Estádio da Pedreira, do Sporting Clube de Braga, projetado pelo Arquiteto português, Eduardo Souto Moura.
Logo pela manhã fomos matar a sede, não com água, mas com "vino", na fonte do vinho - "Fuente de Irache - Bodegas de Irache". A região demarcada de Irache é conhecida pela produção vinícola. Uma das suas empresas produtoras, que aqui se denominam “Bodegas”, nascida em 1891, resolveu colocar para os peregrinos matarem a sede gratuitamente, uma fonte, com água e vinho, embora a primeira tenha menos sucesso. Da parede saem duas torneiras, com os líquidos preciosos, no entanto uma mensagem avisa que o local está vigiado por câmaras de vigilância, para as pessoas não abusarem. Nós provamos um pouco do vinho com a nossa concha de santiago, mas houve que o levasse em garrafinhas.
O nosso grande actor, Vasco Santana, foi das melhores figuras que encarnou o espírito português, se por aqui passasse o que diria se já não precisasse de pregar a parede para o vinho jorrar a rodos. Por outro lado uma invenção destas em Portugal poderia originar mortes, já que conhecemos casos onde as pessoas chegaram a vias de facto, por nas fontes públicas não terem respeitado a sua vez, outros levarem água a mais ou embirrar com os lugares de estacionamento.
No entanto como sinal de tolerância aqui fica a mensagem que esta fonte ostenta:
“Peregrino
Si quiseres ilegar a Santiago
con furza e vatalidad
de este gran vino echa um trago
y brinda por la Felcidade.”
Na grande epopeia da Odisseia, os guerreiros por vezes fazem libações aos Deuses para agradecer a vida e pedir sorte na batalha, vertendo um pouco do vinho na mãe terra, um gesto que por vezes nós imitamos. Ao lermos esta mensagem pensamos que grande engano tantas pessoas vivem, por não saberem que a felicidade é simples e muito fácil de alcançar, mas é preciso ter sabedoria para o entender e estudar para a alcançar.
Passamos pela Igreja de Santa María em Los Arcos, mas infelizmente estava fechada, como muitas outras durante este caminho. As aldeias, vilas e até cidade que passamos durante o caminho possuem uma unidade arquitetónica, que consegue de forma harmoniosa conciliar a arquitetura antiga com a moderna, como por exemplo Torres del Rio - Navarra. Nesta localidade destaca-se a sua igreja octogonal, denominada por “Iglesia do sepulcro”.
Entramos em Viana, pelo “Portal de La Trinidad” e depois de passarmos por muitas vinhas da região de La Rioja, chegamos ao nosso destino desta etapa, Logroño.
Fomos jantar ao "Café Moderno", perto do albergue, onde pedimos o menu peregrino. Para encontrar este local perguntamos a um casal idoso onde se comia bem. Podem existir muitas informações na Internet sobre estes assuntos e até aplicações, mas há coisas que ainda preferimos à moda antiga e que ainda são infalíveis. Neste estabelecimento centenário, que foi inaugurado em 1916, fomos bem atendidos, servidos e aconselhamos a conhecer. O local como constatamos é muito frequentado por peregrinos.
Há uma história engraçada para contar, sobre este café. O mesmo já tem uma longa história, que está refletida pelas fotos espalhadas pelas paredes, as antigas a preta e branco e as modernas a cores. Uma delas mostrava o café cheio em 1916, com as pessoas e empregados com a indumentária do início do Séc. XX, mas ao analisarmos os pormenores, vimos um funcionário com um corte moderno, cabelo aparado dos lados e o que parecia ser cabelo espetado no cimo, com gel. Acabamos por encontrar a explicação, a data está gravada no chão do café e aquilo tinha sido um baile de máscaras para comemorar o centenário.
Alojamento no 4º dia de peregrinação
Em Logronõ ficamos alojados no Winederful Hostel & Café, que fica bem localizado perto da catedral. Os hostels em Espanha, tem um código de segurança para as pessoas acederem ao interior e um cartão para o respetivo quarto.
Onde Comer em Logroño
"Café Moderno" - Calle de Francisco Martinez Zaporta 7, 26001, Logrono
Pontos de interesse em destaque no 4º dia de peregrinação
-
Igreja milenar de “San Veremundo”, em Villatuerta;
San Veremundo ou Bermudo (Arellano ou Villatuerta, Navarra, ca. 1020 - Irache, Ayegui, Navarra, 1092 ou 1099), foi um monge beneditino, abade do mosteiro de Santa María la Real de Irache (Navarra) entre 1052 e 1092. Ele é venerado como santo pela Igreja Católica. -
Iglesia del Santo Sepulcro - Estella - Lizarra;
"Situada na Calle Curtidores, deixou de funcionar como igreja paroquial em 1881, e o seu mobiliário passou a decorar o interior de outras igrejas como a de San Pedro de la Rúa. Concebida como uma igreja de três naves, apenas a do Evangelho tem uma forma semicircular típica do românico tardio, ou seja, dos finais do século XII. No século XIV, dentro do estilo gótico, tentou-se dar à igreja um aspeto mais monumental com a construção de dois absides pentagonais, embora apenas o da nave principal e o portal da nave do Evangelho tenham sido construídos.
Destaca-se a portada, obra da primeira metade do século XIV, com inscrição em estilo gótico e com clara influência francesa. Este é concebido como um grande arco triunfal, de aba larga, ladeado no topo por uma galeria de pequenos arcos que albergam esculturas redondas de várias formas. A própria capa possui uma rica decoração decorada em seu tímpano, onde são narradas a paixão, morte e ressurreição de Cristo. Este tímpano está dividido em três registros, o primeiro representa a última ceia. No segundo registo podemos contemplar três cenas da ressurreição de Cristo (as três Marias no Sepulcro, a descida ao Limbo e o Cristo ressuscitado aparece a Maria Madalena). Esses registros culminam com uma representação de Cristo na Cruz. Acima do tímpano sobrepõe-se uma faixa vertical com uma série de anjos portando instrumentos da Paixão."16
-
Iglesia de San Pedro de la Rúa - Estella - Lizarra;
"Em 1256 recebeu o título de Igreja Maior da Cidade. O acesso à igreja é feito por uma escada feita no início dos anos setenta do século XX. Destaca-se o aspeto ascensional que lhe confere, não só pela sua posição encimada, mas também pela verticalidade proporcionada pela torre, aberta ao fundo pela monumental janela de rendilhado gótico.O portal data da primeira metade do século XIII, apresentando vestígios de clara influência árabe, embora com contribuições decorativas românicas num delicado rendilhado de cariz vegetal, geométrico e figurativo, com harpias, sereia, centauro e grifos.
O interior do edifício apresenta formas construtivas que têm origem no último quartel do século XII. Deste período é a cabeça do templo formada por três absides que são acessadas por uma escada feita em 1893 pelo pedreiro de Estellés Cayetano Echauri. A igreja é composta por três naves, estando a capela de San Andrés situada na nave do Evangelho, construída em 1696 com profusa ornamentação e retábulo executado na segunda metade do século XVIII. O templo é presidido por uma efígie de São Pedro datada de 1687. Destacam-se imagens como a Virgen de la O (XIV) ou a Virgen del Rosario, obra da primeira metade do século XVII. Possui uma bela pia batismal datada do final do século XII.
Apresenta um belo claustro datado de cerca de 1170, do qual faltam dois lados, destruídos em 1572 após a demolição do castelo. De primeira ordem em termos de qualidade escultórica, os seus capitéis recebem várias mãos de diferentes artistas. Os capitéis alternam elementos históricos da vida de santos, guerreiros, domadores, esfinges, na ala norte, e no lado poente todo um bestiário com sereias, harpias, grifos e motivos vegetalistas."17
-
Fonte do vinho - "Fuente de Irache - Bodegas de Irache";
-
Igreja de Santa María - Los Arcos;
"Monumental edifício, esplendidamente decorado, construído e reformado entre os séculos XII e XVIII, que mostra diversos estilos, desde o românico tardio e o gótico precoce até o renascimento e o barroco. O interior tem um grandioso retábulo principal do século XVII dominado por uma imagem gótica de Santa María, além de outros retábulos de estilo rococó e barroco."15 -
Igreja octogonal, “Iglesia do Santo Sepulcro” - Cúpula em arcos cruzados - Torres del Rio - Navarra;
"A igreja está localizada na entrada da cidade. Tem planta octogonal, um pouco irregular, o ábside que é semicircular, funciona como cabeceira, e à frente encontra-se a torre que dá acesso ao lanternim. O alçado é constituído por dois corpos unificados por colunas de ordem gigante. Destaca-se a sua abóbada alta com nervuras entrelaçadas no interior, que dá nome às cúpulas muçulmanas, e é iluminada por uma série de janelas centrais. As nervuras da cúpula são raspadas com pinturas, com os nomes dos Apóstolos e outras representações, além da legenda “I fecit” que faz referência ao autor da igreja. Uma lanterna octogonal eleva-se acima da cúpula."18 -
Portal de La Trinidad - Viana;
-
Iglésia de Santa María - Viana;
-
La Rioja - com mais de 500 adegas vinícolas;
"Quem não conhece os vinhos de La Rioja? Esta zona da Espanha, com mais de 500 adegas vinícolas, tem fama internacional pela qualidade dos seus vinhos. Quando visitá-la, além de prová-los, você poderá realizar atividades em extensos vinhedos como montar a cavalo, sobrevoá-los em balão, atravessá-los em 4x4…Esta região tão unida ao famoso Caminho de Santiago também lhe espera com atrativos culturais. Além da capital, Logroño, você poderá descobrir outras localidades como Santo Domingo de la Calzada e a sua Catedral ou San Millán de la Cogolla e os seus Mosteiros de Suso e Yuso, declarados Patrimônio da Humanidade pela UNESCO e conhecidos porque ali nasceram as primeiras palavras escritas em espanhol."19
-
Catedral de Logroño;
5º dia de peregrinação: 09-05-23 - Logroño > Viloria de Rioja
Ficha técnica do 5º dia de peregrinação: 09-05-23
- Local de Partida: Logroño;
- Local de Chegada: Viloria de Rioja;
- Quilómetros: 66,5 km;
- Localidades: Logroño, Cruce, Parque de La Grajera, Pantano la Graja, Alto de la Grajera (560 m), Antigo Hospital de peregrinos, Navarrete, rio la Fuente, Arroyo de las Alias, Ventosa, Alto de San Antón (715 m), Rio Yalde, Nájera (490 m), Rio Najerilla, Azofra, Cruz de los Peregrinos, Canal la Margem Derecha, Rioja Alta Golf Club, Cirueña, Santo Domingo de la Calzada (640 m), Rio Oja, Grañón, Redecilla del Camino, Castildelgado, Viloria de Rioja.
- Alojamento: Refúgio de peregrinos Acacio & Orietta - Viloria de Rioja;
Descrição do 5º dia de peregrinação
Acordamos pela manhã e tudo augurava que iria ser um dia esplêndido, no entanto como disse Madalena, em Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, “Mas neste tempo não há que fiar no Tejo: dum instante para o outro por vezes levanta-se uma nortada.”
Ainda a lua se refletia nas águas do lago, quando passamos no Parque de La Grajera. Foi aqui contemplando a serenidade, o acordar da natureza, que sentados tomamos o “desjejum”, como os Espanhóis gostam de dizer.
Os vinhedos da Rioja continuaram a fazer-nos companhia até surgir no horizonte “Villa de Navarrete”. Antes de entrarmos nos seus domínios, passamos pelas ruínas, do “Antiguo Hospital de Peregrinos San Juan de Acre”. Deambulamos pelos seus espaços, onde outrora durante a idade média, os peregrinos ficavam alojados e tratavam as suas mazelas do corpo e da alma. O local serve agora de morada a um sem-abrigo, que preparava o seu pequeno-almoço, ao som de música da sua pequena telefonia e nos olhava curioso.
Gostamos muito da cidade de Nájera, em La Rioja, encostada a uma peculiar escarpa recortada por estratos geológicos de cor ocre. O monumento de maior importância desta terra, o “Monastery of Santa María la Real”, andava em obras de recuperação.
Foi ao entrar em Azofra, que as cores fechadas do céu, aprisionado por ameaçadoras nuvens negras, nos avisaram que iria haver borrasca e grossos mares se iriam levantar, sem nós ter nenhuma relíquia para oferecer. Antes da começarem a cair as primeiras bátegas, ainda contemplamos o exterior da “Iglesia Parroquial de Ntra. Sra. de los Ángeles”.
E sobre nós abateu-se o maior temporal que já testemunhamos durante os caminhos. Antes de nos atingir, cobrimos os alforjes com a proteção e vestimos roupa adequada, no entanto ainda entrou alguma água na nossa armadura. A chuva fez enlamear os caminhos de tal maneira que as mudanças da bicicleta deixaram de funcionar.
A sorte foi o temporal ter rebentado na parte final do percurso previsto para este dia. Chegamos a Viloria de Rioja, e dirigimo-nos para o albergue, “Refugio peregrinos Acacio & Orietta - Viloria de Rioja”. Neste local tivemos que passar com uma mangueira água na bicicleta, para tirar a lama maior, principalmente das mudanças e corrente. O frio penetrou-nos profundamente nos ossos e felizmente que no albergue tinham dois aquecedores ligados e máquinas para lavar e secar roupa.
Nesta pequena aldeia, rural, agrícola, com poucos habitantes, apenas se pode destacar a sua "Igreja de Santo Domingo de la Calzada", que tem uma curiosa arquitetura e que por vezes até faz esquecer o seu carácter religioso.
Alojamento no 5º dia de peregrinação
Neste 5 dia de peregrinação ficamos alojados no Albergue, “Refúgio peregrinos Acacio & Orietta”, situado em Viloria de Rioja, gerido por um casal de brasileiros. Este albergue tem a particularidade de ser apadrinhado pelo escritor brasileiro, Paulo Coelho, que já esteve no local. Os beliches receberam o nome dos seus livros e por coincidência o nosso foi o "The Alchemist", o livro deste escritor que gostamos mais de ler até ao momento. Nesta pequena aldeia não há outros locais para tomar refeição, no entanto o albergue tem sempre um jantar comunitário, onde os peregrinos são convidados a fazer um "donativo" de 10,00 euros.
O jantar foi partilhado com o casal e uma peregrina, professora norte-americana. O menu constou de sopa, salada, arroz, lentilhas com chouriço, gelado e vinho ou água conforme o gosto. Pela nossa parte não dispensamos o vinho e apreciamos o desta região da Rioja. Durante o jantar de tudo se falou e pela nossa parte foi o caminho que fizemos com a cabeça mais vazia. Há algumas dificuldades se quiser madrugar muito cedo para começar o caminho, porque a porta principal é fechada à chave. Por esta razão terá que "negociar" com a gerência para lhe abrirem a porta, uma situação que talvez tivéssemos gerido de maneira diferente se fosse hoje, como disseram em cima os jovens franceses, "Nous ne sommes pas des prisonniers monsieur".
