PR1 - Caminhos de Montemuro até Aldeia de Noninha Casa na Aldeia de Noninha - Alvarenga - Arouca Ondas da Serra
quarta, 13 março 2019 09:40

PR1 - Caminhos de Montemuro até Aldeia de Noninha

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Ondas da Serra regressou ao local onde nasceu, percorrendo o PR1 - Caminhos de Montemuro em Alvarenga. Não nos cansamos de trilhar os seus caminhos, respirar os seus ares e escutar os seus silêncios, por vezes distraídos pelos chocalhos das vacas, cabras e ovelhas que já vão rareando. No sopé destas montanhas brotou a Aldeia de Noninha, muito bonita, rural, com um vale por onde corre um ribeiro que nos prende o olhar, com caminhos milenares e gentes calorosas que nos fazem regressar.   

Percurso Pedestre PR1 - Caminhos de Montemuro - Alvarenga - Arouca 1

PR 1 - Caminhos de Montemuro - Alvarenga - Arouca

"Por estas sendas, passará pelo ponto mais alto de todo o território do Arouca Geopark – o Marco Geodésico da Pedra Posta. As paisagens são de cortar a respiração, do princípio ao final do percurso. A Serra de Montemuro parece estar já ali, as aldeias por onde passamos (que continuam vivas) e a vista sobre a freguesia de Alvarenga, a partir do santuário da Senhora do Monte (local de partida e chegada), são apenas alguns (bons) motivos para pôr os pés ao caminho." 1

Ficha Técnica do PR1 - Caminhos de Montemuro - Alvarenga - Arouca 1

  • Ponto de partida/partida: Santuário da Senhora do Monte - Alvarenga;
  • Distância: 19,00 km;
  • Grau dificuldade: Médio/Alto;
  • Duração: 6 a 8 h;
  • Altitudes: Sr.ª do Monte (829 m)> Pedra Posta (1222 m)> Carvalhalva (700 m)> Sr.ª do Monte (829 m);
  • Época aconselhada: Todo o ano deve-se ter em atenção que no Inverno, a Serra Montemuro fica sujeita a baixas temperaturas com queda de neve e formação de gelo, por vezes de imprevisto.

Pontos de interesse do PR1 "Caminhos de Montemuro" - Alvarenga - Arouca

Vista paisagística da  Aldeia de Bustelo e Aldeia de Noninha - Serra de Montemuro

  • Santuário de Nossa Senhora do Monte;
  • Vista sobre a freguesia de Alvarenga a partir do Santuário Nª Srª do Monte;
  • Geossítios: G39 – Marco Geodésico
  • Capela de São Pedro do Campo;
  • Marco Geodésico de Pedra Posta;
  • Aldeias de Noninha;
  • Aldeia de Bustelo.

Geossítio: G39 - Marco Geodésico da Pedra Posta - Serra de Montemuro - Alvarenga - Arouca

Geossítio: G39 - Marco Geodésico da Pedra Posta - Serra de Montemuro - Alvarenga - Arouca

No topo desta serra, junto ao parque eólico, passará pelo ponto mais elevado do território do Arouca Geopark – o Marco Geodésico da Pedra Posta, que indica a altitude de 1136 metros acima do nível do mar. Se o dia estiver de bons humores poderá olhar em redor para as belas paisagens profundas e observar as aldeias em miniatura de Bustelo, Noninha e Alvarenga. 

PR1 – Caminhos de Montemuro começa junto do santuário de Nossa Senhora do Monte

O percurso que fizemos foi o PR1 – Caminhos de Montemuro, com cerca de 19 Km, que começa junto ao santuário de Nossa Senhora do Monte em Alvarenga. Aqui o visitante tem uma visão magnífica das povoações que brotaram do vale, Alvarenga, Bustelo e Noninha. O horizonte é pontilhado pelas cristas das serras a perder de vista, só casualmente é permitido ao sol vigiar pelas frestas das nuvens.

O percurso é longo e difícil devido à maior parte dos caminhos serem em cascalho, só melhora no topo da serra, nas imediações da Capela de Nª Senhora do Campo e parque eólico.

Se for cedo e tiver sorte poderá encontrar rebanhos de animais e alguns dos últimos pastores.

Aldeia de Noninha - Alvarenga - Arouca

Aldeia de Noninha - Alvarenga - Arouca

Quando começar a descer uma das encostas da Serra de Montemuro irá encontrar no fundo do vale a aldeia de Noninha, por onde corre descansadamente um ribeiro que rega os campos verdejantes e outrora fazia mover as pás dos moinhos de rodízio.  

Agricultor da aldeia de Noninha - Alvarenga - Arouca

Abel Costa - Agricultor da aldeia de Noninha - Alvarenga - Arouca

Estávamos nós nesta aldeia, sentados na beira de um muro, a contemplar estes campos verdejantes e ribeiro que corria defronte, quando surgiu um simpático homem, com a sua enxada ao ombro, que ficou surpreso por nos ver e depressa se entabulou uma agradável conversa. Este homem de nome Abel Costa, com 48 anos, aqui casou, com um casal de filhos e três netos. Trabalha no Porto de onde regressa aos fins-de-semana para ajudar a esposa na agricultura e criação de gado da raça Arouquesa.

Quando este homem nos encontrou ia cortar a ceia do gado, composta por feno, erva, ração e água, depois ia levá-las para os currais. Quisemos saber se não existia por ali algum estabelecimento de comidas e bebidas, disse que não, mas convidou-nos para sua casa, reforçando aquele fado da Amália, “E se à porta humildemente bate alguém, Senta-se à mesa com a gente”, aqui fizemos mais uns amigos.