Pontos de interesse em destaque no 5º dia de peregrinação
-
Parque de La Grajera - Logroño -La Rioja - Espanha;
"O último ponto de interesse do Caminho de Santiago ao deixar para trás Logroño. O Parque de la Grajera, único parque natural da cidade de Logroño, ocupa uma área de 87 hectares, dos quais 32 correspondem a um lago. Ao longo dos anos, desenvolveu-se no parque um dos ecossistemas lagunares mais importantes da nossa região.A Câmara Municipal, consciente do seu interesse e beleza, interveio em La Grajera plantando árvores, traçando caminhos, criando infraestruturas e zonas habitacionais.
Quando o tempo está bom, La Grajera recebe uma multidão de visitantes que vêm ao parque para passar o dia e entrar em contato com a natureza. Também são organizadas inúmeras excursões escolares, crianças que lotam a Aula Didática que existe no parque durante todo o ano para aprender tudo relacionado ao meio ambiente."21
-
Bodegas de Rioja;
"Logroño é a capital de La Rioja. É uma cidade pequena, mas a atmosfera em suas ruas, seus restaurantes e monumentos. A Denominação de Origem Qualificada Rioja (DOCa Rioja) é a mais antiga da Espanha. Com mais de quinhentas vinícolas no seu território, é uma referência mundial da enologia. De todas elas, uma centena pode ser visitada para fazer uma imersão na cultura do vinho."22 -
Antiguo Hospital de Peregrinos San Juan de Acre - Villa de Navarrete;
"Fundou-se em 1185 como albergue e auxílio de peregrinos. Em 1990, iniciaram-se as escavações arqueológicas no lugar e encontraram-se os muros principais do antigo hospital, de uma grande igreja com planta de cruz latina e com torre cilíndrica com escada de caracol. Um dos achados arqueológicos mais importantes foram quatro sepulturas."23 -
Montanhas de Najéra;
-
Monastery of Santa María la Real - Najéra;
"Situada a 27 quilômetros de Logroño, Nájera é um dos povoados por onde passa o Caminho de Santiago, graças ao rei Sancho III que, no século XI, modificou a rota para que a vila fosse uma dos lugares de passagem para os peregrinos.A vila está dividida pelo rio Najerilla e abriga em uma de suas margens um monumento de excepcional importância: o mosteiro de Santa María La Real. Erigido no ano 1032, sofreu muitas reformas no século XV. Sua aparência exterior de fortaleza contrasta com a beleza ornamental do claustro dos Cavalheiros, assim denominado pelo grande número de nobres que nele têm sepultura.
A igreja abriga um magnífico trabalho de talha no coro, um brilhante retábulo-mor com a imagem românica da titular do templo, o panteão Real, com sepulcros de uma trintena de monarcas; o mausoléu dos duques de Nájera e, na cripta, a caverna onde segundo se relata se lhe apareceu a Virgem ao rei dom García, que ordenou a construção do recinto. Em frente do cenóbio encontra-se o Museu Histórico Arqueológico Najerillense, com seções de Pré-História, Romano, Medieval, Etnografia e Pintura, e materiais procedentes da comarca de Nájera. Também é de interesse a paróquia de Santa Cruz e sua lanterna sobre pendentes, situada na praça de San Miguel."20
-
Iglesia Parroquial de Ntra. Sra. de los Ángeles - Azofra;
-
Iglesia de Santo Domingo de la Calzada - Viloria de Rioja;
Santo Domingo de la Calzada, nasceu em 1019 na cidade de Viloria de Rioja, 15 quilômetros a oeste de Santo Domingo de La Calzada, onde foi construída uma catedral em sua honra.
6º dia de peregrinação: 10-05-23 - Viloria de Rioja > Burgos
Ficha técnica do 6º dia de peregrinação: 10-05-23
- Local de Partida: Viloria de Rioja;
- Local de Chegada: Burgos;
- Quilómetros: 60 km;
- Localidades: Viloria de Rioja, Villamayor del Rio, Arrayo del Valle, Arrayo Trambasaguis, Belorado (770m), Tosantos, Villabistia, Espinosa del Camino, Monasteiro de San Felices, Villafranc Montes de Oca, Montes de Oca, Alto de Valbuena (1162 m), Rio Cerrata de la Pedraja, Puerto de la Pedraja (1150 m), San Juan de Ortega (1040 m), Agés, Rio Vena, Atapuerca, Matagrande (1078 m), Villaval, Cardeñuela Riopico, Orbaneja-riopico, Villafria, Burgos (860 m);
- Alojamento: Hostel Catedral Burgos;
Descrição do 6º dia de peregrinação
Neste 6 dia de peregrinação destacamos pela manhã, num dos seus vastos campos agrícolas, termos surpreendido um veado, que podia ser da espécie, "cervus elaphus", que ruminava sossegadamente. O animal ainda se encontrava a algumas centenas de metros, mas começou a correr desenfreadamente, parando pontualmente para ver onde nos encontrávamos.
Percorremos muitos quilómetros pelas florestas de Montes de Oca, em Burgos, até encontrar no Monte de la Pedraja - Burgos. Neste local foi erigido um monumento por familiares das cerca de trezentas pessoas fuziladas pelos apoiantes do regime fascistas do General Franco, nos primeiros anos da guerra civil Espanhola que decorreu entre 1936 e 1939. Estas vítimas tentaram defender a democracia da II República e pagaram com a vida os seus ideais de liberdade, quando foram derrotadas.
Perto do monumento acima referido, podemos encontrar um outro monumento denominado, “Las Fosas de La Pedraja”, inaugurado em 1 de novembro de 2012. Neste local foram enterradas em valas comuns, os cadáveres das vítimas fuziladas acima referidas. A “Fosa Común n.1”, foi localizada no dia 3 de junho de 2010. Os restos mortais destas 104 pessoas foram exumados entre 22 e 30 de agosto de 2010. No local existe uma placa com os nomes dos cadáveres já identificados.
Nós rezamos em memória destes mártires que perderam a vida duma forma bárbara, injusta e sem julgamento. Talvez vivamos os ecos deste passado passado com tanto sentimento porque tivemos um familiar que lutou contra o Estado Novo, durante o regime fascista de Salazar, tendo sido apanhado num certo dia pela PIDE, levado para as instalações desta polícia política em Espinho, sido torturado sem sucesso para revelar outros nomes. Em consequência das bárbaras agressões veio a morrer na sua casa, na aldeia de Tarei, em Santa Maria da Feira, completamente abandonado por todos, porque até medo as pessoas tinham de o visitar para prestar cuidados ou assistir ao seu velório, chamava-se Manuel Aires dos Reis.
Entramos na aldeia de Algés, duma forma comum neste caminho, depois de pedalarmos vários quilómetros por caminhos de terra batida, sem nenhuma povoação nas redondezas, a dada altura, surgia à nossa frente, aldeias bem delineadas, com a sua imponente igreja a velar pelos crentes. De uma forma parecida vimos aproximar-se Atapuerca, mas aqui entramos nesta terra por uma estrada, onde se destaca a “Iglesia de San Martín Obispo”, situada a norte da vila.
Subimos o "Monte da na Matagrande", até encontrarmos a Cruz de Madeira de Atapuerca (1978 m), com uma vista privilegiada para Burgos. No local uma placa tem uma inscrição dizendo que estas paisagens são as melhores de Navarra e Espanha.
De referir que estes domínios pertencem à Região Autónoma de Castilla e León, mas por aqui reina a divisão porque as placas ora são pintadas e apagam a Castilla ou noutras escondem Léon. Por outro lado, muitas palavras oficiais são rasuradas e reescritas toscamente. Em Espanha o idioma oficial é o Espanhol/Castelhano, mas muitas regiões consideram seus idiomas locais como os principais e o espanhol/castelhano, como secundário.
Chegamos finalmente a Burgos onde ficamos alojados no "Hostel Catedral Burgos", novamente perto da sua catedral, uma das mais grandiosas e bonitas deste caminho.
Pessoas no 6º dia de peregrinação
Em Belorado, encontramos a caminhar, num passadiço em madeira, o peregrino japonês, Junzo Takeshig, vestido de forma tradicional. A meio da manhã tínhamos o hábito de tomar um “Americano”, que é uma chávena de café, onde aqui na pátria se chama de “Abatanado”, vá-se lá saber a razão. Numa paragem no bar do albergue “El Descanso de San Juan”, em San Juan de Ortega, Burgos, os pardais são tão desavergonhados que pousam nas mesas e partilham da comida dos peregrinos sem pedirem licença, como aconteceu com o peregrino italiano, Tililio Domelli.
Alojamento no 6º dia de peregrinação
Em Burgos ficamos alojados no "Hostel Catedral Burgos", que fica localizado perto da catedral e duma praça, com muita animação noturna e áreas de restauração. Depois de termos feito compras num supermercado, aproveitamos para jantar ali perto num kebab, denominado, “Kebabish”, situado na Rua Vicente Aleixandre, 25, Burgos. O homem serviu-nos com modos brutos e maneiras de arrepiar, mas foram compensadas pelo prato que estava delicioso em qualidade e quantidade.
Depois de regressarmos ao hostel, fomos até ao seu bar, denominado, “Bar Flor da Escócia.” Este espaço pode ser frequentado pelos hóspedes e clientes do exterior. Para entenderem o que se vai relatar e perceberem que no caminho é necessário estarmos sempre atentos às abordagens de estranhos, vamos explicar que para os hóspedes acederem aos hostels têm que possui um código de quatro dígitos para a portal geral exterior e um cartão magnético para abrir a divisão onde está o seu beliche e outras dependências, desta forma a segurança fica reforçada.
Como ainda era cedo para irmos dormir fomos tomar um copo de vinho tinto de rioja ao bar do hostel. Nós aproveitamos aquela pausa para estudar vários documentos e guia de forma a preparar o caminho do dia seguinte, pelo para um bom observador depressa chegaria à conclusão que éramos peregrinos e alí estávamos hospedados. A dada altura fomos abordados por um jovem, bem vestido, bem falante, simpático, que não era espanhol, mas não vamos revelar a nacionalidade. O mesmo tinha na mão um cajado de Santiago e disse, com uma conversa inteligente, que também estava a fazer o caminho, que terminava em Burgos e se podia ir dentro ao hostel para entregar o cajado a um peregrino, porque não o queria dar alguém que não soubesse a sua importância nem o deixar na rua.
Não vamos aqui relatar toda a conversa, mas a sua “história”, tinha várias incongruências e pareceu-nos suspeita, ao ponto de lhe dizermos e que se ele podia confirmar isso à Guarda Civil, tendo abandonado o local. Ou seja, nós achamos que ele queria entrar no hostel, com outros motivos, usando o cajado como pretexto e podendo sair de lá com outros bens. Podemos ter-nos enganado, e pedimos perdão por isso, mas não íamos permitir que um estranho entrasse naquele espaço. Por outro lado ele na rua com bastante facilidade encontraria um peregrino sem cajado para doar o seu.
Recordamos que no nosso terceiro caminho pela Costa, roubaram a mochila um dos nossos amigos italianos, com quem partilhamos o hostel em Santiago de Compostela.
Pontos de interesse em destaque no 6º dia de peregrinação
-
Iglesia de Santa Maria - Belorado;
"Igreja que foi reconstruída no século XVI. De tipo colunar, abriga em seu interior importantes tesouros artísticos como seu Retábulo-Mor — obra barroca de finais do século XVII ou princípios do XVIII — a imagem da Imaculada Conceição que fica na capela que leva seu nome, a pintura de Nossa Senhora de Belém e o retábulo da capela dedicada ao Apóstolo Santiago."25 Numa dependência lateral desta igreja existe um albergue de peregrinos. -
Iglesia de Santiago - Villafranca Montes de Oca;
-
Montes de Oca;
-
Monte de la Pedraja - Burgos;
No Monte de la Pedraja - Burgos, destacamos o monumento que foi construído por familiares das cerca de trezentas pessoas fuziladas pelos apoiantes do regime fascistas do General Franco, nos primeiros anos da guerra civil Espanhola que decorreu entre 1936 e 1939. Estas vítimas tentaram defender a democracia da II República e pagaram com a vida os seus ideais de liberdade, quando foram derrotados.Localizado nos Montes de Oca, "“Las Fosas de La Pedraja”, é um monumento que foi inaugurado em 1 de novembro de 2012. Neste local foram enterradas em valas comuns, os cadáveres das vítimas fuziladas acima referidas. A “Fosa Común n.1”, foi localizada no dia 3 de junho de 2010. Os restos mortais destas 104 pessoas foram exumados entre 22 e 30 de agosto de 2010. No local existe uma placa com os nomes dos cadáveres já identificados."
-
Monasterio de San Juan de Ortega;
"A vila de San Juan de Ortega e o seu mosteiro surgem na história nas primeiras décadas do século XII, quando o fidalgo castelhano Juan de Ortega, nascido em Quintanaortuño em 1080, decidiu retirar-se para a solidão nas matas dos Montes de Oca.Em anos anteriores, Juan de Ortega havia colaborado com Santo Domingo de la Calzada na construção e reparação de pontes por La Rioja e peregrinado à Terra Santa, de onde voltou em 1114 com a promessa de construir uma capela em homenagem de San Nicolás de Bari, pois atribuiu ao santo o milagre de ter salvado o navio em que viajava de um certo naufrágio.
A capela de San Nicolás representaria o início das obras de San Juan de Ortega juntamente com um pequeno hospital. Devido ao auge das peregrinações, construiu uma pequena hospedaria para peregrinos junto à capela. Após a morte de Juan de Ortega, esta casa alcançou enorme fama no Caminho de Santiago, como local de guarda de suas relíquias.
No Santuário estabeleceu-se uma comunidade religiosa de Cónegos Regulares da ordem de San Agustín, que declinou no século XV, sendo substituída pela ordem dos Jerónimos, que aí se manteve até ao confisco de Mendizábal no século XIX. .
A igreja de San Juan de Ortega é substancialmente um templo românico. Construída no último terço do século XII até ao transepto, foi ampliada em meados do século XV com um troço de naves. Tem planta de três naves, transepto saliente e abside triplo."
-
Iglesia de San Martín Obispo - Atapuerca;
"No século X, esta povoação aparece, nos documentos, com referência ao javali, que abundaria nestas serras com o mesmo nome. Coroando o outeiro, que domina a vila, ergue-se orgulhosa, nas formas e nos materiais, a igreja, dedicada a San Martín Obispo, que apresenta campanário quadrado e óculo renascentista; abside retangular com contrafortes; e portada classicista com pilastras, arco de meio ponto e frontão, sob pórtico de arco rebaixado e grade de ferro forjado; tudo em admirável silhar de calcário. No interior, apresenta uma planta renascentista com uma nave e duas capelas laterais com pilastras, arcos e abóbadas em estrela de cantaria desnivelada. Bacia com copa lisa e base circular moldada.O retábulo-mor é barroco com Imaculada Conceição, San Martín a cavalo, Assunção e relevos da vida de San Martín, padroeiro da cidade; pintura das mesas dos Evangelistas; e no sacrário, São Pedro e São Paulo. Outra com Crucificado, San Pedro e San Pablo e relevo de San Francisco.
Outra com imagem da Coroação e telas de San Francisco, San Antonio, San Esteban, San Bernardino e San Jerónimo, deteriorada. Outro neoclássico com Virgen del Rosario, San Vicente, Santo Domingo e San Roque. Várias telas modernas. Como peças individuais, destacam-se um Crucificado na parede em cruz moderna e a Virgem do Rosário. Em ourivesaria, cruz plateresca com relevo, dourado e touceiras com colunas, s. XVI, e outra de metal gofrado; Custódia com templo, sol e raios, de Lucas Zaldibia?, s. XVII; Pixé gótica, cálice plateresco e outras peças dignas; um crucifixo de marfim. Cômoda de quatro seções. arca eucarística. Ferro seguro. Venerável jarro."27
-
Cruz de Madeira de Atapuerca - Matagrande (1978 m);
-
Iglesia Santa María la Real y Antigua de Gamonal - Burgos;
-
Catedral de Burgos;
"A Catedral de Burgos é um dos melhores exemplos da arte gótica espanhola. Especial destaque para a elegância de suas linhas. É a única catedral da Espanha considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO. Embora predomine o gótico, a catedral também incorpora outros estilos artísticos, já que sua construção se prolongou de 1221 até 1765. A fachada principal é a Porta do Perdão, com uma rosácea estrelada e uma galeria de estátuas dos reis de Castilla. Aos dois lados se erguem as torres de 84 metros, coroadas por magníficas agulhas perfuradas do século XV."66
7º dia de peregrinação: 11-05-23 - Burgos > Fromista
Ficha técnica do 7º dia de peregrinação: 11-05-23
- Local de Partida: Burgos;
- Local de Chegada: Fromista;
- Quilómetros: 63,5 km;
- Localidades: Burgos, Villalbilla de Burgos, Tardajos, Rio Arlanzón, Rabé de las Calzadas, Nuestra Señora del Monasterio, Hornillos del Camino (825 m), Arrayo de San Bol, San Bol, Hontanas, Arrayo de Garbanzuelo, San Antón (912 m), Castrojeriz (808 m), Alto de Mostelares (910 m), Itero del Castillo, Rio Pisuerga, Puente Fitero, Itereo la Varga, Canal del Pisuerga, Otero Largo (857 m), Boadilla del Camino (784 m), Eclusas, Canal de Castilla, Frómista;
- Alojamento: Albergue Estrella Del Camino - Fromista;
Descrição do 7º dia de peregrinação
Neste 7 dia destacamos os caminhos bordejados por papoilas, que se aglomeravam e erigiam as suas vermelhas pétalas nos verdejantes campos, baloiçando ao sabor da brisa e da passagem dos peregrinos. Passamos pela “Iglesia de "Santa Marina", em Rabé de las Calzadas. Em Hornillos del Camino pode-se conprar umas boas sandes, na “Alimentacion Area Km. 469” e comé-las nos bancos em pedra ao largo da “Iglesia de San Román”.
Ao chegar a Hontanas subimos uma pequena ladeira para apreciar a aldeia que se estendia a seus pés. No interior da “Iglesia de la Imaculada Conceptión”, destaca-se o seu retábulo barroco e uma área dedicada à memória e celebração daquilo que nos pareceu serem pessoas que foram laureadas com o prémio nobel da paz.
De uma forma mágica vimos surgir na nossa frente as ruínas, “Del Convento de San Antón, siglo XIV”, em Castrojeriz. A estrada passa pelo meio de dois arcos que apesar das pedras caídas ainda se mantêm seguros. O antigo convento está em ruínas, mas ainda conseguimos vislumbrar que outrora grandes histórias se desenrolaram dentro das suas paredes. As ordens religiosas durante a sua história tiveram um grande papel no desenvolvimento da sociedade, educação, economia e agricultura. Apesar de terem cometido erros, como os tempos escuros da inquisição, hoje já não se queima ninguém na fogueira, mas há outras maneiras igualmente perversas para fazerem arder as vozes das pessoas que usam afrontar os poderes políticos, econômicos ou sociais instaurados.
Castrojeriz é guardada desde há muitos séculos pelo seu castelo, no alto do monte Cerro del Castillo”. A cidade expandiu-se pela encosta onde foi edificada a “Iglesia de Nuestra Senõra de Manzano”. Depois de sairmos desta localidade, subimos até ao "Alto de Mostelares (910 m)", de onde se tem uma vista soberba sobre o horizonte em 360 graus. Muitas vezes a beleza não cabia no obturador da máquina, e por mais que nos esforçamos nunca podemos ser fiel à divina criação.
Pelo caminho visitamos a, “Confraternita di San Jacopo di Compostella, Hospital para Peregrinos Le San Nicolás de Puente Fitero - Itero del Castillo”, onde funciona um pequeno albergue. Quando visitamos o seu interior, como viajantes no tempo, fomos catapultados para a idade média, e não nos surpreenderia se tivéssemos visto um cavaleiro do templo, com a sua capa e armadura a caminho de Santiago.
Passamos pela "Puente de Itero del Castillo", sobre o rio Pisuerga, em Itero del Castillo, cujas águas não são abundantes e a sua saúde parece debilitada. Em certos locais mais parece um pantano lodoso do que um rio, com as suas águas estagnadas. Não sabemos se o facto dali próximo passar o “Canal de Pisuerga”, para irrigação das culturas de regadio, está relacionado com a sua saúde. E já que estamos a falar neste assunto, aproveitamos para dizer que vimos vários sinais da seca e até encontramos um leito de um rio seco.
Em Boadilla del Camino, destacamos a “Iglesia de Santa María de l'Asunción” e em frente ao “Rollo Gotico de Boadilla del Camino”. Entre Boadilla del Camino e Fromista, durante um quilómetro acompanhamos o ramal norte do “Canal de Irrigação de Castilla”, que nos fez lembrar certos esteiros da Ria de Aveiro. Este canal tem um sistema de comportas em Fromista, digno de registo e que se desenvolve para montante, ladeando campos agrícolas e sendo atravessado por antigas pontes até onde a vista alcança.
Depois de instalados no Albergue “Estrella Del Camino”, em Fromista. Como não nos agradou o preço e menu do jantar comunitário e maneiras sobranceiras do seu gestor, comum a muitos destes alojamento, fruto do excesso de procura, fomos à procura de outras opções. Aproveitamos a saída para visitar a “Iglesia de San Pedro, do século XV”.
Pessoas no 7º dia de peregrinação
Depois de jantarmos fomos até à sala do albergue, onde um grupo de peregrinos da Coreia do Sul, se divertia a fazer gestos com as mãos e tendo os outros que adivinhar que animal estavam a tentar imitar. Como nós até sabemos uns truques nesta matéria, acabamos por participar na brincadeira, para espanto e alegria destes amigos asiáticos. Um deles em sinal de amizade ofereceu-nos uma lembrança do seu país. A brincadeira acabou por ser interrompida, apesar de ser ainda cedo, por reclamações de peregrinos que queriam descansar.
Alojamento no 7º dia de peregrinação
Ficamos alojados em Frómista no Albergue “Estrella Del Camino”, não tendo ficado muito impressionados nem com as condições, nem com o atendimento e muito menos com o valor que queiram pelo jantar comunitário, onde havia poucas opções e foram poucos os peregrinos que o escolheram. Felizmente que nesta localidade há outras boas opções para jantar, como o "El Chiringuito Del Camino” - Frómista.
Onde Comer em Fromista
Jantamos no “El Chiringuito Del Camino”, situado na Pl. San Telmo, 2 - Frómista, tendo escolhido o menu peregrino. Este local é muito concorrido e depressa fica cheio, por isso o melhor é reservar com antecedência e chegar às horas combinadas. É comum neste restaurante as mesas serem partilhadas por peregrinos e na nossa conhecemos alguns de nacionalidade brasileira.
Pontos de interesse em destaque no 7º dia de peregrinação
-
Ruínas do Castelo de Castrojeriz;
-
Alto de Mostelares (910 m) - Mota de Judios - Burgos;
-
Iglesia de Santa Marina - Rabé de las Calzadas;
-
Iglesia de San Román - Hornillos del Camino;
-
Iglesia de la Imaculada Concepción- Hontanas;
"A igreja paroquial de Hontanas, presidida por uma torre alta e forte, é dedicada à Imaculada Conceição. Foi originalmente construído em estilo gótico, no século XIV, embora tenha sido reformado em estilo neoclássico ao longo do tempo. Abriga um retábulo barroco, obra do montanhista Fernando de la Peña. No interior encontra-se uma magnífica cruz processional em cobre com esmaltes e figuras típicas do século XIII, cujo estilo sugere que é de fabrico espanhol, de estilo românico tardio."27 -
Ruinas del convento de San Antón, siglo XIV - Castrojeriz;
"Este ícone jacobino, o convento de San Antón de Castrojeriz, era propriedade de uma comunidade de monges pouco conhecida Ordem de San Antón, também chamada por outros nomes: Ordem dos Irmãos Hospitaleiros de San Antonio ou simplesmente Irmãos Antonianos. Esta é uma Congregação Católica fundada por volta de 1095 na França. Nasceu como um grupo caritativo de leigos ao serviço do hospital Saint-Antoinede-Viennois (Isère, França). Foi fundada por Gaston e seu filho Guérin de Valloire em agradecimento por sua cura milagrosa da doença do ergotismo (Fogo de Santo Antônio), por intercessão de Santo Antônio Abade - cujas relíquias haviam sido levadas para a França pelo Conde Jocelyn de Chateauneuf."28 -
Castillo de Castrojeriz;
-
Iglesia de Nuestra Senõra de Manzano - Castrojeriz;
-
Alto de Mostelares - Castrojeriz;
-
Albergue do Hospital para Peregrinos Le San Nicolás de Puente Fitero - Itero del Castillo;
Este albergue funciona no antigo "Hospital para Peregrinos Le San Nicolás de Puente Fitero", situado em Itero del Castillo, pertencendo à Confraternita di San Jacopo di Compostella. "A bela ermida de San Nicolás, junto à Ponte Fitero, foi maravilhosamente reabilitada como hospedaria por uma associação italiana, de Perugia, que mantém o antigo rito do lava-pés. sua função original da ermida."29 -
Puente de Itero del Castillo;
-
Canal de irrigação de Pisuerga - Itero del Castillo;
-
Iglesia de Santa María de l'Asunción - Boadilla del Camino;
-
Rollo Gotico de Boadilla del Camino;
-
Canal de Irrigação de Castilla
-
Iglesia de San Pedro - Frómista;
-
Iglesia Románica de San Martín - Fromista;
"A "Iglesia Románica de San Martín", em Fromista, foi construída em 1.066. "Tendo como curiosidade, um capitel, colocado na parte superior de uma coluna, não sendo no entanto o original, mas sim uma cópia. Como traz nús, sofreu ataques, e para que fosse preservado foi transferido para o Museu de Palencia. Está inspirado em um sarcófago romano do século II d.C., que foi encontrado a uns quilômetros da igreja."30
8º dia de peregrinação: 12-05-23 - Fromista > Morantinos
Ficha técnica do 8º dia de peregrinação: 12-05-23
- Local de Partida: Fromista;
- Local de Chegada: Morantinos;
- Quilómetros: 48,1 km;
- Localidades: Fromista, Ermita de San Miguel, Problación de Campos, Revenga de Campos, Villarmentero de Campos, Villlacázar de Sirga, Carrión de los Condes (839 m), Lagunilla de la Vega, Abadia de Benevívere, Arroyo Seco Vega, Tierra de Campos, Cruce PP 2419, Cruce Bustillo del Páramo de Carrión, Calzadilla de la Cueza, Arroyo Cueza de Cabanas, Antiguo Hospital de Sta Maria de las Tiendas, Ledigos (883 m), Terradillos de los Templarios, Morantinos;
- Alojamento: Albergue San Bruno – Morantinos;
Descrição do 8º dia de peregrinação
Neste 8 dia, começamos a manhã a contemplar a beleza dos primeiros raios solares, dum amarelo alaranjado, a iluminar o granito, da “Iglesia Románica de San Martín”, em Fromista, com uma beleza que parecia divina. Os grossos céus parecerem ter ficado enfurecidos, destilando inveja e depressa se encolerizaram com um azul enraivecido e prestes arremeter as suas trombas de água sobre este paraíso.
Ao passarmos pela “Iglesia de Sta. María la Blanca - Villalcázar de Sirga - Palencia”, podemos constatar que as colunas exteriores, com cerca de 12 metros, que sustentam a abóbada de aresta, de construção romana, já estão precariamente seguras com ferros, mas os seus construtores foram audazes para aumentarem a grandiosidade da sua entrada.
Em Villalcázar de Sirga, junto ao restaurante “Méson de Villasirga”, encontramos uma escultura de um peregrino numa mesa, a tomar um copo e a descansar das agruras do caminho. Carrión de los Condes é uma cidade com muitos monumentos dos quais destacamos: "o centro da cidade está presidido pela Praça Maior, na qual podemos ver os principais edifícios civis e religiosos da cidade. De um lado, está a Casa Consistorial, construída em 1868 e que substituiu a anterior, incendiada durante a Guerra da Independência em 1811. Do outro lado, localiza-se uma das obras primas do Românico Espanhol, a Igreja de Santiago.”32
O “Santuario de Nuestra Señora de Belén - Carrion de los Condes", fica no cimo de uma encosta, no vale por onde passa o Rio Carrión - Carrion de los Condes, com muita vegetação ripícola e extensamente arborizado.
Em Calzadilla de la Cueza encontramos uma patrulha da Guarda Civil, com uma carrinha, vocacionada para a segurança dos peregrinos. Um dos aspetos que achamos que os Caminhos de Santiago têm que melhorar é no apoio ao peregrino. Nós já fizemos vários caminhos e tirando casos isolados não há serviços de apoio espalhados equitativamente pelos caminhos, de forma a ser avaliada a saúde dos peregrinos, prestar socorro, alimentação, segurança ou ajudar na resolução de algum problema. Por exemplo, nós tivemos um problema com um inseto que nos entrou num olho e o cabo do travão que partiu e tivemos que nos desenvencilhar sozinhos. Por vezes são pessoas particulares que tomam este encargo, como alguns casos que encontramos. Há etapas muito longas, por zonas muito isoladas, se o peregrino estiver sozinho e necessitar de cuidados urgentes, pode ter problemas. Os proveitos económicos que estas pessoas trazem a Espanha deveriam incentivar o seu governo a criar alguns pontos de apoio.
Chegamos a meio da tarde a Morantinos, na província de Palência, comunidade autónoma de Castela e Leão. A nível de monumentos destacamos a sua “Igreja de San Nicolás Obispo”, pelo facto de ter sido construída em tijolo. Esta é uma terra de agricultores, que espalham pelo lugar as suas alfaias agrícolas e onde as conversas durante o dia giram à volta deste trabalho.
Alojamento no 8º dia de peregrinação
Ficamos alojados no "Albergue San Bruno", em Morantinos, tem boas condições, com um excelente relvado, jardim e uma pequena fonte, onde os peregrinos mergulham os pés, mas há pormenores no seu atendimento que são criticáveis e alguns até ilegais. Quando chegamos ao albergue e fizemos o check in, observamos que estava exposto um aviso que indicava que o preço para os peregrinos que telefonaram a reservar era mais barato, em relação aos que o fizeram por aplicações. Depois queriam mais dois euros pela fronha e lençol, de material descartável. Este tipo de material já está incluído no preço dos alojamentos e nunca nos foi exigido o seu pagamento. Estivemos atentos e existiram outros conflitos com peregrinos, por motivos diversos, pelo menos um durante o jantar foi difícil de disfarçar.