Este percurso está bem assinalado, contudo nos meses de maior calor está muito exposto porque tem poucas árvores, só encontra algum fraco arvoredo no começo junto ao santuário e nas margens do rio que passa em Noninha. Aconselhamos fazer este trilho na Primavera, depois da mudança da hora, porque é muito extenso e difícil. Deverá levar umas boas botas de caminhada e bastões porque a maior parte do piso é muito difícil.

Santuário da Nossa Senhora do Monte

Santuário da Nossa Senhora do Monte - Serra de Montemuro - Alvarenga - Arouca

No final do percurso regressamos ao santuário da Nossa Senhora do Monte onde vimos um magnífico pôr-do-sol e quisemos congelar o tempo, esse rio interminável que flui do passado para o futuro e que nem os físicos se entendam se é possível navegar nele em várias direções.  

Já a noite tinha coberto com o seu manto toda a serra, mas ainda fomos a tempo de provarmos num restaurante em Alvarenga a posta a Arouquesa.

Antes de acabar temos um pedido a fazer aos clubes e associações que organizam caminhadas, BTT e trails. Nós pedimos que no final retirem os plásticos de sinalização, encontramos espalhados pela serra que visitamos uns vermelhos, era fácil para nós identificar a associação que os deixou espalhados, mas não é o nosso objetivo, depois o vento e o tempo acabam por os destruir e aumentar este tipo de poluição. Quem organiza estes eventos deve gostar da natureza, então para terem coerência não a conspurquem.

Gado bovino de raça Arouquesa2

Gado bovino de raça Arouquesa

Esta é uma terra muito bonita por onde as vacas de raça Arouquesa andam sozinhas pelos matos e caminhos ancestrais, o que não deixa de colocar uma certa inquietude aos citadinos menos habituados, mas não tenha medo que são animais pacíficos desde que não sejam atormentados e respeitado o seu espaço vital. Uma prova que até nós amantes da fotografia podemos por vezes colocar-nos em perigo foi quando ao chegar à aldeia de Noninha, vimos ao fundo uma quinta composta por casebres xistosos, uma vaca da raça Arouquesa.

Nós aproximamo-nos devagar para satisfazer o desejo de obter o melhor enquadramento. A dada altura o animal mugiu chateado, a sua linguagem corporal ficou tensa, paramos e tiramos a foto. No final ao olharmos para a nossa direita, num plano mais elevado ficamos surpreendidos por ver outro animal desta raça, tinha parado de ruminar e olhava-nos intrigado a poucos metros. Apesar dos perigos, a foto escolhida para representar este artigo saiu deste encontro imediato.  

"No que concerne à criação de gado de raça Arouquesa, a nível geográfico esta raça distribui-se por quatro distritos - nomeadamente Aveiro, Porto, Viseu e Braga e por vinte e dois concelhos - entre estes Amarante, Arouca, Baião, Castro Daire, Castelo de Paiva, Cinfães, Marco de Canaveses, São Pedro do Sul, Sever do Vouga e Vale de Cambra (Associação Nacional dos Criadores da Raça Arouquesa, 2005). Segundo a Associação Nacional dos Criadores da Raça Arouquesa (2005), esta raça recebeu a Denominação de Origem Protegida em 1994, tendo em 1998 a gestão da marca Carne Arouquesa DOP sido atribuída à Associação Nacional dos Criadores da Raça Arouquesa (ANCRA).", em Pinho, P. M. (2015)

História da evolução do gado bovino de raça Arouquesa2

"A Associação Nacional dos Criadores da Raça Arouquesa (2005) refere que, segundo alguns autores, a origem desta raça arouquesa remonta ao período Celta, através do cruzamento dos bos tauros aquitânicos, bos taurus ibericus e bos taurus atlanticus, que poderá ter dado origem ao bos primigenius. Esta teoria é reforçada pelo facto da raça arouquesa ter origem mestiça, partilhando alguns traços com a raça mirandesa, barrosã, galega e minhota, raças que se encontram a vários quilómetros de distância do território da raça arouquesa.", em Pinho, P. M. (2015)

Características morfológicas do gado bovino de raça Arouquesa2

"A Associação Nacional dos Criadores da Raça Arouquesa (2005) define a raça Arouquesa como sendo animais de pequeno porte, mas de corpulência mediana, com um temperamento dócil, mas enérgico. Estas características fazem da raça arouquesa o animal ideal para habitar em zonas serranas, repletas de formações rochosas, auxiliando ainda as populações locais nos seus labores, dado as características do terreno não permitirem a introdução de maquinaria.

Trata-se de uma raça rústica, capaz de enfrentar o clima agreste das zonas serranas, alimentando-se de vegetação pouco nutritiva que se encontra na sua área de criação. Para as populações locais este animal assume-se como uma força de trabalho, e de alimento através da sua carne e leite (Associação Nacional dos Criadores da Raça Arouquesa, 2005)." , em Pinho, P. M. (2015)

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Créditos e Fontes pesquisadas

Texto: Ondas da Serra com exceção do que está em itálico e devidamente referenciado.
Fotos: Ondas da Serra.
1 - aroucageopark.pt
2 - Pinho, P. M. (2015). O papel dinamizador do turismo no espaço rural: o caso das aldeias da Felgueira e do Trebilhadouro [Doctoral dissertation, Universidade de Aveiro]. Repositório Institucional da Universidade de Aveiro.

Vídeo do trilho PR1 - Caminhos de Montemuro - Alvarenga - Arouca

Galeria de fotos do PR1 "Caminhos de Montemuro" - Alvarenga - Arouca

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Autor

Ondas da Serra

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