Nesta localidade não há muita oferta de restauração, por isso participamos no jantar comunitário deste albergue, onde o prato da massa à "carbonara", se destaca, preparado pela proprietária de origem italiana. Entendemos que os negócios têm que ser rentáveis, mas há pormenores que dão uma má imagem.
Pontos de interesse em destaque no 8º dia de peregrinação
-
Iglesia de Sta. María la Blanca de Villalcázar de Sirga - Palencia;
"Trata-se de um templo de estilo de transição do românico ao gótico. Destaca-se a dupla fachada meridional, com esculturas do Pantócrator, Tetramorfos e Apóstolos. Também é interessante a capela de Santiago, de princípios do século XIV, onde são guardados os sepulcros do Infante dom Felipe e sua esposa dona Leonor Ruíz de Castro. Nesta Igreja encontra-se a Virgen Blanca, a que cantou Alfonso X o Sábio nas Cantigas. Foi um dos centros religiosos mais importantes do Caminho de Santiago."31 -
Iglesia de Santa Maria del Camino - Carrion de los Condes;
-
Praça Maior - Carrion de los Condes;
-
Iglesia de Santiago - Carrion de los Condes;
"De finais do séc. XII, sua fachada principal é reconhecida como uma das mais belas do estilo, com uma decoração escultórica realmente maravilhosa. Realizada em 1160, é uma das poucas partes originais de todo o conjunto. Em sua parte superior, vemos a figura do pantocrátor (Cristo em majestade), encerrado numa mandorla mística e cercado pelos tetramorfos (representação animal referente aos 4 evangelistas: Leão/São Marcos, Águia/São João, Anjo/São Mateus e Toro/São Lucas)."32
-
Iglesia de San Adrés - Carrion de los Condes;
-
Santuario de Nuestra Señora de Belén - Carrion de los Condes;
-
Rio Carrión - Carrion de los Condes;
-
Igreja de San Nicolás Obispo - Morantinos
"Construída em tijolo, é de uma única nave coberta com abóbada de berço com lunetas e cúpula rebaixada. Destaca seu retábulo maior barroco."
9º dia de peregrinação: 13-05-23 - Morantinos - León
Ficha técnica do 9º dia de peregrinação: 13-05-23
- Local de Partida: Morantinos;
- Local de Chegada: León;
- Quilómetros: 67 km;
- Localidades: Morantinos, San Nicolás del Real Camino, Rio Valderaduey, Ermita de la Virgen del Puente, Sahagún (meio do caminho), Calzada del Coto, Ermita de la Virgen de Perales, Bercianos del Real Camino (850 m), Cruce A 231, El Burgo Ranero, Arroyo de Valdelacasa, Arroyo de Valdasneros, Arroyo del Valle de Uúelga, Arroyo Madiz de la Cava, Reliegos (820 m), Mansilla de las Mulas, Rio Esla, Villamoros de Mansilla, Rio Porma, Villarente, Arcabueja, Valdelafuente, Alto del Portillo (880 m), Puente Castro, León;
- Albergues pelo caminho destaque: Em Sahagún, destacamos o Albergue de Peregrinos de La Santa Cruz, que funciona na dependência do Monasterio de Santa Cruz Benedictinas;
- Alojamento: Albergue Santo Tomás de Canterbury – León;
Descrição do 9º dia de peregrinação
Neste 9 dia destacamos a chegada no começo da manhã a Sahagún, na província de León, comunidade autónoma de Castela e Leão. Esta cidade informa com orgulho que fica localizada no centro do caminho. Pela nossa parte e apesar de termos adorado o caminho, o cansaço acumulado, as mudanças na rotina e as saudades de casa começaram a manifestar-se. Quando começamos a não ter vontade de tirar fotografias ou falar, é sinal que o caminho está a ser vivido plenamente e estamos a esvaziar a mente. A dada altura já não conseguimos ver mais nada a não ser esperar que as forças nos deixassem chegar ao final da etapa.
Ainda assim, destacamos a passagem pela "Virgen del Puente Hermitage", em Sahagún. Entramos nesta cidade pelo "Arco de San Benito", onde numa das extremidades da praça, foi erigido uma ordem beneditina denominada “Monasterio de Santa Cruz Benedictinas”. No seu interior umas irmãs freiras rezavam o terço e entoavam bonitos cânticos, acompanhados pela música de um órgão de tubos. Nós visitamos sempre estes locais com o máximo respeito, descobrimos a cabeça, rezamos e pedimos as respectivas autorizações, que neste caso foi dada com um leve aceno de concordância de por uma delas.
Nós começamos a interessar-nos pela Ordem Beneditina, quando visitamos o Santuário de São Bento da Porta Aberta, situado no Rio Caldo, município de Terras de Bouro, no interior do Parque Nacional Peneda-Gerês. Na sua biblioteca compramos dois livros, um sobre este Santo e outros dos painéis de azulejos, do artista Querubim Lapa de Almeida, que retratam a sua vida e que estão expostos no interior do santuário. A cultura da Europa deve muito a este Santo e a regra de São Bento, que ainda hoje é seguida, nós gostamos especialmente da sua divisa, “Orar e Labora” (orar e trabalhar).
Neste mosteiro funciona também, o “Albergue de Peregrinos de La Santa Cruz”, que aplica a regra de São Bento, «Todos os hóspedes, que chegam ao Mosteiro, os recebem como o próprio Cristo.”35
Em Bercianos del Real Camino, contemplamos a sua igreja moderna, em tijolo, que tem a particularidade de possuir uma torre metálica, com uma escadaria que sobe para o seu campanário. No projeto original estava planeado cobri-la também com tijolo, mas a verba esgotou-se, no entanto a sua visão minimalista dá-lhe um ar moderno, arrojado e subir ao topo deve ser uma experiência radical.
Em Burgo Ranero passamos pela "Iglesia de San Pedro Apostol", que também já foi reclamada pelas cegonhas. Foi no caminho entre esta localidade e Reliegos, que encontramos a peregrina portuguesa, Maria da Silva, que podemos conhecer melhor no capítulo seguinte.
Em Reliegos voltamos a encontrar umas construções embutidas em pequenos montes de terra, espalhados pela paisagem, da região autónoma de Castilla y León, que acompanham o caminho dos peregrinos de leste a oeste. Podemos apurar que são antigas “bodegas subterrâneas”, centenárias, abandonadas ou que agora tem outra utilização ou servem como arrumos.
Na passagem por Mansilla de las Mulas, destacamos o cruzeiro com o monumento ao peregrino, próximo da "Puerta Castillo", no local onde existiu um castelo hoje desaparecido. Passamos também pela “Iglesia de Santa Maria (Siglo XVII)”, e uma escultura denominada “Monumento a Santiago”. Em Puente Villarente foi construído um passadiço metálico sobre o Rio Porma, ao lado duma antiga ponte medieval sobre a estrada N-601, de forma a ser mais seguro os peregrinos fazerem a travessia e poderem aproximar-se da natureza.
Chegamos por fim a León, no entanto o nosso albergue, "Albergue Santo Tomás de Canterbury", ficou muito distanciado do centro da cidade. Depois de fazermos o check in, tivemos que tomar um autocarro para irmos ver a sua catedral, jantar e ir a uma farmácia buscar um anti-histamínico para o nosso olho para não deixar evoluir o seu ardor. Durante este tempo podemos apreciar a sua catedral e antigas muralhas medievais tardo-romanas da cidadela.
No final do dia seguimos a rotina, depois de passar algum tempo sobre o jantar, entre as 21h00 e 22h00 íamos dormir para podermos acordar cedo, escusado será dizer que o sono atingia-nos com toda a velocidade.
Pessoas no 9º dia de peregrinação
Encontramos nesta etapa, entre Burgo Ranero e Reliegos, a peregrina portuguesa, Maria da Graça Pereira da Silva, residente no Porto, tendo-nos dito que já fez os seguintes caminhos, dois portugueses centrais, o primitivo, por Zamora e Finisterra. Além de ser devota de Santiago, também já fez cinco peregrinações a Fátima.
Em relação a este caminho francês, disse-nos ter partido de Saint-Jean, dia 29 de abril, e esperar chegar a Santiago de Compostela no dia 27 de maio de 2023. Apesar de já ter feito dois caminhos acompanhada, os restantes foram sozinha. Maria da Silva faz estas peregrinações por devoção, cultura e o enquadramento ambiental, “Pelo prazer de caminhar na natureza”. Em relação a este longo caminho francês contou-nos, “Era um sonho que tinha há cerca de sete anos, só que é preciso reunir condições em todos os aspetos, inclusive a física.”
Alojamento no 9º dia de peregrinação
O Albergue Santo Tomás de Canterbury, tem a desvantagem de ficar a cerca de 2 km do centro da cidade, mas em compensação tem boas condições e os funcionários são simpáticos e por vezes abrem um sorriso e estão sempre disponíveis para ajudar os hóspedes. Seguimos as indicações que nos deram para a ida/volta ao centro da cidade de autocarro e correu tudo conforme o indicado.
Pontos de interesse em destaque no 9º dia de peregrinação
-
Virgen del Puente Hermitage - Sahagún;
-
Centro do caminho em Sahagún;
-
Arco de San Benito - Sahagún;
-
Monasterio de Santa Cruz Benedictinas - Sahagún;
"Fundada por São Bento de Núrsia, que viveu de 480 a 547. Nascido em Núrsia (Itália), de família nobre, estudou em Roma. Após completar seus estudos, ele deixou Roma para se tornar um monge eremita, estabelecendo-se em uma gruta distante do mundo. Logo sua fama de santo se espalhou e ele foi nomeado abade de um mosteiro próximo."34 -
Iglesia San Salvador - Bercianos del Real Camino;
“Bercianos tem uma pequena ermida (a da Virgen de Perales) e duas igrejas: uma delas é a antiga, San Salvador, e a outra é a moderna. A antiga havia sido construída em 1430, a pedido de Dona Leonor de Quiñones, senhora da Vila e mulher poderosa da época, cujo túmulo estava dentro. Em 8 de junho de 1998, a torre de 30 metros desabou, deixando apenas alguns restos do antigo templo.Decidiu-se construir um novo edifício, que ocupa uma área de 325 metros quadrados, com uma torre de 35 metros de altura. Tem duas naves interiores, à semelhança do templo original, e tecto em caixotões em madeira de pinho para todo o complexo. O orçamento esgotou-se há anos e a torre manteve-se na sua estrutura metálica, conferindo ao conjunto uma imagem moderna e original."36
-
Iglesia de San Pedro Apostol - El Burgo Ranero;
-
Monumento ao peregrino - Mansilla de las Mulas;
"Data de construção: A escultura foi feita em 1998. HISTÓRIA: É uma figura de pedra esculpida por D. Ángel Muñiz Alique, escultor leonino. É uma homenagem aos peregrinos que fazem o Caminho de Santiago, de grande importância para a cidade. DESCRIÇÃO: Esculpida em pedra, representa três peregrinos em repouso na rota jacobeia, juntamente com o simbolismo cristão. Está localizado em frente à Puerta Castillo, em uma área considerada uma junção entre a Via Romana e o Caminho de Santiago Francês."37 -
Puerta Castillo - Mansilla de las Mulas;
"Data de construção: Por se tratar de uma porta na parede, a sua datação remonta à sua época, o século XII. História: Também chamada de Porta de Santiago. Funciona como entrada para o Caminho Francês de Santiago, próximo ao monumento do peregrino. A origem do seu nome advém do facto de se situar no local do castelo, atualmente desaparecido. Descrição: É uma das duas portas da muralha que se encontram atualmente em melhores condições; Suas paredes laterais são preservadas, mas não a arcada que anteriormente as unia. É considerada a principal porta de acesso. Tem 3,3 metros de largura e 17 metros de parede; é composta de cal e outros materiais. Ela está localizada a sudeste da cidade. A torre da fortaleza real localizava-se nas proximidades, sendo separada por nove ameias."38 -
Iglesia de Santa Maria (Siglo XVII) - Mansilla de las Mulas;
-
Monumento a Santiago - Mansilla de las Mulas;
-
Pasarela para peregrinos sobre el Río Porma - Puente Villarente;
"Em Puente Villarente, o Caminho de Santiago atravessa o rio Porma por uma ponte de pedra, num local de singular valor patrimonial e paisagístico. A ponte, com vinte arcos, é um importante vestígio medieval com sucessivas transformações desde o século XVI. Para evitar os perigos do trânsito rodoviário, foi construído um passeio pedonal para os peregrinos que lhes permite aproximar-se do rio e ter uma vista panorâmica da ponte.O passadiço é uma linha quebrada que se integra à paisagem, criando um passeio ritual de contemplação. A sua forma inspira o marco "Las Líneas del Camino" (realizado por ocasião do Xacobeo 2010), que alude à modernidade intemporal do Caminho de Santiago e evoca as linhas que o compõem: trilhos, estradas, degraus, pontes, limites, árvores e os próprios peregrinos que por ela transitam repousaram ao longo dos séculos. A passarela é um vau alagável, projetado para resistir a possíveis cheias do rio; seu desenho atende aos requisitos da Confederação Hidrográfica do Douro, portanto sua passagem requer o cumprimento de regras básicas para um maior grau de segurança e um melhor aproveitamento da experiência."39
-
Catedral de León;
"A grande catedral do gótico. A catedral de León sofreu sucessivas restaurações ao longo dos séculos, das quais participaram numerosos e famosos arquitetos. Ordoño II erigiu o templo sobre seu palácio real como agradecimento por vencer os árabes na batalha de San Esteban de Gormaz. Seus restos foram enterrados no local. Alfonso V foi coroado neste edifício no ano 999. A infanta Doña Urraca, filha de Fernando I, favoreceu a construção de um novo edifício em tijolo e alvenaria, com três naves arrematadas por absides. Os vitrais da catedral são dos séculos XIII ao XX e ocupam mil setecentos e sessenta e cinco metros quadrados de superfície. Debaixo de sua planta há hipocaustos romanos que dificultaram a fundação adequada dos pilares e permitiram infiltrações de água."67
-
Muralha medieval tardo-romana - León;
"Avenida dos Cubos, assim denominada pelos cubelos e torres da antiga muralha tardo-romana, do sec. III/IV - León."40
10º dia de peregrinação: 14-05-23 - León > Murias de Rechivaldo
Ficha técnica do 10º dia de peregrinação: 14-05-23
- Local de Partida: León;
- Local de Chegada: Murias de Rechivaldo;
- Quilómetros: 54 km;
- Localidades: León (838), Trobajo del Camino, La Virgen del Camino, Valver de la Virgem, São Miguel del Camino, Poligno Industrial, Villadangos del Páramo (890 m), San Martin del Camino, Puente Viejo - Rio Órbigo, Hospital de Órbigo, Villares de Órbigo, Santibánêz de Valdeiglesias, Cruz del Valle, Cruceiro Toribia, SanJusto de La vega, Puente medieval, Astorga (868 m), Arroyo de la Veiga, Murias de Rechivaldo;
- Alojamento: Albergue de Peregrinos Casa Flor - Murias de Rechivaldo;
Descrição do 10º dia de peregrinação
Pela manhã do 10 dia, saímos da cidade de León, pelos resquícios da antiga “Pueta Moneda”. Estávamos em jejum à espera dum local para tomar o "café da manhã", quando uma subida mais íngreme fez reclamar um ainda sonolento e rabugento estômago. Por sorte, no cimo encontramos o ponto de ajuda particular ao peregrino do Manuel Lena, que poderá conhecer mais à frente. Na “Iglesia de Santa Engracia - Valverde de la Virgen - León”, encontramos novamente as cegonhas a ocupar todos os recantos possíveis da torre sineira. Aqui uma escada em espiral exterior, conduz ao patamar onde pendem dois sinos. Nós quisemos assinalar a nossa presença com algumas badaladas, espero que ninguém tenha levado a mal a nossa infantilidade.
Em Hospital de Órbigo, León, destacamos a “Iglesia de Nuestra Señora de la Purificación” e a sua grandiosa e bela "Ponte Medieval Passo Honroso", em homenagem a um cavaleiro do século XIII, que diz a lenda fez uma estranha promessa à sua dama. Nestas pontes temos o hábito de passar a caminhar calmamente, sentindo o desenrolar dos séculos sob os nossos pés e imaginar o povo que viu passar. No Rio Órbigo, pescadores alheios a estas divagações pescavam metidos em fatos impermeáveis no meio da corrente.
Na outra banda num terreno, uma placa assinala que pontualmente como na idade média aqui se desenrolam justas. Foi no jardim junto à ponte que almoçamos frugalmente, mas com qualidade e retomamos a batalha. Imbuídos por este ambiente cavaleiresco imaginamos que a nossa bicicleta era um cavalo, que estávamos armados com lança e armadura e vínhamos reclamar este reino para as nossas cores lusitanas. Os soldados fizeram troar o tambor, foi levantada a bandeira, os homens de armas aprontaram-se e a trombeta gritou para a batalha, mas era a buzina de um carro que nos alertava para o perigo. Passamos pela “Iglesia de Santiago em Villares de Órbigo” e já perto de Astorga, pela "Cruz da Pedra de Santo Toribio".
Chegamos em Astorga, cidade com muitos vestígios do seu passado romano e com ligações a Braga. A IV Via Militar Romana ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga). Ainda subsistem em Portugal muitos troços, pontes e marcos milenares do seu percurso, como a Via XVIII / Geira, no Parque Nacional da Peneda-Gerês em Terras de Bouro.
Na cidade destacamos a “La domus del Mosaico Del Oso Y Los Págaros”, que faz parte da Rota Romana, Itinerário arqueológico de Astorga. Aqui podemos visitar uma antiga vila romana, onde um sofisticado sistema sonoro por nós acionado nos deu informações sobre as diferentes áreas, salas, cozinha, termas, banhos e beleza dos mosaicos de um piso. Passamos pelos edifícios da Prefeitura de Astorga, Palácio de Gaudí e Catedral de Astorga.
Chegamos finalmente ao nosso destino em Murias de Rechivaldo, onde foi construída a “Iglesia de San Esteban”, que se destaca por possuir uma espadana na parte inferior e sua entrada estar protegida por uma área de alpendres.
Pessoas no 10º dia de peregrinação
Ao sairmos dos limites da cidade de León, numa encosta onde se vislumbrava a cidade a nossos pés, quando esfaimados procurávamos um estabelecimento para tomar o pequeno-almoço, veio mesmo a calhar termos encontrado um ponto de ajuda para os peregrinos. Debaixo de uma pequena tenda sombreada, um homem prestava uma grande ajuda, com verdadeiro espírito altruísta, o espanhol Manuel Lena, de León, colocava à disposição dos peregrinos, café, leite, água, sumos, pão, compotas, bolos, fruta, primeiros socorros e casa-de-banho. Quem quisesse poderia tirar uma fotografia, sentar-se ou comprar uma recordação. Os peregrinos podem saciar aqui a sua fome e sede, apenas doando uma pequena contribuição. O mesmo contou-nos que gere este projeto de solidariedade há 10 anos por amor, “Eu vivo por e para o caminho”.
Com uma emoção contida, por estarmos talvez a fazer-lhe perguntas sobre batalhas que quer esquecer, quisemos saber a história deste projeto. Respondeu-nos muito emocionado e de forma contida, que não é fácil de contar, mas que foram as circunstâncias da vida. Deus na sua infinita sabedoria e misericórdia, oferece sempre aos homens de fé um caminho, mesmo que estes não entendam no devido tempo o seu significado. A sua experiência com as centenas de peregrinos que passam pelo seu ponto de ajuda disse-nos que lhe ensinaram que os motivos que os levam a empreender esta viagem são bastantes diversificados, mas algo leva os homens para estes trilhos há mais de mil anos.
O pouco tempo que com ele passamos deu para perceber a sua boa natureza humana e terminamos este encontro com as palavras com que nos despedimos, “Eu gosto de falar com as gentes de todo o mundo”. Prova disso é um mapa onde os peregrinos vão assinalando a sua nacionalidade e nós marcamos o nosso distrito de Aveiro.
Alojamento no 10º dia de peregrinação
O Albergue de Peregrinos Casa Flor, fica localizado em Murias de Rechivaldo, numa antiga casa restaurada, com um bonito jardim exterior. O seu gestor é um alemão muito simpático e eficiente, que infelizmente não guardamos o nome. Este local disponibiliza um jantar comunitário que colmata a falta de outras opções de restauração nesta pequena localidade. Durante o jantar uma peregrina sul-coreana foi surpreendida por uma festa surpresa de aniversário, que a gerência conseguiu descobrir pelo seu documento de identificação.
A forma como a gerência lida com os peregrinos, a beleza local, as suas boas instalações, concorrem para haver um bom ambiente entre as pessoas dos diferentes países. Também é disponibilizado aos peregrinos madrugadores um pequeno-almoço por 5 euros. Nós confessamos que não tínhamos percebido bem e pensamos que o desjejum estava incluído e antes de virmos embora estranhamos o alemão andar feito barata tonta à nossa volta até termos entendido a razão ao ver uma peregrina pagar o pequeno-almoço à nossa frente. Por outro lado, se tivéssemos pensado com clareza tínhamos percebido que assim como na vida, no caminho não há almoços grátis.
Pontos de interesse em destaque no 10º dia de peregrinação
-
Puerta Moneda - León;
"A Puerta Moneda têm a sua origem no século XIV, quando Afonso XI ordenou a sua construção na tentativa de cobrir defensivamente os bairros que ficaram fora das muralhas da primitiva muralha romana. O seu nome advém da atividade monetária relacionada com a cidade, que mantinha uma importante indústria de cunhagem e que passava de pai para filho de forma familiar, mas esta porta, que ficou conhecida por ser utilizada pelos peregrinos que faziam o percurso do Caminho Francês para a Santiago (pela Rua de los Francos e parava na igreja de Santa María del Camino ou del Mercado), não se localizava ali como passagem de mercadorias, era um ponto monetário para que, trocando vários pertences por moeda, estes irão fluir, enriquecendo toda a cidade.Demolida no início do século XIX, porque a área era intransitável e insalubre, no entanto, é a única das antigas portas de que ainda hoje subsistem alguns vestígios, como o corpo de uma das duas torres que ladeavam a Entrada."41
-
Ponto de ajuda ao peregrino de Manuel Lena - León;
-
Iglesia de Santa Engracia - Valverde de la Virgen - León;
-
Iglesia de Nuestra Señora de la Purificación, Hospital de Órbigo, León;
-
Ponte Medieval Passo Honroso - Hospital de Órbigo - León;
"A lenda de Don Suero e seu duelo atrai até esta ponte os entusiastas da Idade Média. Trata-se de uma ponte do século XIII que serviu e ainda serve de passagem para Santiago de Compostela no caminho dos peregrinos. Diz a lenda que nesta ponte um cavaleiro de León enfrentou em um duelo os estrangeiros que queriam atravessá-la para desfazer uma promessa de escravidão com sua amada, Doña Leonor, pela qual teria que jejuar toda quinta-feira e levar no pescoço uma pesada argola de ferro. Ele tinha que romper 300 lanças. Não conseguiu, mas os juízes da “Justa” recompensaram Don Suero liberando-o de sua argola. Por esse motivo, a ponte é conhecida como Passo Honroso."42
-
Iglesia de Santiago em Villares de Órbigo;
-
Cruz da pedra de Santo Toribio - Astorga;
-
La domus del Mosaico Del Oso Y Los Págaros - Astorga;
"Nas imediações do fórum e numa das zonas mais soalheiras da cidade, conservam-se os restos de uma casa que terá pertencido a uma família de certo nível económico, como parece indicar o facto de estar equipada com uma zona termal com programa de banho completo. Uma das salas principais é pavimentada com um luxuoso mosaico com decorações de animais e plantas."43 -
Prefeitura de Astorga;
-
Palácio Episcopal de Gaudí - Astorga;
"Uma das maiores atrações turísticas de Astorga, o Palácio Episcopal situa-se ao lado da catedral, e foi projetado pelo genial arquiteto catalão Antoni Gaudí. Construído entre 1889 e 1915, o palácio é um dos poucos edifícios projetados pelo artista fora de Barcelona. Em 1886, o palácio anterior sofreu um incêndio e ficou totalmente destruído. Como a cidade não dispunha de um arquiteto diocesano, o bispo de Astorga Joan Baptista Grau i Vallespinós encarregou a execução do projeto ao seu amigo Gaudí, que conheceu em Reus (Catalunha), cidade natal de ambos."44 -
Catedral de Astorga;
-
Iglesia de San Esteban - Murias de Rechivaldo;
11º dia de peregrinação: 15-05-23 - Murias de Rechivaldo > Componaraya
Ficha técnica do 11º dia de peregrinação: 15-05-23
- Local de Partida: Murias de Rechivaldo;
- Local de Chegada: Componaraya - Castela e Leão;
- Quilómetros: 58,1 km;
- Localidades: Murias de Rechivaldo, Santa Catalina de Somoza, El Ganso, Puente de Panola sobre o Rio Rabanal, Montes de León, Rabanal del Camino (1150 m), Bendito Cristo de la Vera Cruz em Rabanal del Camino, Foncebadón (1440 m), Cruz de Ferro (1504 m), Manjarín, Collada de las Antenas (1515 m), Arcebo, Riejo de Ambros, Molinaseca (590 m), Campo, Ponferrada, Columbrianos, Fuente Nuevas e Camponaraya;
- Alojamento: Albergue la Medina de Camponaraya - Castela e Leão;
Descrição do 11º dia de peregrinação
Por indicação de espanhóis, ao sairmos pela manhã de Murias de Rechivaldo, fomos pelo percurso alternativo, que só tem mais um quilômetro para conhecer Castrillo de los Polvazares.Esta localidade turística destaca-se pela sua arquitetura típica em pedra castanho escura, bem conservada, onde viveram na idade média os maragatos, assunto abaixo desenvolvido. O Rio Jerga que aqui passa, ou melhor passou, tem o seu leito seco, o que é sempre uma triste visão e não augura nada de bom para o futuro se o homem nada fizer pelo clima e evolução equilibrada.
Em Rabanal del Camino visitamos a sua igreja, onde se destaca o seu retábulo. Depois de sairmos ainda passamos nesta terra pela “Iglesia parroquial de la Asunción”. Já na saída desta localidade encontramos o “Monastery benedictino de San Salvador del Monte Irago”. Em frente a este mosteiro, dois monges beneditinos falavam com as pessoas e ficaram muito surpreendidos por sermos adeptos da sua ordem e divisa, "Ora et Labora", que em latim significa orar e trabalhar, instituída por São Bento. Arrependemo-nos de não termos ido visitar o mosteiro e privar mais de perto com esta comunidade, no entanto como mais tarde tivemos um percalço mecânico acabou por ajudar a não termos perdido mais tempo neste local.
O resto da manhã foi passado na esforçada subida dos Montes de León, até à Cruz de Ferro, em Foncebadón. Aqui neste local um poste com cerca de 5 metros encimado por uma cruz, conhecido como a "Cruz Alta" marca um dos pontos mais altos do caminho a 1504 metros. A tradição diz que os peregrinos podem deixar uma pedra ou trazer uma de casa, para deixar junto à base desta cruz, sendo por isso um ponto de paragem tradicional para os peregrinos e onde todos querem recordar o momento com uma fotografia. No parque de merendas deste local fizemos uma refeição frugal e para nossa tristeza esquecemo-nos da marmelada que tanto estávamos a gostar.
Já tínhamos vencido nesse dia as maiores dificuldades e estávamos perto de começar a descida até ao nosso albergue, quando antes de Collado de las Antenas, numa pequena descida partiu o cabo do travão traseiro e o dianteiro como também já não estava nas melhores condições não conseguiu imobilizar a bicicleta. Nós não perdemos o controle porque usamos a bota para travar a roda, como fazíamos em criança, embora a mesma tenha ficado danificada. Esta diminuição de velocidade foi o suficiente para conseguirmos fazer a descida em relativa segurança e pensávamos que a subida seguinte era suficiente para a travar. No entanto, como a subida era pequena e não sabíamos o que existia do outro lado, propositadamente entramos por um silvado da encosta num local que achamos ser seguro. Não nos ferimos e o único contratempo foi ter partido a tampa protetora plástica do local onde se coloca o cartão de memória da máquina fotográfica.
Tivemos que fazer toda a descida, com cerca de 22km, até Ponferrada com a bicicleta pela mão, onde numa garagem foram colocados cabos em ambas as rodas. Esta avaria fez-nos perder muito tempo e chegamos ao Albergue la Medina de Camponaraya - Castela e Leão, perto da hora de jantar. Apesar de tudo poderia ter corrido pior e tivemos quase que suplicar para o mecânico nos consertar a bicicleta, não querendo ele saber dos nossos argumentos de peregrino e se começou por dizer que ia demorar duas horas para a consertar ao fim de trinta minutos.
Pelo caminho com a bicicleta pela mão fomos apreciando o gado bovino a pastar nos Montes de León, perto de Manjarín. Em Molinaseca gostamos de passar pela ponte romana medieval e depois ficamos focados em resolver o problema da bicicleta porque já a tarde ia adiantada.
Pessoas no 11º dia de peregrinação
Os dois monges beneditinos com quem falamos, no “Monastery benedictino de San Salvador del Monte Irago”, em Ranal del Camino, chamavam-se António Maria, espanhol e Claret Kim, da Coreia do Sul. Ambos ficaram surpreendidos pelo nosso conhecimento da sua ordem. Este saber nasceu quando visitamos São Bento da Porta Aberta no Gerês e conhecemos a vida do São Bento e o seu conjunto de regras, onde se destaca a sua divisa, "Ora et Labora", que traduzido do latim significa orar e trabalhar. Nesta localidade do Rio Caldo compramos livros sobre a sua vida, com quem nos identificamos por ser amante de montanhas, onde se refugiava para meditar, orar e ver tudo mais claramente. A Europa deve muito dos seus deveres humanistas e evolução aos mosteiros beneditinos e regras que São Bento instituiu e ainda hoje são seguidas.
Alojamento no 11º dia de peregrinação
O Albergue la Medina de Camponaraya - Castela e Leão, também possui um restaurante, mas nós optamos pelo menu do peregrino. Os seus alojamentos são um pouco confusos e pela manhã ao irmos buscar a roupa ao estendal ficamos presos numa porta que não se abria pelo lado de fora, a sorte foi alguém que dormia nos ter ouvido a bater. No entanto gostamos de aqui ter ficado, o seu gerente é simpático e eficiente, também é peregrino de bicicleta e por isso compreendeu com mais facilidade o problema que tivemos e quando lhe telefonamos no dia anterior estando na disposição de nos guardar o jantar e a reserva.
Pontos de interesse em destaque no 11º dia de peregrinação
-
Castrillo de los Polvazares;
"Castrillo de los Polvazares é um pequeno povoado a poucos quilômetros de Astorga, onde antigamente viviam os maragatos. Incrivelmente bem conservado e diferente de todos os outros do caminho. Aliás, o traçado original do caminho não passa por lá, é preciso fazer um desvio para poder conhecer essa charmosa vila.
Os maragatos eram os mascates ou caixeiros viajantes. Entre séculos XVI e XIX eles faziam o comércio entre a Galícia e o interior de Castilla. No começo levavam embutidos e grãos para a península galega e voltavam com peixes salgados, depois começaram a comercializar todo tipo de produtos como vinho, tecidos e até mesmo móveis. Eles eram muito influentes e respeitados, segundo o hospitaleiro, os maragatos transportavam até mesmo os tesouros dos reis, tamanha a credibilidade que tinham.
Em Castrillo de los Polvazares as ruas são largas e calçadas de pedras, bem diferentes dos outros vilarejos antigos do Caminho, foram feitas dessa forma para facilitar o trânsito de carroças, mulas, e para o comércio que existia ali no passado. Outra característica marcante são as casas arrieras, com suas grandes portas, para que os maragatos pudessem entrar com suas carroças cheias de mercadorias. Essas casas contavam com locais para armazenar os produtos e estábulos para os animais.
Tudo ia muito bem até que em 1866 a ferrovia chegou à Astorga, e a atividade dos maragatos passou a ser exercida com muito mais eficiência pelos trens. Muitos deles migraram para Madri e Galícia, outros cruzaram o oceano e foram parar na Argentina e Uruguai, onde continuaram a exercer a maragatería."45
-
Iglesia parroquial de la Asunción - Rabanal del Camino;
"Igreja ligada aos Templários com um abside românico simples do século XII, foi reconstruída em várias ocasiões. O mais antigo, do século XII, é o longo presbitério semicircular coberto por uma abóbada de forno. A nave é de planta retangular, coberta por abóbada de berço."46 -
Monastery benedictino de San Salvador del Monte Irago;
"O Mosteiro Beneditino de Monte Irago em Rabanal faz parte da Congregação Beneditina Missionária de St. Ottilien na Baviera. Os monges cuidam dos hóspedes de acordo com a antiga tradição beneditina de hospitalidade que chama os mosteiros a cuidar de estrangeiros e peregrinos. "Que toda bondade seja mostrada aos convidados" escreveu São Bento (+543) em sua regra que os beneditinos seguem até hoje.Todos os peregrinos são convidados a juntar-se às orações que marcam o ritmo diário do nosso mosteiro. Após as orações da tarde e da noite, um monge está disponível na igreja para ouvi-lo ou ouvir sua confissão. À noite, ocorre a oração da bênção dos peregrinos. Teremos todo o gosto em carimbar a sua Credencial na pequena loja em frente à igreja.
Entre maio e outubro oferecemos aos peregrinos que desejam fazer uma pausa em sua peregrinação a oportunidade de permanecer em nossa casa de peregrinos "Mater Salutis" para alguns dias de descanso e reflexão, oração e leitura. Estes dias são normalmente passados na companhia de um pequeno grupo de peregrinos e membros da comunidade monástica."47
-
Cruz de Ferro - Foncebadón;
"A Cruz de Ferro, ou Cruz de Ferro, é uma cruz do Caminho de Santiago, localizada entre as cidades de Foncebadón e Manjarín, no Caminho Francês. Consiste em um poste de madeira com cerca de cinco metros de altura encimado por uma cruz de ferro, uma réplica do original preservado no "Museo de Los Caminos em Astorga". Em sua base, um monte foi se formando ao longo dos anos. Uma lenda diz que quando a Catedral de Santiago de Compostela estava sendo construída, os peregrinos eram convidados a contribuir trazendo uma pedra. A tradição é jogar uma pedra, trazida do local de origem do peregrino, de costas para a cruz para simbolizar sua jornada.Origem da Cruz de Ferro
Existem várias teorias sobre a origem da cruz: ela pode ter sido erguida para marcar a estrada quando neva, já que frequentemente fica escondida. Outros acreditam que seja apenas um monte de pedras chamado Montes de Mercúrio, erguido desde os tempos celtas para marcar pontos estratégicos nas estradas e depois cristianizado com cruzes.
Neste caso, a cruz foi ali colocada no início do século XI por Gaucelmo, abade das hospedarias de Foncebadón e Manjarín. Os ceifeiros galegos posteriores estariam neste caminho a caminho das machambas de Castela e Leão, onde iam trabalhar. Eles também continuaram a tradição colocando uma pedra ao longo do caminho, então chamado de Cruz de Ferro.
Em 1982 foi construída uma capela dedicada a São Tiago junto à Cruz, e há alguns anos o Centro Gallego de Ponferrada celebra a festa de Santiago/São Tiago com uma peregrinação ao local que reúne centenas de pessoas e atrai diferentes personalidades. Hoje, acredita-se que a cruz tenha sido colocada aqui no século 11 por Gaucelmo.
A tradição da Cruz de Ferro
Ao visitar a cruz hoje, você verá que os peregrinos tradicionalmente deixam uma pedra aqui. Às vezes os peregrinos pegam uma pedra no caminho para carregar, outros trazem de casa."48
-
Ponte Romana Medieval - Molinaseca;
"Outra das pontes mais fotogênicas do Caminho Francês. Permite aos peregrinos atravessar o rio Meruelo e chegar à rua Real, epicentro de Molinaseca. Sua origem é atribuída ao período romano, por isso também é conhecida como Ponte Romana, como parte da estrada que ia de Ponferrada até Foncebadón. No entanto, esta ponte está intimamente ligada ao nascimento da vila de Molinaseca e ao Caminho de Santiago, sendo via de passagem de peregrinos ao longo dos séculos."49
12º dia de peregrinação: 16-05-23 - Componaraya> Samos
Ficha técnica do 12º dia de peregrinação: 16-05-23
- Local de Partida: Componaraya;
- Local de Chegada: Samos;
- Quilómetros: 73,5 km;
- Localidades: Componaraya, Cacabelos, Pieros, Villafranca del Bierzo (505 m), Rio Burbia, Rego Valcarce, Pereje, Rego de Paradela, Trabadelo, Las Herrerias, La Portela de Valcarce, Ambasmestas, Vega de Valcare (630 m), Ruitelán, Las Herrerias, La Faba (900 m), La Laguna (900 m), O Cebreiro (1330 m), Linares, Alto de San Roque (1270 m), Hospital de la Condesa, Alto de Poio (1337 m), Fonfria, Biduedo, Filloval, As Pasantes, Triacastela (665 m), San Cristobo do Real, Renche e Samos.
- Alojamento: Trás do Convento - Samos;
Descrição do 12º dia de peregrinação
Quando acordamos pela manhã, ainda o sol não tinha nascido, mas já se vislumbrava a primeira claridade, levantamo-nos e fomos buscar a nossa roupa ao estendal, que estava colocado no jardim. Uma das portas fechou-se nas nossas costas e não permitiu que se abrisse pelo exterior. Ficamos assim presos involuntariamente numa sala até uma peregrina que ainda dormia ter ouvido o nosso fraco bater e nos ter vindo abrir a porta.
Já no caminho passamos pela “Ermita de San Roque” e “Iglesia de Santa Maria”, em Cacabelos. Se estivéssemos na Idade Média, terminar a peregrinação pelo caminho de santiago era algo muito difícil e quase épico, sendo comum muitos peregrinos morrerem ou adoecerem pelo caminho. Caso estas fatalidades os impedissem de continuar o caminho, podiam terminar também a peregrinação oficialmente na “Iglesia de Santiago”, em Villafranca del Bierzo. Segundo as nossas pesquisas o destino final dos peregrinos naquele período poderia ser também esta igreja, devendo os crentes neste caso passar pela “Puerta del Perdón”, deste templo.
Pelo caminho somos maravilhados com edifícios de arquitetura medieval como o “Castillo de los Marqueses de Villafranca”, em Villafranca del Bierzo. Este monumento tem a particularidade de ainda ser habitado pelos descendentes desta histórica família e por isso não pode ser visitado.
Depois desta cidade começou a nossa última subida mais esforçada antes de chegar a Santiago de Compostela. Nesta jornada diária teríamos que subir de “Villafranca del Bierzo”, a 505 m, até ao “O Cebreiro”, a 1330 m. Como queríamos ser fiéis ao caminho, fomos pelo difícil trilho de montanha, em lugar da estrada. Chegamos por esta razão já fatigados a “Las Herrerias”, que se destaca pelo seu manto e verde vegetação. Aqui almoçamos num parque junto a um pequeno riacho de montanha.
Depois das forças retemperadas começou então a nossa subida final para “O Cebreiro”, que ficou facilitada pelo facto de ser por estrada, o que atenuou a sua dificuldade por ser muito extensa e inclinada. Confessamos que tentamos fazer todo o trajeto a pedalar, mas a fadiga acumulada obrigou-nos a caminhar com a bicicleta pela mão. Por outro lado, este facto permitiu-nos apreciar mais calmamente a beleza das paisagens em redor da “Sierra del Calderon” e a “Cordillera Cantábrica”.
Chegamos por fim ao “O Cebreiro”, caracterizado pelas suas antigas casas em pedra com telhados de colmo, aglomeradas à volta do “Conxunto etnográfico das Pallonzas do Cebreiro” . Esta é a primeira localidade com habitantes do caminho francês de Santiago, na região autónoma da Galiza. Destaca-se aqui também o “Santuário de Santa María A Real do Cebreiro”.
Depois desta forte subida começou a perigosa descida, que culminou com a chegada ao nosso albergue em Samos. Nesta localidade destacamos o seu histórico mosteiro, sede dos Beneditinos, onde funciona também uma bonito albergue denominado “Samos a los hospitalaeros voluntarios”. Nós apesar de já termos reservado dormida noutro local, fomos observar as suas instalações que se destacam pelas icónicas pinturas murais.
Alojamento no 12º dia de peregrinação
Em Samos, ficamos alojados no Albergue Trás do Convento, junto ao Mosteiro de Samos. Neste local funciona também um restaurante, que disponibiliza o menu peregrino, que escolhemos acertadamente para jantar. Foi pena termos reservado antecipadamente porque havia lugar no Albergue do Mosteiro de Samos, gerido pela ordem dos hospitalários.
Pontos de interesse em destaque no 12º dia de peregrinação
-
Ermita de San Roque - Cacabelos;
-
Iglesia de Santa Maria - Cacabelos;
-
Puerta del Perdón - Iglesia de Santiago - Villafranca del Bierzo;
"Se você está se perguntando qual é o objetivo do Caminho de Santiago, a maioria dirá que é obviamente o túmulo do Apóstolo na catedral de Compostela. Há também quem se guie por um espírito mais pagão e assegure que é Fisterra. Há mesmo quem diga que, quase parafraseando McLuhan e que “o meio é a mensagem”, optam porque “caminhar é o Caminho”. Quase ninguém, no entanto, escolherá propor o acesso a uma igreja em Bercian como alternativa. No entanto, a Puerta del Perdón em Villafranca del Bierzo, no templo de Santiago, também era um final possível.
O edifício é um grande exemplo do românico em León e El Bierzo, construído entre os séculos XII e XIII. A influência jacobeia pode ser vista em elementos como os jaques quadriculados das janelas de sua abside. De Astorga, na Maragatería e do outro lado dos Montes de León, foi de onde se decidiu criar o pequeno templo. Uma iniciativa que mais tarde se tornaria uma tradição que permite equiparar Villafranca del Bierzo a Santiago de Compostela. Embora à sua maneira, é claro.
Um templo para enfermos para terminar o Caminho de Santiago. A Idade Média foi uma época menos negra do que se apregoa. Apesar disso, era muito mais precário e duro do que hoje. Assim, embora agora o Caminho de Santiago seja uma aventura exigente mas segura, naquela altura completá-lo era algo quase épico. Morrer no caminho não era incomum. Santa María de Eunate, em Navarra, é um exemplo muito claro. De facto, o seu farol servia para guiar tanto os vivos como os mortos, segundo a tradição. Outro exemplo claro, nos Pirenéus, é o hospital de Santa Cristina de Somport.
Aos que adoeceram no caminho juntaram-se os que partiram já enfermos, em busca das indulgências associadas a esta peregrinação. Por sorte, a Igreja acabou lembrando de sua desgraça. Por isso, em algum momento após sua construção, acredita-se que Calixto III, papa do século XV, tenha concedido o privilégio que marcaria o templo de Villafranquino. Quem quer que fosse, foi concedida a capacidade de acesso à igreja por uma porta secundária (Puerrta del Perdón), a do Perdão, para conceder o Jubileu aos enfermos que não puderam seguir para Santiago."50
-
Castillo de los Marqueses de Villafranca del Bierzo;
"Em pleno Caminho Francês, a 185 quilômetros de Santiago, encontramo-nos em Villafranca del Bierzo. É uma cidade marcada por séculos de história que se encontram em cada uma das suas ruas. Um dos enclaves emblemáticos da cidade é o Castelo-Palácio dos Marqueses de Villafranca, considerado Bem de Interesse Cultural.
História e arquitetura do castelo: Este castelo foi construído sobre as fundações de um anterior. O castelo de hoje data do século XVI, embora tenha sofrido remodelações ao longo do século seguinte. Foi pensado com a intenção de ser utilizado como residência apalaçada, em vez de se centrar numa colocação defensiva. Durante a Guerra da Independência e até 1819, foi saqueado e desmantelado pelo exército francês.
O estilo arquitetónico deste castelo-palácio enquadra-se no Renascimento. Tem uma planta quadrangular, e cada canto é coroado por uma torre circular de três andares. A torre de homenagem também é circular, e destaca o conjunto arquitetónico por sua elegância. Ao longo de todo o castelo existem escudos pertencentes aos senhores que o ocuparam ao longo dos séculos.
Restauração e visita: Graças ao facto deste castelo ter sido sempre habitado desde a sua construção, ainda hoje, o seu estado de conservação é melhor do que outros da mesma época. Foram feitas reparações parciais em vários elementos, resultando em alguns elementos com uma estética pós-renascentista. Mesmo depois de ter sido saqueado durante o século XIX, é o mais bem preservado de toda a região de Bierzo. Como até hoje ainda é habitado pelos descendentes dos Marqueses de Villafranca, o interior não pode ser visitado, exceto com a permissão dos proprietários. O acesso ao exterior é gratuito, pelo que se pode percorrer o perímetro deste pedaço de história viva."51
-
Conxunto etnográfico das Pallonzas do Cebreiro - Galiza;
"O Cebreiro é uma povoado significativo pela sua localização, pela sua história, pelas suas lendas e pelo valor do seu conjunto arquitetónico, onde se destacam as “pallozas”. Esta pequena cidade está localizada entre as montanhas míticas de Os Ancares e O Courel, a 1.296 metros de altitude. É o primeiro centro populacional do Caminho Francês quando entra na Galícia.As pallozas de O Cebreiro: Em O Cebreiro conservam-se quatro pallozas. São casas possivelmente originadas da Alta Idade Média, que mostram a adaptação do ser humano às condições hostis da montanha. As pallozas consistem em uma planta oval adaptada ao terreno, paredes baixas com poucos orifícios por onde o frio pode escoar e um telhado de palha de centeio alto e espesso, capaz de suportar o peso da neve e a força do vento. Cada palloza reúne tudo o que é necessário para poder passar o inverno sem ter que sair para o exterior. A sua estrutura interior é muito simples, com pessoas e gado coexistindo em poucas comodidades. A palloza é um tipo de casa característica das montanhas de Lugo, Astúrias e León, principalmente na serra de Os Ancares. Elas caíram em desuso na segunda metade do século XX. No povoado de Piornedo, perto de O Cebreiro, se pode visitar o maior e mais bem preservado complexo, composto por 17 pallozas.
As quatro pallozas de O Cebreiro transformaram-se em um museu etnográfico onde se mostra o modo de vida tradicional da região através da arquitetura, do mobiliário e dos utensílios do quotidiano e do trabalho têxtil, agrícola e pecuário."52
-
Santuário de Santa María A Real do Cebreiro - O Cebreiro - Galiza;
-
Mosteiro de Samos;
"O eremita Paio descobre o túmulo na década de 820: Por volta do ano 820 ocorre a descoberta do túmulo de Santiago Maior e imediatamente a criação do “locus Sancti Iacobi”, o lugar sagrado para venerar os seus restos.Cripta apostólica, onde repousam os restos do apóstolo Santiago: Num momento impreciso da década de 820-830 ocorre a descoberta do túmulo de Santiago Maior. Alfonso II reina no noroeste peninsular (Reino das Astúrias). Ele é o primeiro grande valedor. Foi criado no Mosteiro de Samos e recebe com entusiasmo a notícia que o bispo de Iria, Teodomiro, lhe transmite."53
"Este mosteiro foi construído no século VI: Atualmente é um centro de espiritualidade. O Mosteiro de Samos sofreu vários incêndios e saques ao longo de sua história. Deste centro de espiritualidade saíram sete bispos, entre os quais se destaca o ilustrado Benito Jerónimo Feijoo. No princípio do século XIX foi constituído como sede da Ordem dos Beneditinos. A fachada da igreja data do século XVIII e não foi finalizada. No Mosteiro de Samos destaca-se o claustro de Feijoo, de estilo classicista, assim como uma estátua deste personagem ilustrado. O mosteiro abriga em seu interior uma porta de uma antiga igreja românica que foi destruída no século XVII."54
13º dia de peregrinação: 17-05-23 - Samos > Árzua
Ficha técnica do 13º dia de peregrinação: 17-05-23
- Local de Partida: Samos;
- Local de Chegada: Árzua;
- Quilómetros: 88,5 km;
- Localidades: Samos, Teigun, Aian, Sarria (440 m), Barbadelo, Rente, Peruscallo, Belante, A Brea, Ferreiros, As Rozas, Vilachá, Portomarín (350 m), Monte Torros (551 m), Gonzar, Astromaior, Hospital de la Cruz (680 m), Ventas de Narón (1700 m), Ligonte, Airexe, Abenostre, Palas de Rei (565m), Casanova, Leboreiro, Furelos, Melide, Boente, Castañeda, Ribadisio de Baixo e Arzúa (389 m);
- Alojamento: Los Tres Abetos – Árzua;
Descrição do 13º dia de peregrinação
Começamos a pedalar bem cedo pela manhã, talvez tivéssemos madrugado demais porque neste penúltimo dia de peregrinação, a dada altura constatamos que estávamos andar ao contrário. Dissemos adeus a Samos e ao seu mosteiro junto do Rio Oribo, onde ainda há grandes trutas que acreditando nas informações se podem ver facilmente. As manhãs são muito frias e tivemos que usar por vezes dois pares de luvas e ao cruzarmos a Ponte Áspera - Sarria - Lugo, vimos as águas a evaporar com os primeiros raios de sol. Mais à frente tivemos que parar para dar passagem a um rebanho, uma ocupação ancestral nos atrai e sempre que podemos falamos com o seu pastor.
Passamos a ponte sobre o Rio Minho e chegamos a Portomarin e apreciamos no seu final a “Escalinata a Capela das Neves”. Não estivéssemos condicionados pelo tempo e teríamos ido banhar-nos no Rio Minho, onde ocorriam provas de vela. O caminho seguiu depois por uma floresta, onde os peregrinos se aglomeravam e passamos pela “Igrexa de Castromaior”. A placa informativa ali colocada com informações sobre este monumento religioso foi vandalizada por alguém que não gostou da forma como escreveram certas palavras.
Apenas algumas centenas de metros da aldeia de Castromaior, encontra-se uma estrutura moderna em betão, sobre um antigo o "Castro Castromaior", que deu o nome a esta localidade. O mesmo está aberto para usufruto da comunidade, mas isto levou a que fosse grafitado e totalmente vandalizado, sendo praticamente impossível reconhecer os vestígios do antigo castro. Nós que somos amantes dos antigos castros, onde já fizemos excelentes trabalhos, ficamos estupefatos porque nunca vimos em Portugal tamanha barbárie e que por vergonha alheia não tiramos nenhuma foto. Para terem feito o que fizeram mais valia terem deixado o mesmo enterrado. Por vezes parece que é só para gastarem o dinheiro dos contribuintes europeus em obras financiadas pela União Europeia.
Alojamento no 13º dia de peregrinação
Neste penúltimo dia de peregrinação ficamos alojados no "Hostel Los Tres Abetos” em Árzua, que tem boas instalações e um pequeno jardim nas traseiras. O formato dos beliches e camas individuais deixaram-nos admirados por fornecerem uma privacidade diferente do que habitualmente encontramos nos caminhos, que até podem ser consideradas por alguns como excessivas e propiciar atividades estranhas. Esta localidade tem muitas ofertas de restauração e antes do jantar ainda fomos beber uma “canha”. O jantar correu bem e desde que nos pusessem a garrafa de vinho na mesa já nos amaciava a alma, mas nunca exageramos, mas sempre nos serviu como anestésico para dormirmos melhor.
Pontos de interesse em destaque no 13º dia de peregrinação
-
Rio Oribio - Samos;
"Este rio mantém uma importante população de trutas (Salmo trutta). A partir deste mesmo ponto, com pouca paciência você pode observá-las. São animais velozes e fortes que podem atingir a velocidade de 38 km/h e saltar da água a uma altura de 1,5 m. Partilham o rio com as enguias (Anguilla anguilla) que nascem no Mar dos Argazos e como as enguias penetram no rio Minho e sobem com grande dificuldade ao Oribio. Após vários anos de crescimento, eles retornam às costas cubanas e da Flórida, cruzando o Atlântico percorrendo mais de 8.000 km, onde se reproduzem e provavelmente morrem. O rio Oribio também preserva uma das últimas populações galegas de caranguejo autóctone (Austropotamobius pallipes). A espécie está seriamente ameaçada devido à transformação de dois rios e à introdução de outros caranguejos portadores de doenças mortais para a nossa espécie."55 -
Ponte da Áspera - Sarria - Lugo;
"Obra do século XVIII de linha medieval, construída nas margens do rio Celeiro; Ponte românica por onde os peregrinos saem de Vila de Sarria para ir em direção a Barbadelo."56"A cidade histórica de Sarria é o final de uma das etapas do Caminho de Santiago Francês. Depois de os peregrinos terem merecido descanso na vila, no dia seguinte iniciam a sua caminhada rumo a Portomarín e fazem-no atravessando o Rio Celeiro, ou Rio Pequeno, por uma ponte chamada Ponte da Áspera. Ponte da Áspera: Uma vez atravessado o rio, podem escolher seguir o caminho que passa por Santiago de Barbadelo ou continuar por Maside. Ambos se juntam mais tarde, logo após Domiz. Calçada da Ponte da Áspera: Voltando à Ponte da Áspera de Sarria, sabemos que este antigo degrau de pedra é de origem medieval e, como dissemos, atravessa o rio Celeiro, outrora também chamado de rio Barbadelo."57
-
Igreja de Santa Marina, Sarria;
-
Antiga Ponte de Portmarín;
"A vila de Portomarín nasceu e cresceu sob uma bela ponte romana sobre o rio Minho (reconstruída na Idade Média) e o Caminho de Santiago. Em 18 de maio de 1212, a Ordem de San Juan emitiu foros para seu governo e administração da localidade. Quando em 1962 foi construído o encoro de Belesar, foi transferida para o vizinho Monte do Cristo. Ali foram reconstruídos alguns dos dois edifícios mais importantes, tanto cívicos como religiosos; destaca-se a Igreja de San Nicolau, de estilo românico construída pela Ordem Hospitaleira de São João de Jerusalém, cujas pedras estão numeradas e montadas de novo na sua localização atual. Nas épocas com o nível baixo do rio ou nível do pântano ainda é visível os restos das antigas construções, ou a barragem e a ponte primitiva."58 -
Escalinata a Capela das Neves;
"A escada foi construída sobre a antiga ponte medieval (situada em dos seus arcos), e por ela pode-se aceder ao centro urbano. Este pequeno templo foi movido antes da inundação da ponte velha, antigamente no seu lugar funcionava o hospital Ordem de San Juan, conhecido como Domus Dei. A capela foi construída em lousa do país, tendo sido praticamente reconstruída no século XVII. O pequeno templo situa-se no arco da antiga ponte medieval, no local que antes era ocupado pelo hospital da Ordem de São João, conhecido por Domus Dei."59 -
Igrexa de Castromaior;
"Pequena freguesia, hoje filial de Gonzar, situada na Rota Jacobea e num vale pequeno e tranquilo. A rústica igreja paroquial românica, totalmente conservada, apresenta uma nave retangular-angular coberta por telhado de duas águas. Assenta numa estrutura de madeira composta por três planos longitudinais com três vigas. O retábulo principal é uma simples peça barroca do século XVI com duas colunas salomónicas decoradas com cachos. As telas do fundo da abside e da frente do altar mostram ornamentos geométricos planos. A um quilômetro a noroeste da vila, existe uma alta colina chamada "El Castro", que deu nome à atual vila. Devido à sua grande dimensão e à sua elevada implantação, a aldeia recebeu o nome de Vitória de Castromaior."60
14º dia de peregrinação: 18-05-23 - Árzua > Santiago de Compostela
Ficha técnica do 14º dia de peregrinação: 18-05-23
- Local de Partida: Árzua;
- Local de Chegada: Santiago de Compostela;
- Quilómetros: 39 km;
- Localidades: Árzua, Pregontuño, Calzada, CAlle, Boavista, Salceda, Alto de Santa Irene (405 m), Santa Irene, A Rúa, O Pedrouzo (289), San Antón, Amenal, Alto de Barreira (360 m), San Paio, Lavacolla, Villamaior, San Marcos, Monte Gozo, Santiago de Compostela (260 m);
- Alojamento: Albergue O Fogar de Teodomiro;
Descrição do 14º dia de peregrinação
Acordamos neste último dia de peregrinação, cheios de felicidade por sabermos que a nossa jornada iria terminar com sucesso e talvez por isso a energia regressou e até parecia que não tínhamos já feito mais de 700 km. Planeamos este último dia de modo a fazermos pouco quilômetros e chegar pela manhã a Santiago de Compostela.
Passamos pela "Capela da Madalena", do século XIV, em Arzua. Paramos em Arca, onde conhecemos o voluntário italiano Fábio, dos Voluntários do Caminho de Santiago, onde carimbamos a nossa passagem.
Fomos visitar a “Iglesia de Santa Lucia”, em San Paio Lavacolla, onde um quadro com as almas arder nos lembrou a parte tenebrosa de uma espiritualidade que apela ao perdão. Esta imagem ficou-nos na mente e que foi reforçada quando ao chegar a Santiago de Compostela passamos pela “Capela das Ánimas”, onde num friso foi esculpido pessoas a serem queimadas pelos ardentes suplícios.
Chegamos finalmente a Santiago de Compostela, onde passamos por um escultura do peregrino templário e paramos para ver como se vestia, como era a sua armadura e que armas empunhava.
Este quinto caminho serviu para entrarmos na cidade por todos os pontos cardeais e neste passamos perto do "Albergue Peregrinos San Lázaro", onde já estivemos alojados. Ao passar pela “Capela das Ánimas” vimos que estava aberta, mas pensamos visitá-la mais tarde, mas depois já estava encerrada.
Chegamos finalmente à “Praza Obradoiro”, em frente da Catedral de Santiago de Compostela. Desta vez estivemos bastante tempo na mesma a rezar e agradecer ao Apóstolo Santiago nos ter permitido concluir este caminho, por todas as graças que recebemos ao longo da vida e até o que não correu bem, como caminho para a nossa aprendizagem e aperfeiçoamento. Depois tentamos não pensar em nada, apenas beber daquele êxtase sublime e que mesmo agora ao pensar nisso nos arrepia e faz estremecer todas as nossas células.
Depois fomos ao Centro de Acolhimento ao Peregrino, denominado “Oficina de Acollida ó Peregrino”, levantar a Compostela, que para quem não sabe é o certificado da conclusão do caminho, emitido com base no passaporte do peregrino que vai sendo carimbado pelo caminho e outro dos quilómetros percorridos. Já com estes documentos na mão dirigimo-nos para o hostel reservado, “Albergue O Fogar de Teodomiro”.
Fomos almoçar e depois assistir à missa do peregrino das 19h30, na catedral, quem quiser um bom lugar sentado tem que ir com algum tempo de antecedência.
Em Santiago de Compostela comemorou-se neste dia 18 de maio a “Fiesta de la Ascensión”, sendo feriado na cidade, por isso fomos encontrar depois da missa, um grupo de folclore atuar. No entanto, a maioria dos festejos, barracas de comes e bebes e divertimentos estavam localizados no Parque da Alameda.
No final da tarde fomos deambular ao sabor das vielas e ruelas de Santiago, até sair do centro histórico e encontrarmos a taberna “O Patacon”, onde jantamos bem. Ali espalhados pela parede encontramos fotos antigas da vida dura nas aldeias, de ações de antigas minas e “Companã del Ferro-Carril de Palencia a Ponferrada” e de duas mulheres com rostos, trajes e posições que nos despertaram a curiosidade e viemos a saber que eram as conhecidas irmãs, “Duas Marias”, figuras típicas que viveram nesta cidade no século passado e ficaram eternizadas numa escultura colocada na Praça da Alameda.
Pessoas no 14º dia de peregrinação
Em Arca fomos encontrar o italiano Fábio, Voluntários do Caminho de Santiago, no seu primeiro dia de voluntariado e nos disse que estava há 3 semanas em Espanha. O mesmo esclareceu que a sua missão visava elevar o espírito do caminho e por isso convidava-os a participar numa missa, que decorre todos os dias, nesta localidade, denominada “Santa Misa del Peregrino”, na “Iglesia de la Concha”, com possibilidade de confissão antes ou depois. Neste ponto os peregrinos podiam também carimbar a sua passagem.
Alojamento no 14º dia de peregrinação
Esta já a segunda estadia que fizemos no “Albergue O Fogar de Teodomiro”, que esteve em obras e reservava-nos desta vez uma surpresa incomoda, tivemos que ir guardar a bicicleta a outro alojamento da empresa, a cerca de 800 metros. A requalificação aumentou a qualidade dos alojamentos, casas de banho, acessos e funcionamento. O mesmo fica bem localizado, nos limites exteriores do centro histórico, perto da catedral. Tem no entanto uma grande contrariedade das traseiras ficarem viradas para uma praça onde ao fim-de-semana se reúnem jovens até altas horas da manhã e por isso fazem barulho.
Pontos de interesse em destaque no 14º dia de peregrinação
-
Capela da Madalena - Arzua;
"Igreja que pertenceu ao antigo hospital dos peregrinos: A Capela de La Magdalena é uma igreja pertencente ao antigo hospital de peregrinos dos Frades Agostinianos que se localizava em Arzúa e foi confiada a Santa María Madalena de Sarria. Atualmente está a ser reabilitada para ser convertida em um salão cultural.Pertencente a um antigo convento: A Capela de La Magdalena é um dos lugares que os peregrinos visitam em seu caminho por Arzúa, pois é um templo localizado ao lado do albergue. A sua construção está relacionada com o convento agostiniano edificado no século XIV e abandonado em finais do século XVII. É uma pequena igreja de nave única e porta de arco semicircular. Tem abóbada nervurada e a sua fachada principal termina num pequeno campanário que perdeu o sino. No interior da igreja conservam-se os túmulos do Senhor do Pazo de Brates, Alonso de Muñiz, e de Iván Giráldez, Senhor de Magulán, cofundadores do convento.
A igreja foi recuperada nos anos 80 do século passado e desde 2006 é um centro cultural que costuma acolher diversas atividades e exposições. A Capela da Madalena, em Arzúa, é uma igreja atualmente restaurada com vista a transformá-la numa sala cultural. Pertenceu ao antigo hospital de peregrinos que os Frades Agostinianos fundaram no séc. XVI. É um templo de nave única que foi abandonado no final do século XVII e remodelado na década de 1980 para uso cultural."61
-
Iglesia de Santa Lucia - San Paio Lavacolla;
-
Escultura "El Templario Peregrino" - Santiago Compostela;
-
Capela das Ánimas - Santiago Compostela;
"Templo sufragado pela Confraria Geral de Almas da cidade de Santiago (fundada em 1655) que comprou o terreno onde se encontrava localizado um Hospital e Seminário. Foi construida entre 1784 e 1788 segundo os planos de Miguel Ferro Caaveiro e sob a direcção das obras de Juan López Freire. Tem planta retangular com muros de silharia em granito e coberta de duas vertentes de telha.Tem uma só nave, coberta com abóbada cilíndrica e três capelas laterais, juntas entre si, de cada lado e presbitério com capela-mor rectangular, mais estreita que a nave. A monumental fachada atribui-se a Melchor de Prado. A sobriedade do frontispício enquadra-se com dois pares de colunas de ordem gigante com fustes lisos e capitéis jónicos, elevadas em altos pedestais. Sustentam um entablamento liso arrematado por um frontão recto. Acima da porta um alto-relevo com as Almas do Purgatório e um óculo circular. Arrematam o frontão dois anjos adorando a Cruz.
No interior, as capelas laterais são mobiladas com baixo-relevos policromados a representar cenas da Paixão de Cristo. Tem também pinturas murais, afrescos, de Plácido Fernández Arosa com cenas do Lavatório e a Santa Ceia. No interior da igreja pode-se contemplar uma exposição, principalmente de arte sacra, que forma parte de um itinerário museográfico integrado, também, pelas exposições das igrejas de S. Bieito do Campo e Sta. María do Camiño. Subrecurso associado: Coleção de Arte Sacra de Almas, S. Bieito e Sta Mª do Camiño."
-
Catedral de Santiago Compostela;
-
As Duas Marias - Santiago Compostela;
"As Duas Marias foram duas irmãs de que viveram em Santiago de Compostela e ficaram famosas na cidade nos anos 1950 e 1960 por passearem todos os dias juntas vestidas de forma excêntrica e provocando os estudantes. As irmãs, Maruxa e Coralia, estão eternizadas numa escultura no Parque da Alameda de Santiago de Compostela.Elas tornaram-se personagens populares da cidade devido aos passeios que realizavam todos os dias às duas da tarde, a hora em que a maioria dos estudantes iam almoçar e, portanto, quando havia mais movimento nas ruas do centro de Santiago. Coralia, a mais nova e mais alta, era tímida e pouco faladora, enquanto que Maruxa, mais pequena e mais velha, era faladora e falava como se cantasse.
As irmãs, Maruxa e Coralia, faziam parte de uma grande família composta por treze irmãos cujos pais eram um sapateiro e uma costureira, porém alguns dos seus irmãos eram anarquistas e lutaram na guerra civil espanhola contra o exército de Franco.
O pesadelo das irmãs começou quando os falangistas (partidários de Franco) passaram a utilizar a família para saber o paradeiro dos irmãos anarquistas. A meio da noite, a Brigada Político-Social ia à casa delas, despindo as irmãs na via pública para humilhá-las e torturá-las, Isso destruiu-lhes a saúde mental. Triste história dessas irmãs!
Agora quando você visitar Santiago de Compostela, vá até a Praça da Alameda e confira essa escultura e também uma das vistas mais bonitas da Catedral de Santiago!"63
-
Mercado de Abastos - Santiago de Compostela;
Fomos visitar o Mercado de Abastos em Santiago de Compostela, na manhã do dia de regresso, onde aproveitamos para fazer compras de produtos regionais, queijos, enchidos e vinho. O mesmo fica próximo do centro histórico e merece uma visita, sendo o segundo lugar turístico mais visitado nesta cidade, depois da catedral. Aqui podem-se encontrar os produtos típicos destes locais e uma concorrida área de restauração. "O actual Mercado de Abastos de Santiago foi construído no ano 1941, mas para falar da história do Mercado temos que falar do seu predecessor, o "Mercado de la Ciudad". É importante porque era a primeira vez que se dava um tecto aos diversos e dispersos mercados existentes na Compostela daquela época. Em 1937 seria derrubado para a edificação da actual Plaza de Abastos. O Mercado funcionou sempre durante estes últimos três séculos, e converteu-se num centro líder na comercialização de produtos frescos em Santiago."68
Fim da peregrinação 2023 a Santiago de Compostela - 19-05-2023
Avaliação do Caminho Francês de Santiago de Compostela
Lemos algures a explicação dos sentimentos que provocam percorrer os Caminhos de Santiago. Segundo esse pensamento, quando viajamos, mesmo sozinhos, estamos acompanhados por milhares de outros seres que o fizeram no passado e deixaram impregnado o espaço temporal com a sua demanda e fé que os impulsionou. Agora mais facilmente entendemos aquela energia que brota da terra e nos envolve quando caminhamos ou pedalamos pelos seus trilhos e que tudo nos fazem vencer.
O Caminho de Santiago Francês é extenso e por isso requer uma grande organização, resiliência e força de vontade. Como praticantes de Yoga dizemos que quando precisamos o Mestre aparece na forma de uma pessoa, livro ou natureza, se o desejarmos honestamente. Neste aprendemos que na vida por vezes temos que continuar e não olhar para o que fizemos de errado no passado porque só temos controle sobre o presente.
A viagem terminou e regressamos de carro a Portugal, para contentamento da nossa bicicleta que descansou no cimo do tejadilho e dizia adeus com a pequena bandeira portuguesa, que prendemos ao suporte traseiro e nos acompanha sempre nestas peregrinações. Temos a esclarecer que durante o caminho peregrinos de outras nacionalidades confundiram a mesma com a mexicana em virtude de terem algumas semelhanças nas cores.
Pelo caminho muitas vezes para aliviar o cansaço ouvíamos música no nosso telemóvel e por vezes selecionamos o artista belga, Art Sullivan, por cantar em francês e nos fazer lembrar a nossa juventude. Ele já não se encontra entre nós, nós também havemos de partir, mas cada vez se fecha mais o círculo da nossa aprendizagem e um dia estaremos prontos para conhecer o Apóstolo Santiago.
Créditos e Fontes pesquisadas
Texto: Ondas da Serra com exceção do que está em itálico e devidamente referenciado.
Fotos: Ondas da Serra, com exceção das que estão devidamente referenciadas.
1 - spain.info/pt_BR/caminho-de-santiago/caminho-frances-santiago/
2 - seg-social.pt/pedido-cartao-europeu-seguro-doenca
3 - wilder.pt/historias/abutre-preto-esta-ganhar-novos-territorios-norte-peninsula-iberica/
4 - caminodesantiago.gal/pt/descubra/origens-e-evolucao/dos-primeiros-peregrinos-a-attualidade
5 - caminodesantiago.gal/pt/planifique/os-itinerarios/caminho-frances
6 - santiagodecompostelainfo.com/2017/10/23/etapa3docaminho/
7 - Placa informativa colocada junto à "Puente de Irotz", pelo "Gobierno de Navarra"
8 - villava.es/puente-de-la-trinidad-arre/
9 - Placa informativa colocada junto à Puente de la Magdalena - Zubia, pelo Turismo de Pamplona
10 - pamplona.es/turismo/portaldefrancia
11 - buencamino.com.br/2021/10/26/conheca-o-alto-do-perdao-donde-se-cruza-el-camino-del-viento-con-el-de-las-estrellas/
12 - spain.info/pt_BR/lugares-interesse/igreja-santiago-mayor-puente-reina/
13 - Placa informativa colocada junto à "Iglesia de Santiago - Puente la Reina"
14 - Placa informativa colocada junto à ponte romana, "Puente la Reina"
15 - spain.info/pt_BR/lugares-interesse/igreja-santa-maria-arcos/
16 - estella-lizarra.com/iglesia-del-santo-sepulcro/
17 - estella-lizarra.com/iglesia-de-san-pedro-de-la-rua/
18 - spain.info/pt_BR/lugares-interesse/igreja-santo-sepulcro-torres-rio/
19 - spain.info/pt_BR/regiao/la-rioja-provincia/
20 - spain.info/pt_BR/destino/najera/
21 - lariojaturismo.com/lugar-de-interes/parque-de-la-grajera
22 - spain.info/pt_BR/descobrir-espanha/planos-vinho-vinicolas-rioja/
23 - spain.info/pt_BR/lugares-interesse/ruinas-hospital-san-juan-acre/
24 - terranostrum.es/turismo/monasterio-de-san-juan-de-ortega
25 - spain.info/pt_BR/lugares-interesse/igreja-santa-maria-belorado/
26 - archiburgos.es/parroquias/parroquia-san-martin-obispo-atapuerca/
27 - hontanas.es/lugares-de-interes/iglesia-parroquial-de-la-inmaculada-concepcion
28 - arteguias.com/convento/conventosanantoncastrojeriz.htm
29 - gronze.com/castilla-y-leon/burgos/ermita-san-nicolas-puente-fitero
30 - turomaquia.com/caracteristicas-de-uma-igreja-romanica-san-martin-de-fromista/
31 - spain.info/pt_BR/lugares-interesse/igreja-santa-maria-blanca/
32 - umbrasileironaespanha.wordpress.com/2013/01/08/carrion-de-los-condes-segunda-parte/
33 - spain.info/pt_BR/lugares-interesse/igreja-san-nicolas-obispo/
34 - monasteriosantacruz.com
35 - monasteriosantacruz.com/?page_id=80
36 - elviajerohistorico.wordpress.com/2018/07/21/el-campanario-de-bercianos/
37 - turismomansilladelasmulas.blogspot.com/2022/08/monumento-al-peregrino.html
38 - turismomansilladelasmulas.blogspot.com/2022/06/puerta-castillo.html
39 - Paínel informativo colocado junto do passadiço pela "Junta de Castilla y León"
40 - cadernobymiguel.com/2017/09/leao-visitar-antiga-capital-do-reino.html
41 - leonesatours.com/es/recomendaciones/14/puerta-moneda-y-muralla-medieval/
42 - spain.info/pt_BR/lugares-interesse/ponte-antiga-orbigo/
43 - Placa informativa colocada junto ao "La domus del Mosaico Del Oso Y Los Págaros" - Astorga, pela Junta de Castilla e León e Ayuamiento de Astorga
44 - umbrasileironaespanha.wordpress.com/2014/09/26/palacio-episcopal-de-gaudi-astorga/
45 - santiagodecompostelainfo.com/2016/09/14/castillodelospolvazares_maragatos/
46 - turismocastillayleon.com/es/arte-cultura-patrimonio/monumentos/iglesias-ermitas/iglesia-parroquial-asuncion-64e9
47 - Placa informativa colocada junto ao Monastery benedictino de San Salvador del Monte Irago
48 - caminoways.com/cruz-de-ferro
49 - elcaminoconcorreos.com/pt/blog/o-caminho-frances-de-ponte-en-ponte
50 - espanafascinante.com/lugares/mejores-escapadas-alrededores-segovia/
51 - vivecamino.com/en/villafranca-del-bierzo/castillo-marqueses-villafranca-3609/
52 - artsandculture.google.com/story/IAVR7zltwKA6Jg?hl=pt
53 - caminodesantiago.gal/pt/descubra/origens-e-evolucao/dos-primeiros-peregrinos-a-attualidade
54 - spain.info/pt_BR/lugares-interesse/mosteiro-samos/
55 - Placa informativa colocada junto ao Rio Oribo - Junta da Galicia e Concello de Samos
56 - Placa informativa colocada junto à Ponte da Àspera - Sarria Concello
57 - galiciamaxica.eu/galicia/puente-ponte-da-aspera/
58 - Placa informativa colocada junto à ponde moderna sobre o rio Minho em Portmarín
59 - Placa informativa colocada junto à Escalinata a Capela das Neves, pela Junta da Galicia e Concello de Portmarín
60 - Placa informativa colocada junto à Igrexa de Castromaior, pela Junta da Galicia e Concello de Portmarín
61 - paxinasgalegas.es/fiestas/capilla-de-la-magdalena-arzua-18046.html
62 - turismo.gal/recurso/-/detalle/3818/capela-xeral-de-animas
63 - anawanke.com/2020/11/11/as-marias/
64 - france-voyage.com/franca-turismo/saint-jean-pied-port-655.htm
65 - tripadvisor.com/LocationPhotoDirectLink-g7684063-d17727106-i470778934-Iglesia_Santisima_Trinidad-Arre_Navarra.html
66 - spain.info/pt_BR/lugares-interesse/catedral-burgos/
67 - spain.info/pt_BR/lugares-interesse/catedral-leon/
68 - santiagoturismo.com/monumentos/mercado-de-abastos
Bibliografia consultada
20 - Camino de Santiago Saint-Jean-Pied-de-Porto > Santiago de Compostela | Partner, M. T. (2020). Camino de Santiago Saint-Jean-Pied-de-Porto > Santiago de Compostela (6th ed.). 2020 - Dresssée par Michelin Travel Partner.